(EsPCEX - 2021)
Texto I
Alimentação e Nutrição em tempos de pandemia: esclareçam suas dúvidas
Na quarentena, como eu tenho ido pouco ao supermercado, estou dando preferência aos alimentos industrializados, porque são mais práticos e fáceis de armazenar em casa, mas me disseram que eles fazem mal à saúde, isso é verdade?
Sim, é verdade. Esses produtos são bonitos, coloridos, têm aroma sedutor e sabores intensos ou mesmo “irresistíveis", porque as indústrias usam muitos e sofisticados flavorizantes, corantes, emulsificantes, edulcorantes, espessantes e outros aditivos que modificam os alimentos, porém são ricos em açúcares, óleos, gorduras, amidos refinados e outros, que em excesso fazem mal à nossa saúde. Esse exagero aumenta o risco de doenças como: obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, asma em adolescentes, inflamação da mucosa intestinal, alergias, depressão, alguns tipos de câncer e também aumentam a mortalidade por todas as causas. Por tudo isso, é bom avaliar se vale a pena fazer essa opção, que é atrativa, mas traz tantos malefícios à nossa saúde.
Fonte: www.saude.pa.gov.br/wp-content/uploads/2020/06/Alimentação-e-nutrição-em-Tempos-de-Pandemia.pdf. Acesso em 12 Mar
Texto II
Entrevista: Indústria tem maior culpa por epidemia de obesidade
Autor de livro sobre setor de alimentos nos Estados Unidos, Michael Moss diz que produtos são feitos com engenharia de precisão para serem irresistivelmente doces, salgados e gordurosos.
Carol Knoploch 19/07/2015
Quem é mais culpado pelo consumo de exagerado de sal, açúcar e gordura? A indústria de alimentos, o consumidor...?
Certamente há alguma responsabilidade de nossa parte enquanto consumidores. Mas essas são grandes empresas, com muitos recursos, e por isso coloco a maior parte da culpa neles. E não apenas por causa da epidemia de obesidade, mas também por causa da diabetes e de outras doenças ligadas aos alimentos que assolam o mundo. As empresas fazem seus produtos com engenharia de precisão para serem irresistivelmente doces, salgados e gordos. E usam o marketing, também preciso, para nos levar a não apenas gostar deles, mas a querer mais e mais. Fazem isso sabendo que pessoas se tornarão cada vez mais dependentes de seus produtos, mesmo tendo funcionários habilidosos e recursos para fazer versões verdadeiramente saudáveis de seus alimentos. Porém, para maximizar suas vendas, escolhem continuar a fazer os mesmos produtos. Não vejo a indústria de alimentos processados como má, ou como tendo a intenção de nos deixar muito acima do peso ou doentes. Ela faz o que todas as empresas querem fazer, que é ganhar o máximo de dinheiro possível vendendo mais produtos.
O que achou da recente determinação do governo dos EUA de banir a gordura trans nos alimentos?
Fantástica. Alguns anos atrás, o governo exigiu que as empresas revelassem que usavam gordura trans, e nos livramos de 85% dela. Mas a proibição me parece necessária para se conseguir o restante. E mesmo que isso não seja fácil ou barato (o custo estimado é de US$ 6 bilhões), se livrar das últimas gorduras trans vai economizar US$ 130 bilhões por ano em custos médicos.
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/industria-tem-maior-culpa-por-epidemia-de-obesidade-16834860 Acesso 12 Mar 21
Texto III
A indústria do alimento, do entretenimento e da obesidade
O documentário Muito Além do Peso mostra a realidade das crianças brasileiras que enfrentam o problema da obesidade: a discriminação que sofrem, a vontade de emagrecer, a sedução por parte da indústria alimentícia etc. Mostra a falta de opção por alimentos saudáveis e por uma vida saudável, devido aos ambientes sociais serem transformados pelos estímulos da indústria alimentícia.
Mostra também realidades assustadoras, como, por exemplo, que 56% dos bebês brasileiros tomam refrigerantes frequentemente antes do primeiro ano de vida – sendo que os refrigerantes contêm uma grande quantidade de açúcar, além de uma série de produtos químicos artificiais; coisas que fazem muito mal para a saúde e o desenvolvimento das crianças.
De acordo com os dados do documentário, 33,5% das crianças brasileiras sofrem de sobrepeso ou de obesidade, ou seja, 1/3 da população infantil tem sido transformada em potenciais doentes a caminho de doenças degenerativas que vêm minando a humanidade contemporânea. Nas palavras do médico endocrinologista, Amélio F. de Godoy Matos, chefe do Serviço de Metabologia IEDE: “A obesidade está relacionada com as maiores pandemias modernas (…) com o diabetes, que é uma pandemia moderna, e ela é a causa maior do diabetes tipo 2. Ela está relacionada com as doenças vasculares, que é uma outra pandemia – é a maior causa de mortalidade do mundo atual, e ela vem da obesidade, do excesso de peso. Ela está relacionada com a depressão, ela está relacionada com o estresse; ela está relacionada com alguns tipos de câncer. As grandes pandemias modernas têm na sua base um excesso de peso.”
Fonte: https://www.epochtimes.com.br/industria-alimento-entretenimento-obesidade/. Acesso 12 de Mar 21
Texto IV
Relatório culpa indústria alimentar por obesidade e desnutrição
Corinne Gretler e Naomi Kresge 28/01/2019
(Bloomberg) -- A Big Food, como são chamadas as grandes empresas multinacionais de alimentos e bebidas, são retratadas como a nova Big Tobacco, as maiores multinacionais da indústria do tabaco, em um relatório abrangente que liga a influência do setor a uma epidemia global de obesidade e também à desnutrição e à mudança climática.
