Questão 77198

(UNICAMP - 2023 - 2ª fase)

 

Fiquei pensando em algo para escrever na estreia da minha coluna aqui no portal da Agência de Notícias das Favelas - ANF. Pensei em vários temas, e todos, obviamente, com assuntos relacionados à favela. Na busca sobre o que escrever, resolvi abordar os dois termos usados para denominar as áreas carentes do Estado do Rio de Janeiro: favela e comunidade.

Mas, por qual motivo esse assunto me chamaria atenção se, afinal, é tudo a mesma coisa? E que diferença faz chamar de comunidade ou favela? Chamar de comunidade não é o mais correto, o mais bonito? Comunidade carente e morador de comunidade são termos ditos politicamente corretos pelas autoridades governamentais para substituir os termos favela e favelado. Mesmo os moradores usam esses termos sem questionar se essa mudança de nome traria benefícios. A alteração foi decidida em meados de 1990, pelo então Prefeito do Rio de Janeiro, sem uma consulta aos principais interessados: os moradores das favelas.

Essa mudança fez com que acabasse o preconceito que existia desde o surgimento da primeira favela? A resposta obviamente é “não”. Fizeram questão de substituir o nome favela por comunidade, mas não mudaram a realidade das áreas, que ainda sofrem com a falta de saneamento básico, moradias, pavimentação, saúde, educação, segurança pública, entre tantos outros problemas.

Caro leitor, já parou para refletir sobre todas as vezes que te chamam de “morador de comunidade” com intenção de não ofender, mas te negam um simples “bom dia”? Ou te olham com desconfiança? Ou aplaudem as invasões policiais?

 

(Adaptado de Carla Regina. Favela, comunidade carente formada por favelados. Agência de Notícias das Favelas, 29/10/2019.)

 

a) Explique por que houve a mudança de termos e por que, na perspectiva da autora da matéria, tal mudança é ineficaz.

 

b) Imagine que você mora numa favela/comunidade e resolveu se posicionar a respeito da mudança dos termos. Escreva um comentário, concordando com Carla Regina, a ser postado no site que publicou a matéria. Relate brevemente uma situação de preconceito que justifique sua posição. Seu texto deve ter entre 40 e 50 palavras. Atenção: não copie trechos do texto da autora.

Gabarito:

Resolução:

a) Segundo a matéria, a mudança de favela para comunidade se deu para que o preconceito em relação a essas regiões diminuísse, dando elas um nome novo, hipoteticamente sem o estigma que favela carregava. Apesar disso, como a autora da matéria aponta, a mudança no nome não veio acompanhada de uma mudança de atitude por parte dos governantes, isto é, a realidade nas favelas/comunidades continuou a mesma. Sendo assim, o preconceito não foi vencido, apenas mascarado.

b) RESOLUÇÃO UNICAMP (diversas possibilidades de resposta): (Serão considerados na avaliação das respostas: texto de acordo com a autora da notícia; relato de uma situação de preconceito contra esses moradores – em primeira ou terceira pessoa do singular; respeito ao limite de palavras; originalidade (i.e., a não transcrição ou cópia direta de trechos da matéria.) Um possível exemplo de resposta a contemplar as expectativas da Banca Elaboradora poderia ser: É isso mesmo, Carla! A troca de “favela” por “comunidade” sem a promoção de mudanças nos locais não muda a opinião das pessoas. Outro dia numa corrida de Uber, o motorista se recusou a entrar na comunidade, dizendo que o lugar era perigoso.



Questão 2440

(Unicamp 2016)

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:

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Questão 2558

(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”  biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as  erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,  recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os  nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se  entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e  governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

 

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

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Questão 2559

(Unicamp 2016)

 

Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar

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Questão 2560

(Unicamp 2015)

 

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.

Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

 

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.

 

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.

 

 

Podemos afirmar que:

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