Questão 61670

(UENP) Sobre a relação entre senso comum e conhecimento científico, considere as afirmativas a seguir.

I. A Sociologia, como representante do conhecimento científico, permite a desnaturalização dos fenômenos sociais nas formas apresentadas pelo senso comum.

II. Enquanto o senso comum está submetido à experiência e às aparências, a validade do conhecimento científico está submetida aos dados, metodologicamente conquistados.

III. O preconceito racial é um exemplo de senso comum, cabendo às ciências sociais compreender seus mecanismos sociais de funcionamento.

IV. O senso comum é um elemento da cultura de uma sociedade e, portanto, não está acessível para a análise do conhecimento científico.

Assinale a alternativa correta.

A

Somente as afirmativas I e II são corretas.

B

Somente as afirmativas I e IV são corretas.

C

Somente as afirmativas III e IV são corretas.

D

Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

E

Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Gabarito:

Somente as afirmativas I, II e III são corretas.



Resolução:

I - Correta. As formas dos fenômenos sociais no senso comum são menos racionalizadas e mais intuitivas do que o conhecimento que a Sociologia consegue oferecer, visto que ela vale-se do método científico. 

II - Correta. O senso comum é um tipo de saber menos especializado que se comparado com o saber científico.

III - Correta. O preconceito origina-se devido ao desconhecimento de uma dada realidade e a falsa sensação de conhecê-la, porém, esse conhecimento origina-se de experiências e aparências que, na grande maioria das vezes, não se confirma ou apresentam uma complexidade maior. 

IV - Incorreta. O senso comum é constantemente submetido à análise do conhecimento científico para fins de avaliar se o senso comum está de acordo com o conhecimento científico.



Questão 14554

(Uenp 2010) Considere as alternativas abaixo e assinale a única que não pode ser considerada como causa do surgimento da filosofia na Grécia Clássica.

Ver questão

Questão 14555

(Uenp 2010)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Entrevista com Jean-Pierre Vernant

O francês Jean-Pierre Vernant é considerado o maior helenista vivo. Nome familiar aos estudantes de filosofia, o autor francês tem vários livros publicados em português, entre eles Universo, os Deuses, os Homens (Cia. das Letras), As Origens do Pensamento Grego (Bertrand Brasil), A Morte nos Olhos (Zahar), Mito e Sociedade na Grécia Antiga (José Olympio), Mito e Tragédia na Grécia Antiga (Perspectiva). Sai agora no Brasil outro volume fundamental, Entre Mito & Política, antologia de textos, uma espécie de "suma" de toda uma vida de pesquisador.
Nascido em 1914, Vernant participou ativamente da Resistência francesa e nunca abandonou sua vocação de militante. Fato que contrasta, em aparência, com o clichê do intelectual isolado em sua torre de marfim. Ao contrário, Vernant, que carrega a justa fama de ter colocado os estudos helênicos em outro nível, poderia lembrar que foi na Grécia antiga que o ser humano foi definido como animal político. No novo livro, ele trafega entre mito e política com dupla mão de direção: investigando o que há de político no mito e o que há de mítico na política. Tudo muito atual, embora às vezes ele fale de fatos e gente de 2.500 anos atrás. Na verdade, Vernant olha o passado para melhor entender o presente.

A civilização da Grécia antiga é comumente sintetizada entre nós numa fórmula: o milagre grego. O sr. aceita isso?
Vernant - Absolutamente não! Essa ideia, expressa por Renan e amplamente retomada depois dele, segundo a qual a Grécia, e somente a Grécia, teria inventado a razão, o pensamento científico, a filosofia e todos os grandes valores universais, parece-me inaceitável. É verdade que, por volta do século 7.º antes de nossa era, houve um conjunto de fenômenos complexos. Em primeiro lugar, a passagem de uma civilização oral para uma cultura escrita e de uma palavra poética e profética - a de Homero e Hesíodo - para um discurso lógico e demonstrativo - o de Platão e Aristóteles. Ao mesmo tempo, o antigo sistema de governo, mantido por um rei ou por um grupo aristocrático, dá lugar à organização da cidade (polis), na qual todos os cidadãos podem discutir igualmente e concorrer à decisão coletiva. No seio desse duplo processo cultural e político, é impossível discernir onde está a causa e o efeito. Entretanto, o triunfo do logos na era clássica foi desfavorável aos gregos, cuja civilização não tem, portanto, nada de miraculosa: na realidade, não tentavam compreender o que contradiz a esse princípio lógico de identidade, particularmente os fenômenos exteriores, que não se prestam a demonstrações nem ao cálculo. É por isso que não existiu na realidade uma física grega, por causa da ausência da experimentação e da aplicação do cálculo à realidade.

