(ENEM PPL - 2014)
Fogo frio
O Poeta
A névoa que sobe
dos campos, das grotas, do fundo dos vales,
é o hálito quente da terra friorenta.
O Lavrador
Engana-se, amigo.
Aquilo é fumaça que sai da geada.
O Poeta
Fumaça, que eu saiba,
somente de chama e brasa é que sai!
O Lavrador
E, acaso, a geada não é
fogo branco caído do céu,
tostando tudinho, crestando tudinho, queimando tudinho,
sem pena, sem dó?
FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Acadêmica, 1987.
Neste diálogo poético, encena-se um embate de ideias entre o Poeta e o Lavrador, em que
a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e tem como efeito a renovação de uma linguagem poética cristalizada.
as duas visões têm a mesma importância e são equivalentes como experiência de vida e a capacidade de expressão.
o autor despreza a sabedoria popular e traça uma caricatura do discurso do lavrador, simplório e repetitivo.
as imagens contraditórias de frio e fogo referidas à geada compõem um paradoxo que o poema não é capaz de organizar
o discurso do lavrador faz uma personificação da natureza para explicar o fenômeno climático observado pelos personagens.
Gabarito:
a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e tem como efeito a renovação de uma linguagem poética cristalizada.
A) CORRETA: é perceptível, na última estrofe, que o discurso do lavrador vence no momento em que ele questiona o que o poeta defendeu elencando questões e argumentos consistentes.
B) INCORRETA: as visões de ambos são importantes, mas não são equivalentes porque a expressão do lavrador parece ter mais força e consistência em provas do que a do poeta.
C) INCORRETA: não há um desprezo à sabedoria popular, mas sim que há uma sobreposição das ideias do lavrador de modo mais consistente do que é falado pelo poeta.
D) INCORRETA: o poema organiza bem as ideias contraditórias de "frio e fogo", principalmente o que diz respeito à fala do poeta que é contradita pela do lavrador.
E) INCORRETA: não é feita uma personificação da natureza pelo lavrador, apenas uma visualização desta de modo mais objetivo.
(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.
A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva
(ENEM PPL - 2010)
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se
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(ENEM PPL - 2010)
AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.
O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a
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