A Comissão sobre Obesidade do periódico médico-científico The Lancet considera que um setor focado no crescimento é culpado por um sistema que empanturra as populações com calorias vazias, ao mesmo tempo em que usa indevidamente terras, energia e outros recursos [..].
Elaborado durante três anos, o relatório ecoou acusações feitas anteriormente a setores como tabaco, álcool, energia e armas de fogo, por usar influência política para moldar leis, políticas e diretrizes de saúde. O painel composto de 43 membros apontou as proezas do lobby das empresas de alimentos como uma explicação para recomendações nutricionais que às vezes são contrárias a evidências científicas [...]
A taxa global de obesidade quase triplicou nas últimas quatro décadas e mais de um terço dos adultos do mundo estão agora em uma faixa de peso que aumenta os riscos de doenças cardíacas, câncer e outros distúrbios, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Ao mesmo tempo, quase metade das crianças com menos de cinco anos não obtém nutrientes necessários -- principalmente em países de baixa e média renda -- mesmo com o aumento do peso médio [...]
O grupo pediu um acordo que exclua a indústria de alimentos e bebidas da elaboração de políticas, semelhante às convenções globais da OMS sobre o tabaco. E como a produção de alimentos é uma das que mais contribui para a mudança climática, US$ 5 trilhões em subsídios do governo dos EUA que atualmente são destinados a grandes empresas agrícolas e combustíveis fósseis devem ser direcionados para a agricultura e o transporte sustentáveis, segundo o relatório.
Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2019/01/28/relatorio-culpa-industria-alimentar-por-obesidade-e-desnutricao.htm. Acesso 12 Mar 21.
A partir da reflexão sobre a coletânea de textos de apoio e de seus conhecimentos gerais construa um texto dissertativo-argumentativo, em terceira pessoa de 25 (vinte e cinco) e 30 (trinta) linhas, considerando a seguinte temática:
“ A falta de educação alimentar é uma questão de imputar a culpa à indústria de alimentos ou é uma questão de conscientizar o consumidor?”
Gabarito:
Resolução:
O comando desta proposta apresenta duas chaves argumentativas e dá abertura para o desenvolvimento de ambas. Embora aborde um tema bastante concreto, o comando é reflexivo e levanta um questionamento social. Para entendê-lo melhor, é importante analisar os textos motivadores:
Texto I: Embora seja um texto mais explicativo, por discorrer sobre os efeitos dos alimentos ultraprocessados, a resposta tende a imputar a culpa ao consumidor - o qual deve fazer opções de compra, ponderando sobre os malefícios dos ingredientes mencionados. Além disso, a partir deste texto, conseguimos contextualizar em uma situação específica (à época, contemporânea). Ou seja, é um texto que nos convida a trazer o recorte temporal para a atualidade.
Texto II: Ainda que pondere sobre o fator da escolha do consumidor para a análise do problema, no que diz respeito ao consumi de alimentos que colaboram para a obesidade, Michael Moss explica os motivos pelos quais a indústria é a maior agente do problema. Nesse sentido, podemos refletir sobre o real poder de escolha dos consumidores - sobretudo, se fizermos recortes socioculturais. Podemos relacionar tal discussão, então, com alguns documentários que abordam o tema, bem como fazer uma correlação entre obesidade e malnutrição, incorporando repertórios da biologia, com um recorte social.
Texto III: Rico em dados estatísticos que podem ser parafraseados, este texto traz uma referência de documentário. Embora não possa ser usado como repertório sociocultural autoral, é possível usar os dados estatísticos como fundamentação de alguns argumentos, dependendo do recorte escolhido. O texto traz, também, algumas consequências tanto sociais quanto para a saúde do indivíduo - como o desencadeamento de outras doenças.
Texto IV: Em uma comparação com situações já existentes relacionadas às indústrias, este texto cita problemas de saúde advindos de alimentos industrializados e levanta a possibilidade de pensarmos sobre o motivo pelo qual há uma pandemia de obesidade. Com isso, é possível desenvolver uma argumentação pautada tanto no lobby das empresas quanto na acessibilidade de alimentos menos processados e, consequentemente, mais saudáveis.
Assim como os textos apresentam, é possível tecer uma argumentação pautada exclusivamente no poder de escolha do consumidor quanto no papel da indústria para o acesso necessário à real escolha. Além disso, é possível, também, desenvolver uma argumentação concessiva, ponderando algum dos posicionamentos.
(Espcex (Aman) 2016)
Leia o trecho do romance São Bernardo e dê o que se pede.
“(...)
O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.
(...)
Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem saber para quê! Comer e dormir como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs e sair correndo, procurando comida! E depois guardar comida para os filhos, para os netos, para muitas gerações. Que estupidez! Que porcaria! Não é bom vir o diabo e levar tudo?
(...)
Penso em Madalena com insistência. Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível recomeçarmos, aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige.
(...)
Foi este modo de vida que me inutilizou. Sou um aleijado. Devo ter um coração miúdo, lacunas no cérebro, nervos diferentes dos nervos dos outros homens. E um nariz enorme, uma boca enorme, dedos enormes.
(...)”
Quanto ao trecho lido, é correto afirmar que:
Ver questão
(EsPCEx - 2011)
Quando a intenção do emissor está voltada para a própria mensagem, quer na seleção e combinação das palavras, quer na estrutura da mensagem, com as mensagens carregadas de significados, temos a função de linguagem denominada
Ver questão
(EsPCEx - 2012)
Leia a estrofe que segue e assinale a alternativa correta, quanto às suas características.
“Visões, salmos e cânticos serenos
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...”
(EsPCEx - 2013)
Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem presente no trecho destacado:
" As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana"