(UNICAMP - 2024 - 2ª FASE)
Nos últimos anos, a imprensa brasileira tem escrito sobre os mantos tupinambás.
Texto 1
Na revista Piauí, em 2021, lia-se: Cerca de 4,2 mil penas rubras da ave guará compõem um dos onze mantos tupinambás existentes no mundo. Há exemplares do século XVII conservados no Museu Nacional da Dinamarca. Outros mantos de que se tem notícia também estão em instituições públicas europeias. No Brasil, já não há nenhum. Os tupinambás confeccionaram esse artefato possivelmente em algum lugar de Pernambuco, do Sergipe ou da Paraíba. Quando os colonizadores não os matavam, os convertiam à fé cristã. Assim, por muito tempo, parte da historiografia ocidental acreditou que os tupinambás haviam desaparecido. Em 2001, no entanto, a Funai (Fundação Nacional do Índio) reconheceu como membros desse povo os moradores de 47 mil hectares localizados no Sul da Bahia.
(Adaptado de: ROXO, E. “Longe de casa: o fascínio, a dor e o equívocos dos mantos tupinambás na Europa”. Revista Piauí, ed. 182, nov. 2021.)
Texto 2
Artefato que está em um museu de Copenhague há mais de três séculos deve retornar ao Brasil no início de 2024. ‘A gente acredita que seja um ancestral. Não se trata de uma obra de arte, de um mero objeto’, diz Glicéria Tupinambá, liderança deste povo.
(Adaptado de: SETA, I. “Raríssimo manto tupinambá que está na Dinamarca será devolvido ao Brasil; peça vai ficar no Museu Nacional”. Portal Portal G1, 28 de junho de 2023. Diponível em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/06/28/rarissimo-manto-tupinamba-que-esta-na-dinamarca-sera-devolvido-ao-brasil-peca-vai-ficar-no-museu-nacional.ghtml. Acesso em: 28/06/2023.)
A partir de seus conhecimentos e das notícias acima,
a) Identifique dois aspectos da conversão dos povos originários à fé cristã. Com base nos textos 1 e 2, indique e explique uma forma de desaparecimento dos tupinambás.
b) Cite dois significados dos mantos tupinambás presentes nos textos 1 e 2. Explique a noção de política de repatriação de artefatos históricos.
Gabarito:
Resolução:
a) A conversão dos povos originários à fé cristá se desenvolveu tanto a partir da catequização dentro das missões jesuíticas, quanto através da fragmentação da população indígena em territórios isolados, fomentando conflitos com outros povos aliados aos portugueses. Dessa forma, o desaparecimentos dos tupinambás e de outras etnias indígenas envolve tanto uma dominação militar à força, através de guerras e conflitos, quanto uma dominação simbólica, através da conversão forçada e do roubo de símbolos tradicionais.
b) Os mantos tupinambás possuem um significado religioso, pois se inserem nos rituais praticados pela etnia tupinambá, e também simbólico, pois não se tratam apenas de uma obra de arte, e sim um símbolo dos ancestrais. As políticas de repatriação de objetos tomados pelas potências coloniais é um processo perceptível no mundo todo e surge a partir de uma tentativa de desenvolver uma reparação histórica e simbólica dos países desenvolvidos em relação a suas antigas colônias. Dessa forma, mais do que apenas buscar a devolução de tais artefatos, procura-se também o reconhecimento do passado violento por parte dos colonizadores.
(Unicamp 2016)
Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.
(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)
Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto afirmar que:
Ver questão
(UNICAMP - 2016 - 1ª fase)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as erramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
"Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, recisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os nstrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se entir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política e governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:
Ver questão
(Unicamp 2016)
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto afirmar
Ver questão
(Unicamp 2015)
Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto.
Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.
Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.
Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.
Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.
Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.
Podemos afirmar que:
Ver questão