Questão 73470

(UFU - 2021 - 1ª FASE) “De fato, os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores [...] Ora, quem experimenta uma sensação de dúvida e de admiração reconhece que não sabe [...] de modo que, se os homens filosofaram para libertar-se da ignorância, é evidente que buscavam o conhecimento unicamente em vista do saber e não por alguma utilidade prática”.

ARISTÓTELES. Metafísica, v. I. São Paulo: Edições Loyola, 2002. pp. 12-13.

De acordo com o texto, para Aristóteles, é correto afirmar que

A

a libertação da ignorância ocorre imediatamente após a admiração como uma súbita iluminação.

B

as pessoas filosofaram por causa da admiração e porque buscavam algum tipo de utilidade.

C

a busca do conhecimento e do saber tem relação com a fé e não com a admiração e a ignorância.

D

a admiração é o reconhecimento da própria ignorância e ambos são princípios da Filosofia.

Gabarito:

a admiração é o reconhecimento da própria ignorância e ambos são princípios da Filosofia.



Resolução:

d) Correta. a admiração é o reconhecimento da própria ignorância e ambos são princípios da Filosofia.
A admiração ou espanto é necessária para o ato filosófico, pois, por meio dela, o indivíduo toma conhecimento da própria ignorância e se estranha com a realidade, levando-o a querer conhecê-la. O espanto representa a experiência diante do desconhecido, do que não se entende, e da posterior vontade de entender/conhecer. Desde Platão e Aristóteles, a filosofia se construiu como uma atividade essencialmente teórica, por seu caráter teorético, e, por isso, a partir da admiração. O termo teoria vem justamente do grego θεωρία, theoria, que significa 'contemplação', 'reflexão', 'introspecção'. A atividade teorética, distintiguida por Aristóteles, é o ato de contemplar a realidade sem fins práticos para apenas conhecê-la e descrevê-la. O próprio sentido de teoria se estabeleceu a partir da filosofia.

 

a) Incorreta. a libertação da ignorância ocorre imediatamente após a admiração como uma súbita iluminação.
Não há uma súbita iluminação, porém a libertação da ignorância, para Aristóteles, ocorre por uma admiração que se dá a partir do reconhecimento gradual da própria ignorância.

b) Incorreta. as pessoas filosofaram por causa da admiração e porque buscavam algum tipo de utilidade.
Aristóteles critica essa concepção utilitarista e busca fundar uma atividade contemplativa com o fim em si mesma.

c) Incorreta. a busca do conhecimento e do saber tem relação com a fé e não com a admiração e a ignorância.
Para Aristóteles, a busca do conhecimento e do saber tem relação com a admiração e a ignorância e não com a fé.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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