(UFU - 2021 - 1ª FASE) “Como poderia algo nascer de seu oposto? Por exemplo, a verdade do erro? Ou a vontade de verdade, da vontade de engano? Ou a ação não-egoísta, do egoísmo? [...] Tal gênese é impossível: quem sonha com ela é um parvo, e mesmo pior que isso: as coisas de supremo valor têm de ter uma outra origem, uma origem própria – desse mundo perecível, aliciante, enganoso, mesquinho, desse emaranhado de ilusão e apetite é impossível deduzi-las? Pelo contrário, é no seio do ser, no imperecível, no Deus escondido, na ‘coisa em si’ – é ali que tem de estar seu fundamento, ou em nenhuma outra parte! Esse modo de julgar constitui o típico preconceito pelo qual se reconhecem os metafísicos de todos os tempos. [...]”
NIETZSCHE, Friedrich. Para além do bem e do mal. Coleção Os Pensadores. Tradução: Rubens. R. T. Filho. São Paulo: Nova Cultural, p. 303. (Adaptado)
Conforme o texto nietzschiano, é correto afirmar, EXCETO, que
o Deus escondido e a coisa em si são, para os metafísicos, alguns dos fundamentos da moral.
sua filosofia questiona toda moral cujos fundamentos tenham origem própria, como Deus.
a moral, proposta pelos metafísicos, nasce, por exemplo, do mundo perecível e mesquinho.
os metafísicos acreditam que a origem da moral tem de estar no ser ou na coisa em si mesma.
Gabarito:
a moral, proposta pelos metafísicos, nasce, por exemplo, do mundo perecível e mesquinho.
c) Incorreta. a moral, proposta pelos metafísicos, nasce, por exemplo, do mundo perecível e mesquinho.
As noções de Nietzsche buscam desconstruir e criticar toda a tradição platônica e o cristianismo, que, segundo ele, se fundamentam em concepções metafísicas sobre a realidade que anulavam a vida terrena. Segundo Nietzsche, o ser humano possui uma força motriz que o move e o define, e essa força é a vontade de poder ou potência, que busca reafirmar a terra e as coisas terrenas, sem qualquer esperança para além do mundo terreno. Portanto, reafirma tanto a morte quanto a vida, tanto a alegria quanto o sofrimento, sem estabelecer juízos morais sobre isso. Nesse sentido, o super-homem de Nietzsche é um contraponto a uma outra figura, o homem decadente, adoecido pelas noções cristãs sobre uma esperança supraterrena e pelo ressentimento. Para ele, o cristianismo representa uma moral do rebanho, um tipo de estrutura moral que reafirma os valores dominantes de uma sociedade de maneira irrefletida.
a) Incorreta. o Deus escondido e a coisa em si são, para os metafísicos, alguns dos fundamentos da moral.
São elementos da filosofia de Kant, racionalista por natureza, e embasam a moral metafísica criticada por Nietzsche.
b) Incorreta. sua filosofia questiona toda moral cujos fundamentos tenham origem própria, como Deus.
Essa é a base da moralidade cristã, criticada por Nietzsche.
d) Incorreta. os metafísicos acreditam que a origem da moral tem de estar no ser ou na coisa em si mesma.
A moral metafísica desloca o seu sentido para uma realidade fora do mundo, como a moral platônica e cristã.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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