Questão 73650

(UFU - 2021 - MEDICINA) Abaixo está colocado um trecho situado na Cena V do Segundo Ato da peça teatral O noviço, escrita por Martins Pena, em que se veem vários personagens centrais da trama.

O NOVIÇO – Ato Segundo - Cena V (excerto)
[...]

AMBRÓSIO — Decerto! (À parte:) Quer fazer-me alguma.
FLORÊNCIA — Ai, vida da minha alma!
AMBRÓSIO, à parte — O patife é muito capaz...
CARLOS — Mas nós, os homens, somos tão falsos — assim dizem as mulheres —, que não admira que o tio...
AMBRÓSIO, interrompendo-o — Carlos, tratemos da promessa que te fiz.
CARLOS — É verdade; tratemos da promessa. (À parte:) Tem medo, que se pela!
AMBRÓSIO — Irei hoje mesmo ao convento falar ao D. Abade, e dir-lhe-ei que temos mudado de resolução a teu respeito. E de hoje em quinze dias, senhora, espero ver esta sala brilhantemente iluminada e cheia de alegres convidados para celebrarem o casamento de nosso sobrinho Carlos com minha cara enteada. (Aqui entra pelo fundo o mestre dos noviços, seguidos dos meirinhos e permanentes, encaminhando-se para a frente do teatro.)
CARLOS — Enquanto assim praticardes, tereis em mim um amigo.
EMÍLIA — Senhor, ainda que não possa explicar a razão de tão súbita mudança, aceito a felicidade que me propondes, sem raciocinar. Darei a minha mão a Carlos, não só para obedecer a minha mãe, como porque muito o amo.
CARLOS — Cara priminha, quem será capaz agora de arrancar-me de teus braços?
MESTRE, batendo-lhe no ombro — Estais preso. (Espanto dos que estão em cena)

PENA, Martins. O noviço. [s.l.]: Klik. p. 29-30. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000282.pdf. Acesso em: 15 jun. 2021.

Sobre o funcionamento do texto dramático, de que o excerto em análise é exemplar, assinale a alternativa que apresenta a afirmativa INCORRETA.

A

No texto dramático, a fala das personagens é cercada por informações sobre como a ação deve ser encenada. As marcas de encenação são necessárias, pois, sem essas, não entenderíamos a intenção dos personagens, por isso elas funcionam como um narrador teatral.

B

Ao longo do texto, vemos marcações como “interrompendo-o” ou “espanto dos que estão em cena”; esses elementos também são chamados de rubricas e constituem a parte do texto dramático que orienta a encenação, por isso não devem ser ditas pelos atores em cena.

C

O texto dramático tradicional costuma se organizar em atos e em cenas, entre os quais pode haver pausas curtas ou longas – o que, além de possibilitar mudanças de cenário e/ou de figurinos, por exemplo, também permite criar um ritmo de ação mais interessante.

D

A indicação de “à parte” propõe uma encenação em que o ator fala voltado à plateia, como se não fosse ouvido pelos demais atores em cena. O “à parte” também pode ser entendido como uma forma de quebra da quarta parede, quando os atores interagem com o público.

Gabarito:

No texto dramático, a fala das personagens é cercada por informações sobre como a ação deve ser encenada. As marcas de encenação são necessárias, pois, sem essas, não entenderíamos a intenção dos personagens, por isso elas funcionam como um narrador teatral.



Resolução:



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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