Questão 71855

(AFA - 2014)

SER DIFERENTE É NORMAL

Todo mundo tem seu jeito singular
de ser feliz, de viver e de enxergar
se os olhos são maiores ou são orientais
e daí, que diferença faz?

5Todo mundo tem que ser especial
em oportunidades, em direitos, coisa e tal
seja branco, preto, verde, azul ou lilás
e daí, que diferença faz?

10Já pensou, tudo sempre igual?
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
Já pensou, sempre tão igual?
Tá na hora de ir em frente:
15ser diferente é normal!

Todo mundo tem seu jeito singular
de crescer, aparecer e se manifestar
se o peso na balança é de uns quilinhos a mais
20e daí, que diferença faz?

Todo mundo tem que ser especial
em seu sorriso, sua fé e no seu visual
se curte tatuagens ou pinturas naturais
25e daí, que diferença faz?

Já pensou, tudo sempre igual?
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
já pensou, sempre tão igual?
30Tá na hora de ir em frente:
Ser diferente é normal!

(Adilson Xavier/ Vinícius Castro)

A musicalidade de um texto é resultado da utilização de vários recursos. Assinale a alternativa que analisa corretamente os recursos que foram empregados para garantir a musicalidade do texto:

A

O texto possui uma métrica regular, tendo em vista que apresenta apenas versos octossílabos e alexandrinos.

B

O locutor explora a rima no final dos versos, mas também a rima encadeada

C

As rimas da primeira estrofe, quanto à qualidade, classificam-se como preciosas.

D

Quanto à disposição, as rimas do estribilho classificam-se como emparelhadas.

Gabarito:

O locutor explora a rima no final dos versos, mas também a rima encadeada



Resolução:

A) INCORRETA: a métrica desse poema não é regular, pois, tomando como base a primeira estrofe, já é possível perceber que os versos modificam de tamanho entre si, o que impede-nos de afirmar que sejam alexandrinos e octassílabos também. Veja:

To / do / mun / do / tem / seu / jei / to / sin / gu / lar (11 sílabas - Hendecassílabo)
de / ser / fe / liz, / de / vi / ver / e / de en / xer / gar (11 sílabas - Hendecassílabo)
se os / o / lhos / são / ma / io / res / ou / são / o / ri / en / tais (13 sílabas - Verso Bárbaro)
e / da / í, / que / di / fe / ren / ça / faz? (9 sílabas - Eneassílabo)

B) CORRETA: podemos ver que há de fato rimas no fim dos versos, mas também rimas encadeadas, ou seja, palavras no fim do verso que rimam com palavras que estão no interior do verso seguinte. Essa recorrência pode ser vista no estribilho (refrão) desse poema, em que a palavra no fim do penúltimo verso rima com a palavra que está no interior do último verso da estrofe. Veja:

Já pensou, tudo sempre igual?
Ser mais do mesmo o tempo todo não é tão legal
já pensou, sempre tão igual?
30Tá na hora de ir em frente:
Ser diferente é normal!

C) INCORRETA: não são rimas preciosas na primeira estrofe, porque as rimas preciosas são rimas artificiais, ou seja, formam a partir da combinação de palavras distintas de classe, mas com aproximação fonética. Nesse caso, no entanto, as rimas não foram feitas por combinação, mas apenas uma palavra rimou com a outra.

D) INCORRETA: por estribilho entendemos como o refrão de uma música ou de uma poesia, ou seja, a estrofe que vai sempre repetir (no caso desse poema, a estrofe nº 3). Agora, não podemos dizer que se trata de uma rima emparelhada pela seguinte razão: para a rima ser emparelhada, o fim do primeiro verso rima com o fim do segundo verso, enquanto o fim do terceiro verso rima com o fim do quarto. De fato, nesse "refrão", o fim do primeiro verso rima com o fim do segundo, mas o fim do terceiro verso, por outro lado, rima com o fim do quinto verso, e não do quarto.



Questão 2230

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.

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Questão 2245

(AFA - 2016)

TEXTO II
FAVELÁRIO NACIONAL

 Carlos Drummond de Andrade

Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te
conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.

Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...

(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984)

Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu-lírico. Porém, há uma opção em que não se verifica esse fato. Assinale-a.

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Questão 2250

(AFA - 2015)

MULHER BOAZINHA

(Martha Medeiros)

     Qual o elogio que uma mulher adora receber1?
     2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
     Diga que ela é uma mulher inteligente3 , 4e ela irá com a sua cara.
     Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.
     Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
     5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
     7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um avião no mundo dos negócios.
      Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.
     Agora 9quer ver o mundo cair 10?
     Diga que ela é muito boazinha.
     Descreva aí uma mulher boazinha.
     Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
     Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
     Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
     11Nunca teve um chilique.
      12Nunca colocou os pés num show de rock.
     É queridinha.
     Pequeninha.
     Educadinha.
     13Enfim, uma mulher boazinha.
     Fomos boazinhas por séculos.
     Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
     Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de panelinhas e nenezinhos.
     A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
     Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
     15Quietinhas, mas inquietas.
     16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
     Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
     Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
     Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
      Pitchulinha é coisa de retardada.
     Quem gosta de diminutivos, definha.
     Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
     17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
     As boazinhas não têm defeitos.
     Não têm atitude.
     Conformam-se com a coadjuvância.
     PH neutro.
     Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
     Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.
     Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
     As “inhas” não moram mais aqui.
     Foram para o espaço, sozinhas.

(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)

 

Leia os fragmentos abaixo:

Quietinhas, mas inquietas. (ref.15)
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. (ref.17)

I. O grau superlativo absoluto sintético foi utilizado para estabelecer a diferença entre as mulheres boas e as boazinhas.

II. O paradoxo foi utilizado no primeiro fragmento para ressaltar a complexidade do comportamento feminino por meio da coexistência de aspectos opostos.

III. Ambos os fragmentos apresentam como recursos expressivos o jogo com palavras cognatas e o uso da adversidade.

Estão corretas as alternativas:

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Questão 2251

(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada. 

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