(UNICENTRO - 2010)
Segundo Immanuel Kant (1724-1804), a moral “não é propriamente dita a doutrina que nos ensina como devemos nos tornar felizes, mas como devemos nos tornar dignos da felicidade”
(KANT, Crítica da Razão Prática. Apud CHAUÍ (org.), Primeira Filosofia. São Paulo: Editora Brasilienses, 1987 – p. 261).
De acordo com a teoria moral kantiana, em que sentido devemos entender a noção de dever?
A razão prática, para Kant, tem o poder para criar normas e fins morais e, por isso, tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever. Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos.
O dever, afirma Kant, se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que define a essência de cada virtude e diz que atos devem ser praticados e evitados em cada circunstância específica de nossas vidas. Por isso, o dever é um imperativo categórico: ordena incondicionalmente embora não seja uma lei moral interior.
O dever é uma imposição externa feita a nossa vontade. Não precisamos dele para nos tornar seres morais, precisamos, isto sim, da dignidade, livre-arbítrio e liberdade para agirmos de acordo com nossa consciência, que é a manifestação mais alta da humanidade em nós.
Kant procura conciliar o dever e a ideia de uma natureza humana que não precisa ser obrigada à moral. Por natureza, diz Kant, somos seres morais, ou seja, a razão prática e a verdadeira liberdade não precisam nos impor nosso ser moral.
Para Kant, a ética exige seres autônomos e a ideia de dever introduz a heteronomia, isto é, o domínio de nossa vontade e de nossa consciência por um poder estranho a nós.
Gabarito:
A razão prática, para Kant, tem o poder para criar normas e fins morais e, por isso, tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever. Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos.
a) Correta. A razão prática, para Kant, tem o poder para criar normas e fins morais e, por isso, tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever. Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos.
A razão prática está expressa na ética deontológica de Kant, baseada no dever, que se fundamenta numa coerência entre a motivação e a ação, pois eu devo ter os motivos corretos para ação, segundo o dever, a noção do imperativo categórico universal. Uma boa vontade é uma vontade que age por dever, aquilo que é incondicionalmente bom e que, portanto, é uma vontade livre de inclinações empíricas e que age a partir da representação da lei moral. O dever, nas palavras do filósofo, "é a necessidade de uma acção por respeito à lei". Para isso, supõe-se o imperativo categórico que é a expressão do dever máximo: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.” A autonomia da vontade expressa a liberdade, segundo a razão, pois a autonomia é o fundamento de toda a moralidade das ações humanas. Esta autonomia indica a consciência racional de uma lei moral universal, que vale para a vontade de todos os seres racionais. Isto é, não é uma liberdade enquanto a capacidade para realizar o que se bem deseja, porém enquanto a determinação da vontade humana para a lei racional. Este indivíduo torna-se digno da felicidade ao orientar a sua vontade segundo os critérios do imperativo categórico, a razão moral universal.
b) Incorreta. O dever, afirma Kant, se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que define a essência de cada virtude e diz que atos devem ser praticados e evitados em cada circunstância específica de nossas vidas. Por isso, o dever é um imperativo categórico: ordena incondicionalmente embora não seja uma lei moral interior.
O dever não é um conjunto de conteúdos fixos, mas expresso num único imperativo categórico: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.
c) Incorreta. O dever é uma imposição externa feita a nossa vontade. Não precisamos dele para nos tornar seres morais, precisamos, isto sim, da dignidade, livre-arbítrio e liberdade para agirmos de acordo com nossa consciência, que é a manifestação mais alta da humanidade em nós.
O dever não é imposição externa, mas a correta orientação de nossa vontade, necessário para o ser moral.
d) Incorreta. Kant procura conciliar o dever e a ideia de uma natureza humana que não precisa ser obrigada à moral. Por natureza, diz Kant, somos seres morais, ou seja, a razão prática e a verdadeira liberdade não precisam nos impor nosso ser moral.
Kant não procura conciliar o dever e a ideia de uma natureza humana que não precisa ser obrigada à moral. Ele vincula lei e liberdade.
e) Incorreta. Para Kant, a ética exige seres autônomos e a ideia de dever introduz a heteronomia, isto é, o domínio de nossa vontade e de nossa consciência por um poder estranho a nós.
A ética exige seres autônomos, mas o dever não introduz a heteronomia, ao contrário, ela pode seguida pela vontade humana.
(Unicentro 2012) A passagem do Mito ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual. Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que se traçasse um corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é correto afirmar:
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(Unicentro 2010)
“Os poemas homéricos têm por fundamento uma visão de mundo clara e coerente. Manifestam-na quase a cada verso, pois colocam em relação com ela tudo quanto cantam de importante – é, antes de mais nada, a partir dessa relação que se define seu caráter particular. Nós chamamos de religiosa essa cosmovisão, embora ela se distancie muito da religião de outros povos e tempos. Essa cosmovisão da poesia homérica é clara e coerente. Em parte alguma ela enuncia fórmulas conceituais à maneira de um dogma; antes se exprime vivamente em tudo que sucede, em tudo que é dito e pensado. E embora no pormenor muitas coisas resultem ambíguas, em termos amplos e no essencial, os testemunhos não se contradizem. É possível, com rigoroso método, reuni-los, ordená-los, fazer lhes o cômputo, e assim eles nos dão respostas explícitas às questões sobre a vida e a morte, o homem e Deus, a liberdade e o destino (...).”
OTTO. Os deuses da Grécia: a imagem do divino na visão do espírito grego. 1ª Ed., trad. [e prefácio] de Ordep Serra. – São Paulo: Odysseus Editora, 2005 - p. 11.
Com base no texto, e em seus conhecimentos sobre a função dos mitos na Grécia arcaica, assinale a alternativa correta.
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(Unicentro 2010) Leia o fragmento de um texto pré-socrático:
“Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos elementos compostos: nascimento não é mais do que um nome usado pelos homens”.
(EMPÉDOCLES. Apud ARANHA/ MARTINS. Filosofando: Introdução à Filosofia. 3ª Ed., São Paulo: Moderna, 2006 - p. 86.)
A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no início da filosofia grega, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas.
I. O fragmento acima denota a “luta de forças” opostas na massa dos membros humanos, que ora unem-se pelo amor – no início todos os membros que atingiram a corporeidade da vida florescente –, ora divididos pela força da discórdia, erram separados nas linhas da vida. Assim ocorre também com todos os outros seres na natureza.
II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento de Empédocles através de uma estrutura lógica muito distante da “verdade” expressa nos relatos míticos dos gregos arcaicos.
III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são apresentados por meio de representações míticas que o filósofo retira de uma tradição religiosa presente ainda em seu tempo. Essas imagens, consequentemente, se transpõem, sem deixarem de ser místicas, em uma filosofia que quer captar a verdadeira essência da realidade física.
IV. O fragmento denota continuidade do pensamento mítico no início da filosofia, pois estão presentes ainda o uso de certas estruturas comuns de explicação.
(UNICENTRO - 2012)
Sobre o pensamento socrático, analise as afirmativas e marque com V, as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Sócrates é autor da obra Ética a Nicômaco.
( ) O pensamento socrático está escrito em hebraico.
( ) A ironia e a maiêutica são as bases de sua filosofia.
( ) Sócrates não criticou o saber dogmático, sendo, por isso, conselheiro dos governantes de Atenas.
( ) Os diálogos platônicos são importantes textos filosóficos que relatam, na maioria, o pensamento de Sócrates.
A partir da análise dessas afirmativas, a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo, é a
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