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Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.
E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa,
Matinal e noturna, ativa... Nossa!
ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento).
Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)
registro social típico de variedades regionais.
variante particular presente na oralidade.
inovação lexical singularizante da linguagem literária.
marca de informalidade característica do texto literário.
traço linguístico exclusivo da linguagem poética
Gabarito:
inovação lexical singularizante da linguagem literária.
A) INCORRETA: não é um registro social típico, uma vez que essas regiões não falam que "fulano chovia", mas sim que o dia chovia. Utilizar esse recurso de verbos que não possuem sujeito e colocar sujeitos neles é algo estritamente literário.
B) INCORRETA: o uso de "maria" e "chuvosíssima" não é um recurso oral, até porque não se vê isso nas tradições orais das pessoas, mas sim na escrita.
C) CORRETA: pois vemos que no texto o uso das palavras "maria" e "chuvosíssima" é um recurso da língua em que os poetas criam novas palavras (ideia representada por "inovação lexical") ou reutilizam as palavras já existentes com sentidos diferentes. Esse recurso é uma forma de fazer com que a linguagem literária seja única/singular. Ou seja, criar novas palavras é algo único na linguagem literária.
D) INCORRETA: uma vez que estes dois termos não configuram marcas de informalidade. Além disso, a informalidade não é um traço característico de todos os textos literários, por isso é complicado colocar essa alternativa como correta dada sua natureza extremamente generalizante.
E) INCORRETA: porque restringe o traço linguístico apontado pelo enunciado como uma característica exclusiva da linguagem poética. Por essa definição, entendemos que só pode se o usar nomes para descrever fenômenos da natureza (como "maria" para representar a "chuva") em poesias, impossibilitando em qualquer outro caso. No entanto, isso é inverídico. Como essas obras são romance, não podemos restringir esse recurso somente à linguagem poética.
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Num mundo como o nosso, por um lado marcado pela fluidez do espaço, as questões ligadas à circulação se tornam ainda mais relevantes e, com elas, a situação de um dos componentes mais emblemáticos dos territórios: seus limites. E é aí que surge um dos grandes paradoxos da geografia contemporânea: ao lado da fluidez globalizada aparecem também os fechamentos, as tentativas de controle da circulação de pessoas.
HAESBAERT, R. Da multiterritorialidade aos novos muros: paradoxos da desterritorialização contemporânea. Disponível em: www.posgeo.uff.br. Acesso em: 2 jan. 2013 (adaptado).
O texto aborda um paradoxo marcante do mundo contemporâneo, que consiste na oposição entre
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Entenda a crise na Ucrânia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram, em março de 2014, um acordo para tornar a República Autônoma parte da Rússia. O tratado foi assinado dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um referendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. A votação foi condenada por Kiev e pela comunidade internacional, que a considera ilegítima.
Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 28 out. 2014 (adaptado).
A justificativa para o acordo descrito fundamentava-se na ideia de
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Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um.
HADOT, P. O que é a filosofia antiga?. São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado).
O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o)
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No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”, como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do mundo”.
SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.
Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade éticoreligiosa e esferas mundanas de ação.
Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como
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