(ENEM PPL - 2015)
Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.
ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.
O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como “parenta” de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois
o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época.
o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos sociais no enredo de seu romance.
as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do narrador romântico.
o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente independente.
o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito avançados para a sociedade daquele período histórico.
Gabarito:
o narrador evidencia o cerceamento sexista à autoridade da mulher, financeiramente independente.
A) INCORRETA: uma vez que, logo no início do excerto, vemos que a imagem de Aurélia é criada com constrruções que relatam algo positivo, como o meteoro, o deselumbramento que ela própria provoca e sua altivez por querer comandar a casa de sua tia.
B) INCORRETA: já que, em diversas vezes, mostra-se como a mulher se porta na sociedade, como são seus hábitos dentro de casa e principalmente a figura do seu tutor, que traz essa caráter de cotidiano ao excerto.
C) INCORRETA: porque José de Alencar descreve, em seus romances, exatamente aquilo que a sociedade era e aquilo pelo qual essa comunidade passava, o que não demonstra nenhuma tentativa de "remodelar" as estruturas sociais, mas apenas expor.
D) CORRETA: há um trecho neste texto que exemplifica exatamente o que está explícito na alternativa: "(...) os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina". Ao apresentar a figura de Aurélia como algo que foge totalemnte do convencional, o narrador demonstra como a sociedade reagia ante a essa nova imagem que as mulheres estavam assumindo.
E) INCORRETA: pois, como foi demonstrado nessa resolução e no próprio texto, o excerto em Senhora exemplifica exatamente aquilo que a sociedade passava naquele tempo, não mostrando nada que seja considerado à frente do tempo de escrita de Alencar.
(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.
A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva
(ENEM PPL - 2010)
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).
Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se
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(ENEM PPL - 2010)
AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.
O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a
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