(UFU - 2022)
A teoria da estratificação social elaborada por Max Weber se baseia na distinção de três tipos ideais: a situação de classe (classe social), o status (estamento) e o partido. As figuras abaixo representam dois destes tipos ideais. A primeira, uma representação dos estratos de um estamento; a segunda, um gráfico sobre a distribuição de renda no Brasil.
Conforme Weber, a relação entre os “grupos de status” (estamentos) e a “situação de classe” ocorria de tal maneira que “as distinções de classe estão ligadas, das formas mais variadas, com as distinções de status. A propriedade como tal nem sempre é reconhecida como qualificação estamental, mas a longo prazo ela assim é, e com extraordinária regularidade”.
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. p. 219
A) Assinale uma semelhança e uma diferença entre os conceitos de estamento e de classe a partir da definição de Weber.
B) Conforme Weber, de que maneira a “situação de classe” pode favorecer a formação de estamentos?
Gabarito:
Resolução:
A) A estratificação social é, para Weber, a forma como os indivíduos se estratificam e reproduzem socialmente. Dentro de cada estrato, as relações de poder econômico, social, de status, prestígio, privilégios, honra e outras são consideradas para estabelecer tanto o estrato do qual se irá participar quanto a hierarquia e posição dentro deles. Desta forma o estrato que possui a mesma situação em relação ao mercado, terá as mesmas condições e possibilidades objetivas de acesso aos bens que o mercado oferece.
A ordem social, portanto, é distribuída de acordo com vários fatores, que Weber conceitua como “honra social”. Neste contexto, o poder econômico é um fator, mas não é o único nem o principal elemento de estratificação social, pois também o prestígio social, as honras, os privilégios, as tradições, as linhagens, o sobrenome e outros permitem não só a estratificação como a hierarquização entre os indivíduos dentro de cada estrato.
Estamento e classe, assim, são estratos sociais nos quais há distribuição de poder entre seus membros, com critérios diferentes entre ambos.
Os estamentos se caracterizam pela ordem comunitária, formas de estratificação na qual seus membros se reúnem em torno de “honras sociais” que não necessariamente a riqueza, tais como privilégios, honrarias políticas e nobiliárias, status familiares e outros elementos que os classificam e os diferenciam dos demais grupos. Os estamentos, assim, são pouco permeáveis, dificultando o ingresso de novos integrantes e unidos em torno da manutenção dos privilégios que os caracterizam, resistindo a mudanças que representem ameaças à sua condição.
Por outro lado, as situações de classe se caracterizam pela ordem econômica, com seus integrantes orientando suas ações para a obtenção da riqueza, seja por meio de propriedades, do lucro, do trabalho e outras, mas sempre tendo como norte as questões econômicas. Neste sentido, são grupamentos mais permeáveis e receptivos aos que conseguirem integrar a classe, independente de sobrenome, títulos, honrarias e outros, e que se desenvolvem forma de economia de mercado.
Isto posto, podem ser consideradas semelhanças entre ambos o fato de serem formas de distribuição de poder na comunidade; de, ainda que de modos diferentes, classificarem internamente seus membros de acordo com a propriedade dos elementos que os caracterizam (o tipo de propriedade ou de produção de riqueza ou geracional, na classe; o nome, a posição de “dignidade” para ocupar determinado posto, o status político, a tradição e outros, nos estamentos), entre outras. Por sua vez, podem ser consideradas diferenças entre ambas a orientação das ações de seus membros; permeabilidade para o ingresso de novos membros, menor no estamento e maior na classe; a mobilidade, maior nas classes e menor nos estamentos; estamentos serem comunitários e classes, econômicas; classes se organizarem em torno da aquisição e produção de bens, enquanto estamentos em torno do consumo de bens, de um estilo de vida, entre outras possibilidades.
B) Mesmo se organizando em torno de valores diferentes, a situação de classe pode favorecer a formação de estamentos quando as transformações econômicas que modificam a dinâmica das relações sociais ficam estagnadas e, com isso, prejudicam a mobilidade social e econômica, tanto para a chegada de novos integrantes quanto em seu interior. Quando isso ocorre, há uma tendência de elementos estamentais, tais como honra, status, sobrenome e outros reapareceram, estabelecendo novas diferenciações não mais a partir da propriedade de riquezas, mas das honras sociais, favorecendo a alusão do que poderíamos colocar como formação de estamentos.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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