(AFA - 2014) Sr. José deseja guardar 4 bolas – uma azul, uma branca, uma vermelha e uma preta – em 4 caixas numeradas:
O número de maneiras de Sr. José guardar todas as 4 bolas de forma que uma mesma caixa NÃO contenha mais do que duas bolas, é igual a
Gabarito:
204
Resolução:
1. Para o caso em que só há uma bola por caixa:
4 possibilidades para a caixa 1, 3 possibilidades para a caixa 2 e assim sucessivamente dando 4.3.2.1 = 4! = 24 possibilidades.
2. Para o caso em que há só uma caixa com duas bolas:
Vamos primeiro colocar 2 bolas na caixa que pode ter duas bolas desse caso 2.
Imagine uma caixa qualquer. De quantas maneiras posso colocar 2 das quatro bolas disponíveis nessa caixa? Eu devo fazer uma escolha de 2 bolas dentro de 4 possíveis e a ordem das bolas não importa, logo, são C4,2 = 6 possibilidades. Então na caixa que possui duas bolas, temos 6 possibilidades diferentes de configurações. Como isso ocorre só para uma das caixas de um total de 4 caixas, então temos 4 possibilidades: essas 6 possibilidades na caixa I ou na caixa II ou em III ou em IV.
Então temos 6*4 = 24 possibilidades de posicionar duas bolas aleatórias em uma mesma caixa.
Para cada caso acima que eu escolher, eu tenho que posicionar ainda nas outras 3 caixas que restam, as 2 bolas restantes. Por exemplo, se eu escolhi colocar as 2 bolas na caixa I, então as outras duas bolas eu tenho que posicionar nas caixas II a IV. Nesse caso, para a primeira bola nós temos 3 possíveis caixas onde podemos colocar essa bola e para a segunda bola nós temos 2 possíveis caixas onde podemos colocar essa caixa, logo são 6 possibilidades.
Logo, para cada caso em que escolho uma caixa aleatoriamente para colocar duas bolas escolhidas das 4 disponíveis no início, eu tenho 6 possibilidades de posicionar as outras duas bolas nas outras 3 caixas. Repare que acabamos considerando a ordem que posicionamos as bolas nas caixas restantes.
Pelo Princípio Multiplicativo, temos que o número de possibilidades total é:
Possbilidades de posicionar 2 bolas aleatórias em uma das 4 caixas * Possibilidades de posicionar as outras 2 bolas restantes nas 3 caixas restantes = 24 * 6 = 144 possibilidades.
3. Para o caso em que há duas caixas com duas bolas:
Vamos definir quantas possíveis configurações podemos ter de duas caixas, das 4, com duas bolas: para o primeiro par de bolas temos 4 possíveis caixas e para o segundo par de bolas temos 3 possíveis caixas. Isto nos dá 4*3 = 12 possíveis configurações de caixas com duas bolas. Isto porque a ordem das caixas importa já que estão enumeradas.
Agora só nos resta saber quantos possíveis pares desses podemos formar. Nós vamos escolher 2 cores dentre 4 possíveis para formar um par. Como cada par desse formado, o outro par vai ser o que resta das 4 bolas, então o teríamos que dividir o total de combinações por dois. Para ilustrar isto entenda que a ordem dos pares não importa, ou seja, os pares {azul, branca} e {vermelha, preta} são iguais aos pares {vermelha, preta} e {azul, branca}. Como o número de combinações é C4,2 = 6, então o número de pares possíveis é 6/2 = 3. Veja isto:
Considerando as cores Azul como A, Branca como B, Vermelha como V e Preta como P, temos os pares conforme a combinação de 4 de 2 em 2
AB e VP
AV e BP
AP e BV
BV e AP
BP e AV
VP e AB
Mas veja que a partir do terceiro conjunto de pares acima a gente tem uma repetição de pares, não é? Logo, o número total de pares que podemos formar são só três:
{AB} e {VP}, {AV} e {BP} e {AP} e {BV}.
Logo, o número de possíveis configurações de duas bolas em duas caixas é 12*3 = 36
4. Pelo princípio aditivo, devemos somar as possibilidades de 1., 2., e 3.:
24 + 144 + 36 = 204 possibilidades.
A Letra D está correta.
(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.
Ver questão
(AFA - 2016)
TEXTO II
FAVELÁRIO NACIONAL
Carlos Drummond de Andrade
Quem sou eu para te cantar, favela,
Que cantas em mim e para ninguém
a noite inteira de sexta-feira
e a noite inteira de sábado
E nos desconheces, como igualmente não te
conhecemos?
Sei apenas do teu mau cheiro:
Baixou em mim na viração,
direto, rápido, telegrama nasal
anunciando morte... melhor, tua vida.
...
Aqui só vive gente, bicho nenhum
tem essa coragem.
...
Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
Medo só de te sentir, encravada
Favela, erisipela, mal-do-monte
Na coxa flava do Rio de Janeiro.
Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver
nem de tua manha nem de teu olhar.
Medo de que sintas como sou culpado
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade.
Custa ser irmão,
custa abandonar nossos privilégios
e traçar a planta
da justa igualdade.
Somos desiguais
e queremos ser
sempre desiguais.
E queremos ser
bonzinhos benévolos
comedidamente
sociologicamente
mui bem comportados.
Mas, favela, ciao,
que este nosso papo
está ficando tão desagradável.
vês que perdi o tom e a empáfia do começo?
...
(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984)
Nos versos abaixo, percebe-se que foram utilizadas figuras de linguagem, enfatizando o sentimento do eu-lírico. Porém, há uma opção em que não se verifica esse fato. Assinale-a.
Ver questão
(AFA - 2015)
MULHER BOAZINHA
(Martha Medeiros)
Qual o elogio que uma mulher adora receber1?
2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
Diga que ela é uma mulher inteligente3 , 4e ela irá com a sua cara.
Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação, e ela decorará o seu número.
Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um avião no mundo dos negócios.
Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade, seu bom gosto musical.
Agora 9quer ver o mundo cair 10?
Diga que ela é muito boazinha.
Descreva aí uma mulher boazinha.
Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
11Nunca teve um chilique.
12Nunca colocou os pés num show de rock.
É queridinha.
Pequeninha.
Educadinha.
13Enfim, uma mulher boazinha.
Fomos boazinhas por séculos.
Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de panelinhas e nenezinhos.
A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.
15Quietinhas, mas inquietas.
16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes, estrelas, profissionais.
Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
Pitchulinha é coisa de retardada.
Quem gosta de diminutivos, definha.
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
As boazinhas não têm defeitos.
Não têm atitude.
Conformam-se com a coadjuvância.
PH neutro.
Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções, é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.
Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
As “inhas” não moram mais aqui.
Foram para o espaço, sozinhas.
(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)
Leia os fragmentos abaixo:
Quietinhas, mas inquietas. (ref.15)
Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo. (ref.17)
I. O grau superlativo absoluto sintético foi utilizado para estabelecer a diferença entre as mulheres boas e as boazinhas.
II. O paradoxo foi utilizado no primeiro fragmento para ressaltar a complexidade do comportamento feminino por meio da coexistência de aspectos opostos.
III. Ambos os fragmentos apresentam como recursos expressivos o jogo com palavras cognatas e o uso da adversidade.
Estão corretas as alternativas:
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(Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que analisa de maneira adequada a figura de linguagem utilizada.
Ver questão