(UFU - 2021 - MEDICINA) A obra de Martins Pena foi uma das pioneiras em representar a malandragem carioca, fenômeno complexo, cuja figura central (o malandro) se coloca nas fronteiras entre o certo e o errado. Uma das teses elaboradas para explicar a malandragem associa seu surgimento à existência, sobretudo no Rio de Janeiro imperial, de muitos homens livres pobres, numa sociedade em que o trabalho braçal era reservado aos escravos
Pobre e indisponível para o trabalho duro, o malandro forjava estratagemas diversos para obter recursos que lhe permitissem a sobrevivência e mesmo, num golpe de sorte, galgar as posições dominantes da sociedade. Como ensina o ditado popular: “Malandro é o cavalo marinho, que finge que é peixe pra não puxar carroça”.
A partir dessas reflexões e do ditado popular referido, assinale a alternativa que associa corretamente as personagens de O noviço em sua relação com as ambivalências da malandragem.
Rosa vive de pequenos golpes, aos quais teve de recorrer após ter sido abandonada pelo marido desonesto. Malandra simpática, ela faz o público rir com sua astúcia, mas seu bom coração não lhe permite explorar os mais necessitados: rouba dos ricos só o suficiente para seguir levando sua modesta vida de trambiqueira.
Carlos é um malandro de bom caráter, suas espertezas são colocadas como travessuras de juventude, fáceis de perdoar, já que ele precisa sair do convento e assim obter recursos mínimos para se casar com Emília. Depois de casado, com acesso à herança da amada, ele sossega e se torna um respeitável pai de família.
Ambrósio é um malandro perverso, que usa sua lábia com as mulheres para conseguir um casamento vantajoso, aspirando se tornar um grande senhor, sem precisar pegar no pesado. Egoísta ao extremo, não se preocupa se suas artimanhas prejudicarão outras pessoas, desde que o resultado advenha em seu benefício.
José é o típico criado das comédias de costume, leal à família para a qual trabalha, vale-se de sua esperteza para elaborar várias trapaças que, no entanto, têm a boa intenção de desarmar o golpe do baú de que Florência foi vítima. Auxiliando Carlos, ele arma a maior parte do jogo de enganos que movimenta a trama.
Gabarito:
Ambrósio é um malandro perverso, que usa sua lábia com as mulheres para conseguir um casamento vantajoso, aspirando se tornar um grande senhor, sem precisar pegar no pesado. Egoísta ao extremo, não se preocupa se suas artimanhas prejudicarão outras pessoas, desde que o resultado advenha em seu benefício.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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