(UFU - 2021)
Análises atuais têm procurado definir os impactos das redes sociais sobre os regimes democráticos. O trecho da notícia abaixo se refere a esse tema.
“Embora ainda muita gente não saiba, o Facebook seleciona o que os usuários veem em seu mural. Um algoritmo filtra o que é mostrado para, em princípio, dar ao usuário apenas o que mais lhe agrada ver e não enchê-lo com informações que não lhe interessem tanto. A dúvida é se esse algoritmo que nos conhece tão bem está nos alimentando apenas com o que gostamos, criando uma bolha a nosso redor na qual não entra nada que desafie nosso modo de pensar. Para dissipar dúvidas, os cientistas sociais do Facebook publicaram, na quinta-feira, na revista Science, o primeiro estudo que analisa a influência dessa fórmula que manipula os murais: a bolha ideológica existe, mas é mais culpa dos próprios usuários do que da programação de Mark Zuckerberg. Depois de estudar mais de 10 milhões de usuários e sua interação com os links de notícias políticas, os cientistas do Facebook descobriram que a rede social é uma caixa de ressonância para nossas próprias ideias, com poucas janelas para o exterior.”
SALAS, Javier. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/06/tecnologia/1430934202_446201.html. Acesso em 07 jun. 2021.
A partir da discussão apresentada,
A) discorra sobre duas condições necessárias para a participação política em regimes democráticos.
B) explique como as “bolhas ideológicas” podem impactar os regimes democráticos.
Gabarito:
Resolução:
A) O texto busca trazer uma discussão sobre a forma idelógica seletiva do usuário de redes sociais quando navega em busca de informações. Como essa atitude é orientada pelos algoritmos que proporcionam conteúdos relacionados aos acessados pelos usuários, isso leva a um questionamento sobre o uso, a difusão e o consumo democráticos de informações pelas novas mídias sociais. Logo, para garantir um ambiente democrático que forneça as condições necessárias à manutenção da cidadania, é necessário o livre acesso à informação qualificada, científica, neutra e que não se submeta às fake news, prática que deve ser combatida, já que promove a distorção e a alienação ao manipular as escolhas dos usuários. Outra condição fundamental é a garantia da liberdade de expressão, a qual, acrescentada ao livre acesso à informação e a democratização do uso dos meios tecnológicos, possibilita aos jornalistas, pesquisadores da área da informação, cientistas políticos, dentre outros, a realização de suas funções segundo a diversidade de pontos de vista, com intuito de ampliar a compreensão da realidade.
B) As “bolhas ideológicas” trazem impactos para o exercício da democracia, já que podem limitar o debate de ideias e projetos políticos e proporcionar posições extremistas e polarizadas que promovem ações radicais por grupos políticos e cidadãos que flertam com o autoritarismo. Além disso, merece destaque, no assunto “bolhas ideológicas”, a formação de milícias digitais que são especialistas em promover a criação de uma “suspeita sistemática” sobre as instituições públicas (STF, Congresso Nacional, urna eletrônica, etc.), causando confusão junto à opinião pública a fim de favorecer os indivíduos que controlam essas bolhas, para promoverem seus interesses sem levarem conta as regras do “Estado democrático de direito”.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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