(UFU - 2022)
No dizer de Descartes, não temos certeza sequer se existimos, pois podemos estar em um sonho ou ser vítimas de um ser maior do que nós e que nos engana, fazendo-nos crer que existimos quando, na verdade, não somos mais do que a imaginação desse ser. No entanto, mesmo quando nos enganamos, precisamos do pensamento, quer dizer, para nos enganarmos, temos de pensar; e, para pensar, precisamos existir. Ora, se podemos nos enganar, então pensamos e, se pensamos, então, existimos.
SAVIAN FILHO, Juvenal. Filosofia e filosofias. Belo Horizonte: Autêntica, 2016. p. 67.
A respeito da filosofia de Descartes (1596-1650), considere as afirmações a seguir.
I. Para Descartes, colocar todo conhecimento em dúvida é um método para chegar a um conhecimento indubitável.
II. O conhecimento obtido por meio dos cinco sentidos é a única garantia do que é verdadeiro.
III. A evidência do pensamento é o fundamento para outras verdades como a existência de Deus e as verdades matemáticas.
Assinale a alternativa que apresenta afirmação(ões) correta(s).
Apenas I e II.
Apenas I e III.
Apenas II e III.
Apenas I.
Gabarito:
Apenas I e III.
c) Apenas I e III.
I. Correta. Para Descartes, colocar todo conhecimento em dúvida é um método para chegar a um conhecimento indubitável.
A dúvida cartesiana expressa uma atitude epistemológica em buscar um fundamento sólido para o conhecimento, cuja verdade seja indubitável, clara e distinta, segundo as regras do método cartesiano. Descartes não é um filósofo cético, cuja dúvida atinge todo o saber, sem condições para estruturar um conhecimento sólido e firme. Uma vez que a dúvida é um ato do pensamento, o ato de pensar é do sujeito que pensa, logo o sujeito não pode ser colocado em dúvida, pois, dessa forma, a dúvida se autodestruiria. Dessa noção deriva-se a máxima: penso, logo existo.
II. Incorreta. O conhecimento obtido por meio dos cinco sentidos é a única garantia do que é verdadeiro.
O conhecimento obtido por meio dos cinco sentidos não é garantia do que é verdadeiro., pois, na verdade, Descartes chega a duvidar dos sentidos justamente porque estes podem enganá-lo. O filósofo procura o fundamento do conhecimento em algo que não posso oferecer qualquer engano e, por isso, a primeira certeza que adquire é a da coisa pensante, do eu que pensa, a partir do qual fundamenta o resto, como a existência das coisas sensíveis.
III. Correta. A evidência do pensamento é o fundamento para outras verdades como a existência de Deus e as verdades matemáticas.
Uma vez estabelecida a certeza do pensamento a partir do ato da dúvida, fundameta-se outras verdades indubitáveis como a existência de Deus e as verdades matemáticas.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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