(UFU - 2020 - 1ª FASE) Leia o Texto 1, recorte de uma reportagem publicada em Comunica UFU, e o Texto 2, excerto da obra O Príncipe, de Maquiavel (1469–1527).
Texto 1 “Muitas cidades brasileiras sofrem com problemas de inundação em períodos de chuvas intensas e no território uberlandense não é diferente. Isso acontece em decorrência da impermeabilização de grandes áreas, da canalização de córregos e da retirada de vegetação natural.”
Disponível em: comunica.ufu.br/notícia. Acesso em: 22. jan. 2020.
Texto 2 “Comparo-a a um desses rios impetuosos que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores, os edifícios, arrastam montes de terra de um lugar para outro: tudo foge diante dele, tudo cede ao seu ímpeto [...] não é menos verdade que os homens, quando volta a calma, podem fazer reparos e barragens, de modo que, em outra cheia, aqueles rios correrão por um canal e o seu ímpeto não será tão livre nem tão danoso”
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Coleção Os Pensadores. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 107.
Assinale a alternativa que apresenta a temática que correlaciona os dois textos.
Falta de sorte dos habitantes, por residirem em cidades construídas em áreas de vazantes de rios e de riachos.
Falta de virtù dos governantes que são incapazes de agir corretamente para evitar as constantes enchentes.
Falta de informações geográficas sobre clima, hidrografia e planejamento urbano, o que resulta em enchentes.
Falta de fortuna, no sentido maquiaveliano, ou seja, falta de recursos financeiros para prevenir enchentes.
Gabarito:
Falta de virtù dos governantes que são incapazes de agir corretamente para evitar as constantes enchentes.
b) Correta. Falta de virtù dos governantes que são incapazes de agir corretamente para evitar as constantes enchentes.
O conceito de virtude — ou melhor, virtú — não está ligado ao seu conceito tradicional, ligado à moral, à ética e ao bem, mas ao conceito de técnica, habilidade; nesse sentido, virtú é melhor entendida como uma determinada capacidade, uma habilidade que o princípe deve ter. E esse capacidade é a de dominar a fortuna. Fortuna, aqui, pode ser entendida como o acaso, o que é meramente contingencial. Isto é, a virtude é a capacidade do princípe em controlar o acaso. Maquiavel, como um pensador pragmatista, adequa a sua filosofia à realidade como ela se apresenta, sem idealidades. Nesse sentido, a virtude é a habilidade do princípe em se adequar às circunstâncias como estas se apresentam, sem apresentar idealidades éticas, morais ou de poder, a fim de estabelecer o seu poder a partir das circunstâncias.
Relacionando com o primeiro texto, logo, a partir da interpretação evocada pelo vestibular, percebe-se a falta de capacidade, isto é, de virtú dos governantes em agir com prudência para evitar as enchentes, isto é, a fortuna.
a) Incorreta. Falta de sorte dos habitantes, por residirem em cidades construídas em áreas de vazantes de rios e de riachos.
Se há falta de sorte dos habitantes, isto é, o acaso, a fortuna, Maquiavel designa que a virtú é agir para evitá-la.
c) Incorreta. Falta de informações geográficas sobre clima, hidrografia e planejamento urbano, o que resulta em enchentes.
Não há falta de informações e tampouco isso se relaciona com a teoria de Maquiavel.
d) Incorreta. Falta de fortuna, no sentido maquiaveliano, ou seja, falta de recursos financeiros para prevenir enchentes.
A fortuna maquiavélica não é no sentido material e econômico, mas representa a ideia do acaso.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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