Questão 73596

(UFU - 2021 - 1ª fase) “O conceito de interseccionalidade foi cunhado por Kimberlé Crenshaw no final da década de 80 dentro dos marcos da luta feminista, mas, ao mesmo tempo, num contexto de crítica às noções homogeneizantes desta luta (CRENSHAW, 1989). Em princípio, sua formulação surge apoiada nas dimensões de raça e de gênero, no contexto da violência contra mulheres de cor (utilizando o conceito da autora). Nesse momento, cresciam as análises das contradições entre políticas de identidade e políticas de justiça social nos EUA, ao mesmo tempo em que se criticava o silêncio sobre as diferenças internas dentro de grupos de sujeitos. Um silêncio que excluía as mulheres negras do feminismo; um feminismo que, em sua origem, sempre considerou apenas a vida e as experiências das mulheres brancas.”

DE MORAES, Eunice L. & DA SILVA, Lucia I. C. Feminismo Negro e a Interseccionalidade de Gênero, Raça e Classe. Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, Rio de Janeiro, vol. 7, nº 13, 2017.

A partir do conceito de interseccionalidade apresentado no texto, é correto afirmar que o movimento feminista negro se pauta

A

pela luta contra o patriarcalismo e as múltiplas formas de desigualdade nas sociedades escravocratas.

B

pela busca da justiça social e por uma sociedade fundada no sexismo.

C

pelo estabelecimento de condições igualitárias entre as mulheres, independentemente das distinções de classe.

D

pelo reconhecimento dos efeitos da desigualdade de gênero sobre a mulher negra.

Gabarito:

pelo reconhecimento dos efeitos da desigualdade de gênero sobre a mulher negra.



Resolução:

d) Correta. pelo reconhecimento dos efeitos da desigualdade de gênero sobre a mulher negra.
A interseccionalidade no movimento feminista aponta para a importância de discutir outras diferenciações dentro do movimento para além da esfera de gênero, como raça e condição socioeconômica. Nesse sentido, o feminismo negro busca evidneciar a importância da questão racial no feminismo, apontando para a necessidade de se reconhecer os efeitos da desigualdade de gênero sobre a mulher negra.

 

a) Incorreta. pela luta contra o patriarcalismo e as múltiplas formas de desigualdade nas sociedades escravocratas.
Essa luta contra as múltiplas formas de desigualdade nas sociedades escravocratas fez parte de movimentos mais antigos, além disso o texto não enfoca fundamentalmente a luta contra o patriarcalismo, mas as questões de desigualdade dentro do próprio feminismo.

b) Incorreta. pela busca da justiça social e por uma sociedade fundada no sexismo.
O movimento feminista não se apoia no sexismo.

c) Incorreta. pelo estabelecimento de condições igualitárias entre as mulheres, independentemente das distinções de classe.
O feminismo negro não foca no estabelecimento de condições igualitárias entre as mulheres, independentemente das distinções de classe, mas na questão racial.



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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