O surgimento e a afirmação do discurso lógico não deveriam levar ao desaparecimento do mito?

Vernant - Mythos significa apenas relato, narração, embora, entre os gregos, os termos mythos e logos não se oponham entre si. Essa palavra serve hoje para designar, na história do pensamento grego, uma tradição transmitida oralmente e que não se insere na ordem do racional. Observe que os mythoi (mitos) não são um apanágio dos gregos. Nossa ciência atual está repleta de mithos: por acaso o big-bang original de nossos cientistas seria muito diferente do chaos (caos) evocado por Hesíodo, esse camponês da Beócia do século 8.º antes de Cristo? As narrativas da origem transmitidas pelos mitos continuam inteiramente atuais na Grécia clássica, porque respondem a desafios relacionados com a identidade: o grego sabe de onde é porque conhece de cor todas essas histórias. Além disso, essas narrativas transmitem modos de ser e de comportar-se.
Em Homero, aprende-se a trabalhar, a navegar, a fazer a guerra e a morrer - afirmava Platão. A tradição mitológica define assim um estilo exemplar de existência, nos planos moral e estético, que para os gregos se confundem.

A mitologia assim descrita exprime o essencial da religião grega?

Vernant - Não. Apenas em parte. Naturalmente, ela se refere a deuses aos quais devem ser rendidas honras, junto aos quais os humanos se sentem inferiores ao nada e cujo brilho divino não chega até os mortais porque estes não são dignos. Mas a religião está relacionada também com a prática, com rituais que acompanham e ordenam todos os gestos da existência. De fato, a religião está em toda a parte, no modo de comer, de entrar e sair, de se reunir na "agorá". Nada separa a esfera religiosa da esfera civil: o religioso é político, o político é religioso. Na vida coletiva, a irreligião é inconcebível.
O Estado de São Paulo, Caderno 2, 05/08/2001

De acordo com o texto, é correto afirmar:

Ver questão

Questão 14587

(UENP - 2011)

As discussões iniciais sobre Lógica foram organizadas por Aristóteles no texto conhecido como “Organon”, onde o filósofo sistematiza e problematiza algumas das afirmações que tinham sido feitas pelos pré-socráticos (Parmênides, Heráclito) e por Platão. Sobre a lógica aristotélica é incorreto afirmar:

Ver questão

Questão 14590

(Uenp 2010)

      Os bens têm sido divididos em três classes: alguns foram descritos como exteriores, e outros como relativos à alma ou ao corpo. Consideramos os bens que se relacionam com a alma como bens no mais próprio e verdadeiro sentido do termo, e como tais classificamos as ações e atividades psíquicas. Nosso parecer deve ser correto, pelo menos segundo essa antiga opinião, com a qual concordam muitos filósofos. Também é correto pelo fato de identificarmos o fim com certas ações e atividades, pois desse modo ele se inclui entre os bens da alma, e não entre os bens exteriores. Outra crença que se harmoniza com a nossa concepção é a de que o homem feliz vive bem e age bem, visto que definimos a felicidade como uma espécie de boa vida e boa ação. Além disso, todas as características que se costuma buscar na felicidade também parecem incluir-se na nossa definição. Com efeito, algumas pessoas identificam a felicidade com a virtude, outras com a sabedoria prática, outras com uma espécie de sabedoria filosófica, e outras, ainda, a identificam com tudo isso, ou uma delas, acompanhadas do prazer, ou sem que lhe falte o prazer, e finalmente outras incluem a prosperidade exterior.

Aristóteles, Ética a Nicômaco. Disponível em: http://filosofiauerj.files.wordpress.com/2007/05/etica-a-nicomaco-aristoteles.pdf, p.10.

Sobre a concepção Aristotélica de felicidade, assinale a alternativa correta.

Ver questão