Questão 62723

(ENEM Digital 2020) 

(repartição)

os rituais estoicos do escritório, entre móveis sólidos, ásperos e numerosos módulos, e os funcionários, do rh ou contas a pagar, "boa tarde", "volte sempre", as tantas cobranças que o patrão reclama, avulsas, ouvindo a secretária soluçar, aplicada às duplicatas, enquanto convulsionamos números (necessário é discá-los todos), o monstro é um patrão eletrônico, ao invés de mãos, há troncos telefônicos; inaptos, se matando aos poucos estes homens que trabalham: um por um, inúteis, caminham na calma ao recinto sanitário, tomam pílulas diantes dos próprios rostos, projetados no mictório, findam em suicídios tão limpos quanto burocráticos; as máquinas permanecem a sós, sem ócio nem laços, sem tempo, apenas relógios, sem sonho ou delírio, apenas atrapalham, repetindo os mesmos sinos; apenas trabalham, trabalham: com ódio.

GUARNIERI, A. Suplemento Literário de Minas Gerais, n. 1 338, set.-out. 2011.

 

Ao correlacionar o trabalho humano ao da máquina, o autor vale-se da disposição visual do texto para

A

expressar a ideia de desumanização e de perda de identidade. 

B

ironizar a realização de tarefas repetitivas e acríticas. 

C

realçar a falta de sentido de atividades burocráticas. 

D

sinalizar a alienação do funcionário de repartição. 

E

destacar a inutilidade do trabalhador moderno.

Gabarito:

expressar a ideia de desumanização e de perda de identidade. 



Resolução:

a) Correta. expressar a ideia de desumanização e de perda de identidade.
O texto busca fazer uma analogia da condição humana no contexto capitalista com a imagem de uma máquina, robotizado e mergulhado na rotina do trabalho, e, por isso, desumanizado e sem identidade, impessoal como uma máquina. Isso se dá pela construção de um texto massivo, direto, sem pontuações e marcações rítmicas.

 

b) Incorreta. ironizar a realização de tarefas repetitivas e acríticas.
Há uma certa ironia no texto acerca da realização de tarefas repetitivas e acríticas, porém não é o intuito principal deste; a abordagem deste tema vale-se para retratar a condição desumana e mecaniscista que o homem se encontra, como uma máquina.

c) Incorreta. realçar a falta de sentido de atividades burocráticas. 
Novamente, há sim uma dimensão da falta de sentido em atividades que demandam uma pura burocracia robótica, porém não é o intuito do texto relatar isso, mas aborda a ausência de sentido das atividades burocráticas no contexto da desumanização do ser humano na contemporaneidade.

d) Incorreta. sinalizar a alienação do funcionário de repartição.
Outra alternativa que enfoca um tema parcial do texto, pois há sim uma dimensão da alienação do funcionário de repartição, mas não é o intuito do texto relatar isso, porém traz essa questão como parte da desumanização do ser humano na contemporaneidade.

e) Incorreta. destacar a inutilidade do trabalhador moderno.
Não há intuito algum em destacar a inutilidade do trabalhador moderno, pois o seu trabalho não é tomado como inútil.



Questão 60886

(ENEM DIGITAL - 2020)

Num mundo como o nosso, por um lado marcado pela fluidez do espaço, as questões ligadas à circulação se tornam ainda mais relevantes e, com elas, a situação de um dos componentes mais emblemáticos dos territórios: seus limites. E é aí que surge um dos grandes paradoxos da geografia contemporânea: ao lado da fluidez globalizada aparecem também os fechamentos, as tentativas de controle da circulação de pessoas.

HAESBAERT, R. Da multiterritorialidade aos novos muros: paradoxos da desterritorialização contemporânea. Disponível em: www.posgeo.uff.br. Acesso em: 2 jan. 2013 (adaptado).

O texto aborda um paradoxo marcante do mundo contemporâneo, que consiste na oposição entre

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Questão 61300

(Enem digital 2020) 

Entenda a crise na Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram, em março de 2014, um acordo para tornar a República Autônoma parte da Rússia. O tratado foi assinado dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um referendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. A votação foi condenada por Kiev e pela comunidade internacional, que a considera ilegítima.

Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 28 out. 2014 (adaptado).

A justificativa para o acordo descrito fundamentava-se na ideia de 

 

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Questão 61407

(ENEM DIGITAL - 2020)

Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um.

HADOT, P. O que é a filosofia antiga?. São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado).

 

O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o)

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Questão 61972

(ENEM DIGITAL - 2020) 

 No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”, como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do mundo”.

SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.

Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade éticoreligiosa e esferas mundanas de ação.

Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como

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