Questão 51927

(ENEM PPL - 2015)

Vei, a Sol

Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas.

Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu.

Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito.

— Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. 

Assim nasceu a expressão que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus.

ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

 

O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado "Vei, a Sol", do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar 

A

resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX. 

B

ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista. 

C

referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país. 

D

descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue. 

E

uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

Gabarito:

uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.



Resolução:

A) INCORRETA: já que o discurso naturalista do século XIX baseava-se muito em um determinismo científico, ou seja, as personagens eram guiadas e agiam não com base em uma vontade própria, mas de acordo com seu meio ou com características como a raça e o momento histórico, muito mais por instinto do que por racionalidade.

B) INCORRETA: por mais que os modernistas se propuseram a reinventar a forma de fazer literatura (prosa, poesia, teatro e afins), a linearidade do tempo nas prosas não se perdeu. Podemos verificar isso na própria narrativa, em que os fatos vão ocorrendo um após o outro, sendo que uma coisa só acontece após a outra ter se passado.

C) INCORRETA: no modernismo, principalmente na primeira fase, o que vemos não é o destaque da natureza como forma de evidenciar um atraso de certas regiões no país. Na verdade, o modernismo procura trazer elementos da natureza para construir heróis e espaços de aventura, situações que já eram aplicadas em outros países. Então, ao trazer Macunaíma e a vegetação, Mário de Andrade traz seu herói e o local por onde ele desbrava.

D) INCORRETA: nesse pequeno excerto, não conseguimos localizar essa descrição preconceituosa citada, pois poreconceituoso seria se dissesse "Macunaíma, preguiçoso como um indiozinho" ou outrro tipo de associação de imagens negativas com a figura do índio, o que não há. Tanto que Macunaíma é representado como herói.

E) CORRETA: nessa alternativa, é possível destacar os dois principais aspectos pedidos: 1) a caracterização do modernismo; e 2) como que o texto exemplifica isso. Caractertizar o modernismo é destacar que os seus escritores priorizavam uma linguagem simples, não rebuscada, voltada ao coloquial. Sabemos disso porque é explicado sobre o surgimento da expressão "Vá tomar banho!", uma expressão coloquial que é originada de uma situação também coloquial.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

Ver questão

Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

Ver questão

Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

Ver questão

Questão 3051

(Enem PPL 2015)

Ver questão