Questão 65817

(ENEM PPL - 2020)

Autobiografia de José Saramago

Nasci numa família de camponeses sem terra, em Azinhaga, uma pequena povoação situada na província do Ribatejo, na margem direita do Rio Almonda, a uns cem quilômetros a nordeste de Lisboa. Meus pais chamavam-se José de Sousa e Maria da Piedade. José de Sousa teria sido também o meu nome se o funcionário do Registro Civil, por sua própria iniciativa, não lhe tivesse acrescentado a alcunha por que a família de meu pai era conhecida na aldeia: Saramago. (Cabe esclarecer que saramago é uma planta herbácea espontânea, cujas folhas, naqueles tempos, em épocas de carência, serviam como alimento na cozinha dos pobres.) Só aos sete anos, quando tive de apresentar na escola primária um documento de identificação, é que se veio a saber que o meu nome completo era José de Sousa Saramago… Não foi este, porém, o único problema de identidade com que fui fadado no berço. Embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal.

Disponível em: www.josesaramago.org. Acesso em: 7 dez. 2017 (adaptado).

 

No texto, o autor discute o poder que os documentos oficiais exercem sobre a vida das pessoas. Qual fato torna isso evidente?

A

A sua entrada na escola aos sete anos de idade.

B

A alusão a uma planta no nome da família.

C

O problema de identidade originado desde o berço.

D

A isenção da multa por falta de declaração do nascimento.

E

O seu nascimento em uma aldeia de camponeses.

Gabarito:

O problema de identidade originado desde o berço.



Resolução:

A questão demanda destacar qual situação que foi determinante para que um documento oficial determinasse a vida de José Saramago. Nota-se, então, que toda a problemática envolvendo seu nome derivou de um ato deliberado do escrivão de colocar o sobrenome do menino, logo após este ter nascido, como Saramago e de ter colocado a data de nascimento 2 dias após a que ele realmente nasceu. É preciso, portanto, analisar a alternativa que mais atende à ideia geral do texto, já que a maioria possui informações extraídas do excerto. Dito isso, vemos que:

A) INCORRETA: a sua entrada na escola não foi o momento determinante para que o sobrenome do menino Saramago fosse assim definido, mas, pelo contrário, foi por conta da entrada do menino na escola que ele e seus pais viram que no seu documento de identificação (feito após seu nascimento) estava com o sobrenome e a data de nascimento alterados.

B) INCORRETA: a alusão do nome Saramago não é o fator que determina que os documentos oficiais excerça seus papéis na vida das pessoas, mas, pelo contrário, foi colocado pelo autor a título de informação contextual para seus leitores. É apenas uma explicação da origem do nome Saramago.

C) CORRETA: toda a problemática que derivou este pequeno excerto da "Autobiogafia de José Saramago" vem do seguinte fato: o registro incorreto após o nascimento do menino Saramago. Ainda que só em momentos posteriores os pais e o próprio menino forem reconhecer que tanto o sobrenome quanto a data de nascimento estavam incorretos, o documento já exercia seu poder na vida da família logo após ser lavrado. Isso se demonstra no último parágrafo, porque a família só foi livrada de uma multa porque o documento tinha mais poder que a verdade, de que ficou registrado que o menino nasceu numa data posterior àquela que ele realmente nasceu.

D) INCORRETA: ainda que a isenção da multa tenha sido um evento que demonstrou o poder dos documentos oficiais, muito antes a certidão de nascimento do menino já evidenciava este poder. Foi a criação deste documento logo após José Saramago nascer que derivou todas estas problemáticas (na entrada da escola, na multa, etc.), e não estes fatos isolados que derivaram o poder que os documentos oficiais exercem.

E) INCORRETA: a questão do vilarejo, do qual seus habitantes denominavam o pai do menino nascido como "Saramago", não é determinante para que os documentos oficiais exerçam seu poder, mas foi determinante apenas para a escolha do escrivão que colocou este sobrenome no menino José Saramago.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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