Questão 59052

A crítica à racionalidade instrumental iluminista pelos pensadores da Escola de Frankfurt levou à constatação do desencantamento do mundo e redundou no desaparecimento do sujeito autônomo. Na modernidade, o esclarecimento se converteu no “ triunfo da igualdade repressiva, na medida em que a cultura contemporânea confere a tudo um ar de semelhança”, segundo Adorno e Horkheimer.

Com relação a essa crítica da razão iluminista, analise as afirmativas a seguir.
I. A racionalidade iluminista derrubou o controle mítico religioso sobre a natureza e a sociedade, mas passou a dominá las e controlá las por meio da ciência e da técnica.
II. A racionalidade instrumental anula a reflexão em detrimento da ação voltada para a mercantilização, devendo ser substituída por uma razão crítica.
III. Adorno e Horkheimer recusam a noção liberal de progresso substituindo a pela de consciência de classe como motor transformador da história.
Assinale:

A

Se apenas a afirmativa I estiver correta.

B

Se apenas a afirmativa II estiver correta.

C

Se apenas a afirmativa III estiver correta.

D

Se apenas a afirmativa I e II estiverem corretas.

E

Se todas as afirmativas estiverem corretas.

Gabarito:

Se apenas a afirmativa I e II estiverem corretas.



Resolução:

d) Correta. Se apenas a afirmativa I e II estiverem corretas.

 

I. Verdadeira - A racionalidade iluminista derrubou o controle mítico religioso sobre a natureza e a sociedade, mas passou a dominá las e controlá las por meio da ciência e da técnica.
Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer enfocam as consequências do Iluminismo do século XVIII e criticam o movimento, já que este estimulou o desenvolvimento da razão instrumental e dominadora sobre a natureza predominante na sociedade contemporânea. Eles também associam o Iluminismo ao capitalismo, à autopreservação e à repressão, e, assim, a ciência deixa de ser uma forma de acesso aos conhecimentos verdadeiros para se transformar em um instrumento de dominação, poder e exploração, sustentada pela ideologia cientificista, que, por meio da escola e dos meios de comunicação de massa, engendra uma mitologia, a Religião da Ciência.

II. Verdadeira - A racionalidade instrumental anula a reflexão em detrimento da ação voltada para a mercantilização, devendo ser substituída por uma razão crítica.
A noção de racionalidade instrumental está relacionada à razão subjetiva — distinta da razão objetiva, que norteia-se por verdades universais. A razão subjetiva expressa o que não é absoluto, condicionado por outros fatores, como, por exemplo, fatores econômicos, sociais, políticos e materiais. A razão subjetiva se volta aos meios, a fim de adequar os meios para atingir os fins. A razão instrumental, portanto, é o planejamento dos meios com o intuito de se atingir determinado fim, o interesse próprio, ou seja, o critério da razão instrumental é a sua utilidade. De acordo com esses autores, na sociedade burguesa, predomina-se a razão instrumental, voltada para a mercantilização, para a instrumentalização da natureza e do homem, transformando-os em objetos, com o fim de garantir a própria preservação.

III. Falsa - Adorno e Horkheimer recusam a noção liberal de progresso substituindo a pela de consciência de classe como motor transformador da história.
Embora marxista, Adorno era crítico à essa noção de Marx, que expressava ainda uma fé no progresso, como em Hegel. Marx não percebera as regressões da sociedade, como no período das duas guerras mundiais e dos fascismos e totalitarismos do mundo contemporâneo. Logo, a teoria do progresso desses filósofos não podem imergir a partir de tais doutrinas, como a liberal e a marxista, diante das catástrofes do século XX. A concepção dos filósofos buscam garantir a emancipação universal e o progresso, garantindo aos indivíduos, tanto quanto aos objetos, a liberdade para exercerem os seus direitos; para isso, o progresso precisa retirar-se do encantamento de si mesmo, de uma fé em si mesmo, da desmitologização de sua ideia.



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

Ver questão

Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

Ver questão

Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

Ver questão

Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

Ver questão