(UFU - 2022)
Há diferenças enormes, aliás, entre Couto e Paulina Chiziane, a mais recente vencedora do Camões e igualmente moçambicana, mas diferente em cor. A autora de "Niketche" foi a primeira mulher da África a vencer o prêmio, como a primeira negra a publicar um romance no seu país.
O repórter pergunta se Couto avalia que ser um homem branco o ajudou a se tornar um dos autores mais prestigiados da língua portuguesa. Ele responde sorrindo que "gostaria de imaginar que não", e afirma ser fruto de uma "cota invisível pela sua condição racial".
São poucos milhares de brancos em Moçambique, diz ele, contra dezenas de milhões de negros. Mas esse privilégio está se dissolvendo; hoje o reconhecimento aos escritores negros é muito maior, o que se espelha na figura de Chiziane.
"Ela não ganha prêmios porque ela é mulher nem porque é preta, mas por sua obra", complementa ele, acrescentando que de quebra ela tem o mérito do pioneirismo.
Em Moçambique, houve ao longo da história "um clima que impedia que mulheres fossem lidas como sujeitos de sua própria história", ainda mais ao falar sobre sua sexualidade como faz Chiziane. "Além de um exemplo como escritora, ela é um exemplo de heroísmo."
PORTO, Walter. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2022. (Adaptado).
Analise as expressões destacadas no fragmento acima e assinale a alternativa correta.
O termo “nem” em “‘Ela não ganha prêmios porque ela é mulher nem porque é preta’ [...]” cumpre a mesma função de expressar a ideia de adição que “além de” em “‘Além de um exemplo como escritora’ [...].”
O termo “como” em “[...] como a primeira negra a publicar um romance no seu país.” apresenta função equivalente ao seu uso em “ao falar sobre sua sexualidade como faz Chiziane.”
O termo “aliás” no trecho “Há diferenças enormes, aliás, entre Couto e Paulina Chiziane” cumpre a mesma função que a expressão “apesar de” cumpriria no enunciado, caso esta viesse a substituir o referido termo.
A expressão “Ainda mais” em “[...] ainda mais ao falar sobre sua sexualidade [...]” tem a mesma força argumentativa que o termo “e” em: “[...] e afirma ser fruto de uma "cota invisível pela sua condição racial".
Gabarito:
O termo “nem” em “‘Ela não ganha prêmios porque ela é mulher nem porque é preta’ [...]” cumpre a mesma função de expressar a ideia de adição que “além de” em “‘Além de um exemplo como escritora’ [...].”
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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