(UNICAMP - 2023 - 1ª fase)
No livro “A invenção dos direitos humanos”, a historiadora Lynn Hunt nomeou dois mecanismos de transformação na França de fins do século XVIII. O primeiro seria a popularização dos chamados romances epistolares. As cartas enviadas pelas protagonistas discorrem sobre as emoções humanas para os leitores. As lutas das personagens Clarissa e Pâmela, descritas por Samuel Richardson, ou as questões de Júlia, personagem de Jean-Jacques Rousseau, fizeram com que os leitores reconhecessem a legitimidade de seus desejos e de suas vivências. Outro mecanismo de transformação social foi a campanha contra a tortura, marcada por uma nova visão de corpo. Para Hunt, ler relatos de tortura e romances epistolares ajudou a moldar o foro íntimo de cada um, o que teve repercussão na política.
Considerando o texto acima e o contexto histórico comentado, assinale a alternativa correta sobre os direitos humanos.
O nascimento dos direitos humanos ligou-se ao aparecimento do sentimento de empatia entre diferentes sujeitos sociais, independentemente de sua condição social, como se podia ver nos romances epistolares. Isso influenciou os preceitos de liberdade individual e de igualdade social.
Conhecidas através dos romances policiais editados pela imprensa revolucionária francesa, as personagens literárias femininas subalternas ganharam importância ao se oporem à tortura, defendida pelo Terceiro Estado nos debates sobre direitos humanos.
O nascimento dos direitos humanos envolveu a contestação, pela imprensa francesa, da tortura como prática de obtenção de testemunho ou como castigo. Isso se devia ao fato de que a tortura feria a concepção cristã de corpo, defendida pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Ao afirmar que todos são iguais perante a lei e que todos gozam dos mesmos direitos, independentemente de sua origem social ou nascimento, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão defendia o cidadão passivo, indiferente à violência e à humilhação na convivência cotidiana.
Gabarito:
O nascimento dos direitos humanos ligou-se ao aparecimento do sentimento de empatia entre diferentes sujeitos sociais, independentemente de sua condição social, como se podia ver nos romances epistolares. Isso influenciou os preceitos de liberdade individual e de igualdade social.
a) O nascimento dos direitos humanos ligou-se ao aparecimento do sentimento de empatia entre diferentes sujeitos sociais, independentemente de sua condição social, como se podia ver nos romances epistolares. Isso influenciou os preceitos de liberdade individual e de igualdade social.
Correta. Os textos como os romances epistolares remetiam a contextos diversos imersos em visões particulares de diferentes sujeitos sociais e foram criando um senso de empatia, como descreve o texto. Além disso, após os horrores cometidos em meio à construção e à consolidação do Absolutismo, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi tornando o direito uma base fundamental para todos.
b) Conhecidas através dos romances policiais editados pela imprensa revolucionária francesa, as personagens literárias femininas subalternas ganharam importância ao se oporem à tortura, defendida pelo Terceiro Estado nos debates sobre direitos humanos.
Incorreto. Embora as personagens literárias possam ter contribuído para a conscientização sobre os abusos e violações de direitos humanos, o Terceiro Estado não defendia a tortura nos debates sobre direitos humanos.
c) O nascimento dos direitos humanos envolveu a contestação, pela imprensa francesa, da tortura como prática de obtenção de testemunho ou como castigo. Isso se devia ao fato de que a tortura feria a concepção cristã de corpo, defendida pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Incorreto. A Declaração dos Direitos Humanos do Homem e do Cidadão não defendia a concepção cristã de corpo. Na verdade, essa declaração enfatizou princípios como a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão e a proteção dos direitos individuais básicos
d) Ao afirmar que todos são iguais perante a lei e que todos gozam dos mesmos direitos, independentemente de sua origem social ou nascimento, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão defendia o cidadão passivo, indiferente à violência e à humilhação na convivência cotidiana.
Incorreto. A Declaração não defendia o cidadão passivo, indiferente à violência e à humilhação na convivência cotidiana justamente por enfatizar a proteção dos direitos básicos dos indivíduos, sendo uma resposta às injustiças e opressões da época.
(Unicamp 2016)
Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)
Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:
Ver questão
(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:
Ver questão
(Unicamp 2016)
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar
Ver questão
(Unicamp 2015)
Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.
Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.
Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.
Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.
Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.
Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.
Podemos afirmar que:
Ver questão