Questão 51976

(ENEM PPL - 2015)

TEXTO I

Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe "Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda", e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertarse na cama.

AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.

 

TEXTO II

As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres.

COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

Tema recorrente nas obras de Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto. Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que 

A

o desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher casada. 

B

a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais. 

C

à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam. 

D

a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da serpente. 

E

a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e íntimo.

Gabarito:

a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais. 



Resolução:

A) INCORRETA: o desejo sexual soment eé visto como fraqueza no Texto I, mas não no Texto II, já que no segundo texto habia um acordo silencioso entre o marido e sua esposa sobre as práticas sexuais.

B) CORRETA: observa-se que tanto no Texto I, quanto no Texto II a imagem da mulher pelo homem é marcada pela seedução. Em I, vemos que o autor do texto criau ma personagem que está observando sua esposa de modo sexual. Já no Texto II, essa imagem foi construída pelo marido e corroborada pela esposa. Ambas são imagens de sedução.

C) INCORRETA: uma vez que no Texto I a mulher não pretende a sedução, ou seja, mas é o homem que tem que evitar expor seus desejos sexuais.

D) INCORRETA: pois não é observado desejo de culpa manifesto no Texto II, mas apenas o prazer e o desejo de fazer o que o casal estava fazendo.

E) INCORRETA: não é possível dizer que o gesto de Dona Flor no texto I é um gesto de dissimulação, uma vez que a imagem construída dela parte do ponto de vista do homem. Ela não está agindo assim, mas é o homem que imagina que ela está.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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