Questão 75541

(FGV - RJ 1º semestre 2021)

 

O NEGACIONISMO NO PODER

Até pouco tempo atrás, quando queríamos sustentar uma afirmação sem argumentar demais, bastava dizer: “É comprovado cientificamente.” Mas essa tática já não tem mais a mesma eficácia, pois a confiança na ciência está diminuindo. Vivemos hoje um clima de ceticismo generalizado, uma descrença [5] nas instituições que favorece a disseminação de negacionismos, encampados por governos com políticas escancaradamente anticientíficas. Algumas pesquisas confirmam a crise de confiança que atinge, ao mesmo tempo, a ciência e a política. O fenômeno da pós-verdade – esse momento que atravessamos no qual fatos objetivos têm menos influência na opinião pública [10] do que crenças pessoais – é um sintoma extremo dessa crise. Muita gente não enxerga que a ciência, assim como a política, existe para beneficiar a sociedade. E esse desencanto produz um terreno fértil para movimentos anticiência e teorias da conspiração (além de fomentar extremismos). A pós- verdade, assim, não designa apenas o uso oportunista da mentira (embora ele [15] seja frequente). O termo sinaliza, acima de tudo, um ceticismo quanto aos benefícios das verdades que costumavam compor um repertório comum, o que explica certo desprezo por evidências factuais usadas na argumentação científica. Diante disso, contradizer argumentos falsos exibindo fatos reais pode ter pouca relevância em uma discussão. Evidências e consensos [20] científicos têm sido facilmente contestados com base em convicções pessoais ou experiências vividas – como se percebe todos os dias nas redes sociais.

Tatiana Roque, Piauí, No. 161, fevereiro, 2020. Adaptado.

Segundo a autora do texto,

A

convicções pessoais deveriam impedir e não estimular a disseminação dos negacionismos nos meios científico e político.

B

a pós-verdade nada mais é do que uma versão moderna das teorias da conspiração.

C

os movimentos anticientíficos fomentam os extremismos e enfraquecem os governos.

D

a negação da ciência é mais prejudicial para a sociedade do que a rejeição da política.

E

a argumentação baseada em experiências vividas é usada por muitas pessoas para contestar a comprovação científica.

Gabarito:

a argumentação baseada em experiências vividas é usada por muitas pessoas para contestar a comprovação científica.



Resolução:

a) Convicções pessoais deveriam impedir e não estimular a disseminação dos negacionismos nos meios científico e político.
Esta afirmação vai contra o que a autora expressa no texto. A autora destaca que as convicções pessoais, quando prevalecem sobre evidências factuais, contribuem para o fenômeno da pós-verdade e para o enfraquecimento da confiança na ciência e na política. Portanto, as convicções pessoais estão relacionadas à disseminação do negacionismo, não à sua prevenção.

b) A pós-verdade nada mais é do que uma versão moderna das teorias da conspiração.
A autora não equipara diretamente a pós-verdade às teorias da conspiração. Ela menciona que a pós-verdade é um fenômeno que reflete um ceticismo em relação às verdades que anteriormente eram consideradas comuns, e que pode levar à desconsideração de evidências factuais. Embora as teorias da conspiração possam ser parte desse fenômeno, não são o único aspecto abordado.

c) Os movimentos anticientíficos fomentam os extremismos e enfraquecem os governos.
A autora menciona que os movimentos anticientíficos contribuem para a disseminação de negacionismos e teorias da conspiração, mas não menciona diretamente o enfraquecimento dos governos. Ela destaca a crise de confiança na ciência e na política, mas não faz uma relação direta com o enfraquecimento dos governos.

d) A negação da ciência é mais prejudicial para a sociedade do que a rejeição da política.
Não há uma comparação direta entre a negação da ciência e a rejeição da política no texto. A autora destaca que ambos os aspectos contribuem para o clima de ceticismo generalizado e para a disseminação de negacionismos, mas não faz uma comparação direta sobre qual é mais prejudicial.

e) A argumentação baseada em experiências vividas é usada por muitas pessoas para contestar a comprovação científica.
Esta afirmação está de acordo com o texto. A autora menciona que a pós-verdade é um fenômeno no qual fatos objetivos têm menos influência do que crenças pessoais e experiências vividas, o que contribui para a desconsideração de evidências científicas em debates públicos.



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

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Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

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Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

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Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

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