Questão 70066

(UNICAMP - 2022 - 2ª fase)

Leia, a seguir, um excerto do roteiro e a sinopse do filme Saneamento Básico, o Filme (2007), com direção e roteiro de Jorge Furtado.

 

Texto 1 (Roteiro)

“CENA 21 - FÁBRICA

(...) JOAQUIM (lendo): O monstro da fossa, roteiro de Marina Marghera Figueiredo. Ah é?
MARINA: Com a colaboração de Joaquim Figueiredo.
JOAQUIM: Colaboração...
MARINA: Quem escreveu fui eu. Você só inventou a história.
JOAQUIM: Tá bom. (lendo) Nossa história começa numa pequena e tranquila comunidade ao pé de uma montanha. Uma brisa refrescante traz do vale o aroma das corticeiras em flor. (para de ler) Como é que você vai filmar isso?
MARINA: O quê?
JOAQUIM: O aroma das corticeiras em flor.
MARINA: Não vou filmar, quem vai filmar é o Fabrício.
JOAQUIM: E como o Fabrício vai filmar o aroma das corticeiras em flor?
MARINA: Isso é só um roteiro. A Marcela disse que tem que ter dez páginas, estou enrolando, só tenho três páginas prontas. Não gostou? Escreve você! (...)”

(Disponível em: http://www.casacinepoa.com.br/sites/default/files/saneam1.txt. Acessado em 21/06/2021.)

 

Texto 2 (Sinopse)

“Moradores de uma pequena vila se juntam para pleitear a construção de uma estação de tratamento de esgoto. Para conseguir o dinheiro, eles precisam fazer um filme de ficção.”

(Disponível em: https://globoplay.globo.com/saneamento-basico-o-filme/t/fcDXBmQBH1. Acessado em 21/06/2021.)

 

a) Considerando a função dos gêneros textuais roteiro cinematográfico (texto 1) e sinopse (texto 2), cite duas características que lhes são comuns e duas que os diferenciam.

b) O uso da metalinguagem torna humorística a cena 21 do roteiro. Selecione dois trechos e explique, a partir deles, como o humor é produzido. 

Gabarito:

Resolução:

a) Entre as características comuns às funções do roteiro cinematográfico e da sinopse, podemos citar o objeto desses gêneros – o cinema – e o fato de ambos contarem a história de uma determinada obra cinematográfica. Entre as diferenças, temos a forma como se contam essas histórias – no roteiro, são contadas na íntegra, mas, na sinopse, são breves e não revelam os desfechos da trama –, além do público para o qual os gêneros são direcionados – o roteiro destina-se à equipe de produção de um filme, enquanto a sinopse destina-se aos espectadores em geral.

b) O efeito de humor pode ser observado nos trechos “E como o Fabrício vai filmar o aroma das corticeiras em flor?” e “A Marcela disse que tem que ter dez páginas, estou enrolando, só tenho três páginas prontas”. O primeiro trecho mostra uma quebra de objetividade do roteiro, cujo conteúdo devem ser questões essenciais para a produção do filme (geralmente falas e ambientação), mas que é feito de maneira poética e sinestésica, desconsiderando o meio de produção posterior da obra final. Já no segundo trecho, podemos observar a falta de conhecimento do conteúdo real do roteiro, a história do filme, a qual não pode ser alongada com a inserção de falas irrelevantes para a produção, já que a história em si continuará sendo do mesmo tamanho.



Questão 2440

(Unicamp 2016)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

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Questão 2558

(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”  biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as  erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,  recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os  nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se  entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e  governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

 

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

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Questão 2559

(Unicamp 2016)

 

Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar

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Questão 2560

(Unicamp 2015)

 

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.

Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

 

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.

 

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.

 

 

Podemos afirmar que:

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