(UFU - 2021 - MEDICINA)
“Meti-me, então, a explicar-lhe que supunha ser sábio, mas não o era. A consequência foi tornar-me odiado dele e de muitos dos circunstantes. Ao retirar-me, ia concluindo de mim para comigo: ‘Mais sábio do que esse homem eu sou; é bem provável que nenhum de nós saiba nada de bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber”.
PLATÃO, Defesa de Sócrates, v. II. São Paulo: Abril Cultural, 1972, p. 15. Apud ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H.P. Filosofando. São Paulo, Moderna: 2009.
A partir do trecho, é correto afirmar que a sabedoria de Sócrates consiste em
reconhecer a própria ignorância e ver nisso uma grande virtude.
recusar-se a reconhecer a sabedoria alheia por pura vaidade.
atribuir valor ao conhecimento dos sábios sem lhes fazer críticas.
acreditar que ele e os outros são conhecedores de importantes verdades.
Gabarito:
reconhecer a própria ignorância e ver nisso uma grande virtude.
a) Correta. reconhecer a própria ignorância e ver nisso uma grande virtude.
Sócrates criticava justamente os sofistas por se considerarem sábios, ao invés de compreenderem a própria ignorância; ele provava as contradições de suas noções por meio dos diálogos e da ironia. O reconhecimento da ignorância move o ser humano para o saber, pois este é uma necessidade natural para ele; compreender que não sabe algo é um motor para a busca do conhecimento, porém, quando se desconhece a própria ignorância, fica-se confortável no pseudo-saber. A máxima “sei que nada sei” é intrínseca à filosofia porque o reconhecimento da dúvida e da ignorância é o ponto de partida para a aquisição do conhecimento. Essa célebre frase que afirmava uma suposta ignorância radical das coisas era um método irônico que levava os seus interlocutores a dizerem as próprias ideias, numa autoafirmação de um suposto conhecimento, o qual, por meio do questionamento, Sócrates demonstrava ser falso e contraditório.
b) Incorreta. recusar-se a reconhecer a sabedoria alheia por pura vaidade.
Sócrates não consagra a sabedoria alheia, mas a verdade como finalidade última da sabedoria.
c) Incorreta. atribuir valor ao conhecimento dos sábios sem lhes fazer críticas.
Sócrates não apoia o criticismo, mas a crítica contra a opinião baseada em crenças.
d) Incorreta. acreditar que ele e os outros são conhecedores de importantes verdades.
Sócrates, ao contrário, reafirma a própria ignorância.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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