Questão 38377

(ENEM PPL - 2016)

Naquele tempo eu morava no Calango-Frito e não acreditava em feiticeiros.

E o contrassenso mais avultava, porque, já então, – e excluída quanta coisa-e-sousa de nós todos lá, e outras cismas corriqueiras tais: sal derramado; padre viajando com a gente no trem; não falar em raio: quando muito, e se o tempo está bom, “faísca”; nem dizer lepra; só o “mal”; passo de entrada com o pé esquerdo; ave do pescoço pelado; risada renga de suindara; cachorro, bode e galo, pretos; [...] – porque, já então, como ia dizendo, eu poderia confessar, num recenseio aproximado: doze tabus de não uso próprio; oito regrinhas ortodoxas preventivas; vinte péssimos presságios; dezesseis casos de batida obrigatória na madeira; dez outros exigindo a figa digital napolitana, mas da legítima, ocultando bem a cabeça do polegar; e cinco ou seis indicações de ritual mais complicado; total: setenta e dois – noves fora, nada.

ROSA, J. G. São Marcos. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967 (adaptado).

João Guimarães Rosa, nesse fragmento de conto, resgata a cultura popular ao registrar

A

trechos de cantigas.

B

rituais de mandingas.

C

citações de preceitos.

D

cerimônias religiosas.

E

exemplos de superstições.

Gabarito:

exemplos de superstições.



Resolução:

A) INCORRETA: não são resgatadas cantigas, uma vez que faz parte do imaginário português essa expressão artística, além do texto retratar algo mais supersticioso.

B) INCORRETA: No trecho em questão, o narrador de Rosa não descreve rituais de mandinga (feitiçaria), que competem a feiticeiros, curandeiros e personalidades místicas, mas sim comportamentos corriqueiros, comuns, praticados por qualquer cidadão em seu cotidiano. Os mencionados "rituais" são pequenas práticas baseadas no senso comum, sendo que este se ancora, muitas vezes, em elementos supersticiosos, ou seja, na crença em ações de (auto)proteção que, sem comprovação científica, fazem parte de saberes e costumes populares.

C) INCORRETA: não são citados preceitos, porque eles se compõem, em sua maioria, de duas partes. Por ex: "Deus ajuda quem cedo madruga". A ideia de jogar sal em algum lugar, entrar com o pé direito em algum lugar e outras atitudes são consideradas superstições.

D) INCORRETA: são poucos os momentos que há referências religiosas nesse texto, como quando são citadas as "oito regrinhas ortodoxas" e das "cinco ou seis indicações de ritual".

E) CORRETA: O narrador Izé conta um fato ocorrido em um tempo em que ainda não acreditava em superstições, o que permite depreender que, por alguma razão, irá mudar de opinião. Em vários fragmentos do excerto, está presente o mundo das superstições e feitiçarias que envolvem a cultura popular do interior: não falar em raio: quando muito, e se o tempo está bom, “faísca”; nem dizer lepra; só o “mal”; passo de entrada com o pé esquerdo”.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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