(UFU - 2020 - 1ª FASE) Em um artigo fundamental para os estudos de O cortiço, o crítico Álvaro Lins definiu nos seguintes termos a questão do protagonismo da narrativa:
“Na verdade, o principal personagem neste romance nem é João Romão, nem Bertoleza, nem Miranda, nem Rita. O principal personagem é o cortiço, [...] é a cidade do Rio de Janeiro numa das fases mais particulares e mais características da sua formação histórica.”
LINS, Álvaro. Apud. FRANCHETTI, Paulo, “Leituras de O cortiço (notas para um público estrangeiro”. Revista Brasileira de Literatura Comparada. v. 13, n. 18, 2011, p. 89.
Ainda assim, o romance de Aluísio de Azevedo apresenta uma grande variedade de personagens, o que condiz com o objetivo de investigar a vida em coletividade.
Sobre a relação do espaço do cortiço com os personagens que habitam nele ou em seu entorno, assinale a alternativa correta.
O imigrante português João Romão funda e gerencia o cortiço central da narrativa. Mas, para ascender socialmente, Romão precisará apagar suas ligações com o local, considerado sórdido demais, promovendo, assim, um incêndio que destrói o cortiço antigo e lhe possibilita construir novas moradias de aspecto mais respeitável.
Antigos moradores do centro da cidade, Miranda e sua esposa Estela, habitam um belo sobrado nas imediações onde é construído o cortiço – para desespero de ambos. No entanto, ao fim da obra, dada sua decadência econômica, os Miranda se aliam a Romão, por meio do casamento entre sua filha Zulmira e o dono do cortiço.
Jerônimo e Piedade são um casal de portugueses muito trabalhadores que vão morar no cortiço, quando ele se emprega na pedreira de João Romão. No entanto, o ambiente de ócio e de dissolução moral os contamina. Jerônimo inicia um romance ardente com Rita Baiana, torna-se um vadio e abandona a esposa, que afunda no alcoolismo.
O espaço restrito do cortiço, onde vários espaços privativos (como sanitários e lavanderias) são compartilhados, favorece uma intimidade extrema entre os moradores, gerando muito da ação que movimenta o enredo, exemplo maior era a existência do cabaré de Leónie numa das casas do cortiço, onde ocorre grande parte do enredo.
Gabarito:
Jerônimo e Piedade são um casal de portugueses muito trabalhadores que vão morar no cortiço, quando ele se emprega na pedreira de João Romão. No entanto, o ambiente de ócio e de dissolução moral os contamina. Jerônimo inicia um romance ardente com Rita Baiana, torna-se um vadio e abandona a esposa, que afunda no alcoolismo.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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