Questão 73473

(UFU - 2021 - 1ª FASE) “Até agora se supôs que todo nosso conhecimento tinha que se regular pelos objetos; porém todas as tentativas de, mediante conceitos, estabelecer algo a priori sobre os objetos, através do que o nosso conhecimento seria ampliado, fracassaram sob esta pressuposição. Por isso, tente-se ver uma vez se não progredimos melhor nas tarefas da Metafísica, admitindo que os objetos têm de se regular pelo nosso conhecimento, o que assim já concorda melhor com a requerida possibilidade de um conhecimento a priori que deve estabelecer algo sobre os objetos antes de nos serem dados”.

Kant, Immanuel. Crítica da razão pura. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 14.

De acordo com o texto acima, Kant admite que

A

nossos conhecimentos são regulados pelos objetos da experiência.

B

são os objetos que devem ser regulados pelo nosso conhecimento.

C

não se pode atribuir nada a priori antes de os objetos nos serem dados.

D

progredimos na Metafísica, aceitando que o conhecer é impossível.

Gabarito:

são os objetos que devem ser regulados pelo nosso conhecimento.



Resolução:

b) Correta. são os objetos que devem ser regulados pelo nosso conhecimento.
Kant, influenciado pela revolução copernicana, compreende que a forma está no sujeito. Kant irá modificar o ponto de vista da investigação da mesma maneira que fez Copérnico e, em vez de observar o objeto através do que a experiência sensível expõe, considerar a possibilidade de a faculdade mesma de conhecer constituir a priori o objeto – Copérnico fez algo similar quando, em vez de calcular o movimento dos corpos celestes através dos dados da experiência sensível (o suposto movimento do sol, etc.), calculou este movimento através da suposição de que o próprio observador (o homem sobre a Terra) se movia. Este a priori que Kant formula se encontra nas formas da sensibilidade, nas categorias do entendimento e no esquematismo, isto é, na sua filosofia transcendental, ou na sua filosofia sobre as condições de possibilidade do próprio conhecimento.

 

a) Incorreta. nossos conhecimentos são regulados pelos objetos da experiência.
Kant não segue essa concepção de natureza objetiva, cujo conhecimento é norteado pelas categorias do objeto.

c) Incorreta. não se pode atribuir nada a priori antes de os objetos nos serem dados.
Kant estabelece categorias do conhecimento a priori para determinar o conhecimento sensível, como as categorias de espaço e tempo.

d) Incorreta. progredimos na Metafísica, aceitando que o conhecer é impossível.
Kant estabelece que a metafísica situa-se no campo do desconhecido e busca estabelecer os limites do conhecimento.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

Ver questão

Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

Ver questão

Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

Ver questão

Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

Ver questão