(UFU - 2021 - MEDICINA)
“No contexto das linhas metafísicas expostas, não será difícil captar o valor das cinco provas ou caminhos através dos quais Tomás alcança a única meta, Deus, no qual tudo se unifica e adquire luz e coerência. Para Tomás, Deus é o primeiro na ordem ontológica, mas não na ordem psicológica. Mesmo sendo o fundamento de tudo, Deus deve ser alcançado por caminhos a posteriori, isto é, partindo dos efeitos e do mundo.”
REALE, G. História da Filosofia. São Paulo: Paulus, volume I, 1990, p. 561.
A) Quais são as cinco vias para provar a existência de Deus em Tomás de Aquino?
B) Analise três dessas vias e demonstre por que essas provariam a existência de Deus, segundo Tomás de Aquino.
Gabarito:
Resolução:
a) As cinco vias da prova da existência de Deus: peloo movimento, pela causa eficiente, pelo possível e pelo necessário, pelos graus de perfeição e pelo governo do mundo.
b) Primeira via da prova da existência de Deus: movimento
A primeira via parte da ideia de movimento, a partir da consideração das coisas sensíveis em direção ao inteligível. O movimento consiste na passagem da potência ao ato, o que só pode ocorrer por meio de um ente em ato. Percebe-se que há algumas coisas que se movem no mundo, isto é, estão em mudança, logo há movimento no mundo. Porém, não se pode estar ao mesmo tempo em ato e em potência com relação a um mesmo aspecto; além disso, é impossível que algo mova a si mesmo, seja, ao mesmo tempo, motor e movido, pois a causa de seu movimento é dado por um outro. Mas isso não pode voltar infinitamente em causas sucessivas de movimento, pois haveria regresso ao infinito. Logo, é necessário um primeiro motor imóvel, como compreende Aristóteles. Segue-se assim que, por ele, entende-se Deus.
Segunda via da prova da existência de Deus: causa eficiente
A causa eficiente é a origem de algo; ela é observada também do mundo sensível, e, por este, observa-se uma ordem de causas eficientes. Todavia, vê-se que é impossível que algo seja a causa eficiente de si mesmo, pois, dessa forma, seria anterior a si mesmo. Da mesma forma que a primeira via, não se pode haver sucessivas causas eficientes até o infinito. Porém, se se anula a causa, anula-se também o efeito. Portanto, é necessário uma primeira causa eficiente, que entende-se por Deus.
Terceira via da prova da existência de Deus: possível e necessário
A terceira via envolve o possível e o necessário. Há algumas coisas que podem ser ou não, já que são passíveis de geração e corrupção. Mas não é possível que o que deixa de ser em algum momento tenha sido sempre, pois todo ser passível de geração e corrupção provém do não ser. Se todas as coisas são passíveis de corrupção, dessa forma houve um momento em que nada existia. Porém, o ser não pode provir do não ser, portanto, se nada havia, era impossível que algo viesse a existir. Logo, nem todos os entes devem ser possíveis, pois deve existir, ao menos, um necessário. Entes necessários podem ou não ter a causa de sua necessidade em outro, mas não pode se seguir por isso até o infinito, pois deve haver algo necessário por si mesmo e seja causa de necessidade para os outros. Isso entende-se por Deus.
Quarta via da prova da existência de Deus: grau de perfeição e ser
As coisas possuem graus de qualidades diversas acerca das coisas, em relação com aquilo que é o máximo para tal grau. Portanto, há um grau supremo para o verdadeiro, bom, nobre, o qual é causa dessas qualidades, como se explica no livro II da Metafísica. O que é causa de ser, de bondade e de toda a perfeição, em grau máximo, é entendido como Deus.
Quinta via da prova da existência de Deus: governo das coisas
A quinta via é o governo das coisas. Observa-se que corpos físicos buscam sempre ou quase sempre determinado fim, o que não decorre-se por acaso, mas por uma intenção. Aquilo que não possui conhecimento é direcionado por aquilo que é inteligente para um fim. Por isso, há algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas ao fim, que entende-se por Deus.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
Ver questão
(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
Ver questão
(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
Ver questão
(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
Ver questão