Questão 61832

(UFRGS - 2015)

[1] Hoje os conhecimentos se estruturam de

modo fragmentado, separado,

compartimentado nas disciplinas. Essa

situação impede uma visão global, uma visão

[5] fundamental e uma visão complexa.

“Complexidade” vem da palavra latina

complexus , que significa a compreensão dos

elementos no seu conjunto.

As disciplinas costumam excluir tudo o que

[10] se encontra fora do seu campo de

especialização. A literatura, no entanto, é uma

área que se situa na inclusão de todas as

dimensões humanas. Nada do humano lhe é

estranho, estrangeiro.

[15] A literatura e o teatro são desenvolvidos

como meios de expressão, meios de

conhecimento, meios de compreensão da

complexidade humana. Assim, podemos ver o

primeiro modo de inclusão da literatura: a

[20] inclusão da complexidade humana. E vamos

ver ainda outras inclusões: a inclusão da

personalidade humana, a inclusão da

subjetividade humana e, também, muito

importante, a inclusão do estrangeiro, do

[25] marginalizado, do infeliz, de todos que

ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.

A inclusão da complexidade humana é

necessária porque recebemos uma visão

mutilada do humano. Essa visão, a de homo

[30] sapiens , é uma definição do homem pela

razão; de homo faber , do homem como

trabalhador; de homo economicus , movido

por lucros econômicos. Em resumo, trata-se

de uma visão prosaica, mutilada, que esquece

[35] o principal: a relação do sapiens/demens , da

razão com a demência, com a loucura.

Na literatura, encontra-se a inclusão dos

problemas humanos mais terríveis, coisas

insuportáveis que nela se tornam suportáveis.

[40] Harold Bloom escreve: “Todas as grandes

obras revelam a universalidade humana

através de destinos singulares, de situações

singulares, de épocas singulares”. É essa a

razão por que as obras-primas atravessam

[45] séculos, sociedades e nações.

Agora chegamos à parte mais humana da

inclusão: a inclusão do outro para a

compreensão humana. A compreensão nos

torna mais generosos com relação ao outro, e

[50] o criminoso não é unicamente mais visto

como criminoso, como o Raskolnikov de

Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.

A literatura, o teatro e o cinema são os

melhores meios de compreensão e de

[55] inclusão do outro. Mas a compreensão se

torna provisória, esquecemo-nos depois da

leitura, da peça e do filme. Então essa

compreensão é que deveria ser introduzida e

desenvolvida em nossa vida pessoal e social,

[60] porque serviria para melhorar as relações

humanas, para melhorar a vida social.

Adaptado de: MORIN, Edgar. A inclusão: verdade da literatura. In: RÖSING, Tânia et al. Edgar Morin: religando fronteiras. Passo Fundo: UPF, 2004. p.13-18

Na coluna da esquerda, estão palavras retiradas do texto; na da direita, descrições relacionadas à formação de palavras.

Associe corretamente a coluna da esquerda à da direita.

 

( ) complexidade (l. 06, 18, 20, 27)

( ) definição (l. 30)

( ) insuportáveis (l. 39)

( ) obras-primas (l. 44)

 

1- Constituída por composição através de justaposição.

2- Constituída por prefixo com sentido de negação e sufixo formador de adjetivos a partir de verbos.

3- Constituída por sufixo formador de substantivo a partir de adjetivo.

4- Constituída por sufixo formador de substantivo a partir de verbo.

5- Constituída por aglutinação, tendo em vista a mudança silábica de um dos elementos do vocábulo.

 

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

A

4 – 3 – 2 – 1.

B

3 – 4 – 2 – 5.

C

4 – 3 – 1 – 5.

D

3 – 4 – 2 – 1.

E

3 – 2 – 1 – 5.

Gabarito:

3 – 4 – 2 – 1.



Resolução:



Questão 1826

(UFRGS - 2016)

A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas.

O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e está em mudança contínua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua. O senso comum não se dá bem com a variação linguística e chega, muitas vezes, a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação.

Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo.

Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos.

Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguística?

Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. (Orgs.) Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.

 Assinale a alternativa que contém uma afirmação correta, de acordo com o sentido do texto

Ver questão

Questão 1827

(Ufrgs 2016)

A variação linguística é uma realidade que, embora razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, em geral, reações sociais muito negativas.

O senso comum tem escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e está em mudança contínua. Por isso, costuma folclorizar a variação regional; demoniza a variação social e tende a interpretar as mudanças como sinais de deterioração da língua. O senso comum não se dá bem com a variação linguística e chega, muitas vezes, a explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação.

Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver precisamente com o ensino de língua – um ensino que garanta o domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente identificadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as variedades escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas características no Brasil contemporâneo.

Parece claro hoje que o domínio dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas populares, parece que o que nos desafia é a construção de toda uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe uma adequada compreensão da heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos.

Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguística?

Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. (Orgs.) Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.

 

Considere as afirmações abaixo, sobre a construção de uma educação de qualidade.

I. Uma educação de qualidade deve, no que concerne à variação linguística, questionar as reações sociais advindas da percepção da língua como fenômeno homogêneo.

II. O desafio, para uma educação de qualidade, está em preparar a escola para combater a discriminação que tem origem nas diferenças entre as variedades linguísticas.

III. As variedades linguísticas próprias ao domínio da leitura, escrita e fala nos espaços públicos, que devem ser ensinadas pela escola, são as que não sofreram variações sociais.

Segundo o texto, quais estão corretas?

Ver questão

Questão 1865

(UFRGS - 2014)

Considere as seguintes ocorrências de artigo no texto.

O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? Soberania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei – 1as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, 6os homens eram 8desiguais, e a desigualdade era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que 2fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava privilégio – isto é, literalmente, 12“lei privada”, uma prerrogativa 13especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, 3pois havia sido 19ungido como 16o agente de Deus na terra. Durante todo 17o século XVIII, os filósofos do Iluminismo questionaram esses 9pressupostos, e os panfletistas profissionais conseguiram 14empanar 20a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destruidora do mundo, revolucionária. 7Seria ótimo se pudéssemos associar 18a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da Bastilha 24não se limitaram a destruir 21um símbolo do despotismo real. 4Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no assalto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na por 25Paris 22na ponta de uma lança. Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos 26novos tornaram-nos 15céticos quanto ao 10planejamento social. 27Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um 23prelúdio ao 11totalitarismo. Pode ser. Mas um excesso de visão 28histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se 29desintegraram, eles reagiram a uma necessidade imperiosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denúncia da tirania e da injustiça. 5Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade.

Adaptado de: DARNTON, Robert. O beijo de Lamourette. In: ____. O beijo de Lamourette: mídia, cultura e revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2010. p. 30-39.

 

I. O artigo definido na referência 16.

II. O artigo definido singular na referência 17.

III. O artigo definido na referência 18.

 

Quais poderiam ser omitidos, preservando a correção de seus contextos?

Ver questão

Questão 1866

(Ufrgs 2006) Considere as seguintes afirmações sobre referentes de segmentos do texto.

 

5Se escapar do 8bombardeio 1 ........ está sendo submetido, 11um achado divulgado 14anteontem por pesquisadores do Reino Unido poderá mudar a história da ocupação humana da América. Segundo eles, pegadas de pessoas descobertas no centro do México teriam 40 mil anos - 6embora os registros mais antigos de presença humana no continente não ultrapassem 2 ........ 13 mil anos.

A equipe, liderada pela 17geoarqueóloga mexicana Silvia González, achou os rastros na beira de um antigo lago assolado por chuvas de cinza vulcânica. Imagina-se que, 15depois de um desses episódios, um grupo de pessoas (entre as quais crianças, a julgar pelas dimensões das pegadas) teria caminhado sobre a cinza, deixando sua 9marca. Usando uma série de métodos diferentes, o grupo britânico datou fósseis de animais no mesmo nível da pegada, assim como sedimentos 19em volta da própria, chegando à data de por volta de 40 mil anos 16antes do presente. 22Hoje, o sítio arqueológico das Américas mais antigo cujas datas são aceitas pelos cientistas é Monte Verde, no extremo sul do Chile, com americanos cruzaram o estreito de Bering, vindos do extremo nordeste da Ásia, para chegar ao Novo Mundo. "Novas rotas de migração3 ........ expliquem a existência desses sítios mais antigos precisam ser consideradas. Nossos achados reforçam a teoria4 ........ 10esses primeiros colonos tenham vindo pela água, usando a rota da costa do Pacífico", disse González em comunicado. "Nunca se deve dar a conhecer um achado tão importante numa entrevista coletiva", critica o antropologo argentino Rolando González-José, do Centro Nacional Patagônico. 12O pesquisador já chegou a estudar os antigos mexicanos junto com a arqueóloga, 7mas teve "divergências inconciliáveis" com ela. 13"Uma data de 40 mil anos não necessariamente leva a modelos alternativos do povoamento, 23muito menos recorrendo a rotas transpacíficas", diz.

Adaptado de: LOPES, Reinaldo José. Folha de S. Paulo, 6 jul. 2005, p. A 16.

 

I - O substantivo BOMBARDEIO (ref. 8) refere-se às frequentes chuvas de cinza vulcânica que atingem o achado.

II - O substantivo MARCA (ref. 9) refere-se essencialmente a pegadas de crianças.

III - A expressão "esses primeiros colonos" (ref. 10) refere-se aos migrantes que deixaram suas pegadas no centro do México.

 

Quais estão corretas?

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