Questão 49178

(ENEM PPL - 2018) 

esse cão que me segue
é minha família, minha vida
ele tem frio mas não late nem pede
ele sabe que o que eu tenho
divido com ele, o que eu não tenho
também divido com ele
ele é meu irmão
ele é que é meu dono

bicho se é por destino sina ou sorte
só faltando saber se bicho decente 
bicho de casa, bicho de carro, bicho
no trânsito, se bicho sem norte na fila
se bicho no mangue, se bicho na brecha
se bicho na mira, se bicho no sangue

catar papel é profissão, catar papel
revela o segredo das coisas, tem
muita coisa sendo jogada fora
muita pessoa sendo jogada fora

OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo: Escrituras, 2014.

No poema, os elementos presentes do campo de percepção do eu lírico evocam um realinhamento de significados, uma vez que

A

emerge a consciência do humano como matéria de descarte.

B

reside na eventualidade do acaso a condição do indivíduo.

C

ocorre uma inversão de papéis entre o dono e seu cão.

D

se instaura um ambiente de caos no mosaico urbano.

E

se atribui aos rejeitos uma valorização imprevista.

Gabarito:

emerge a consciência do humano como matéria de descarte.



Resolução:

a) CORRETA, pois o eu lírico se equipara ao cachorro para indicar o estado de animalização a que estão sujeitas algumas pessoas, além disso, no final do poema ele faz um paralelo entre o descarte de papel e o descarte de pessoas, que são descartadas, invisibilizadas pela sociedade.

b) INCORRETA, já que o poema fala da realidade, não apelando para elementos do acaso, o catador de lixo é mais guiado pelo cão, como afirma em um verso.

c) INCORRETA, não ocorre uma inversão de papeis, o dono se equipara ao cão, colocando-se no mesmo patamar, mas não trocando de lugar com ele no poema.

d) INCORRETA, já que o poema trata sobre uma realidade específica, não é algo abrangente, é mais sobre a realidade do eu lírico.

e) INCORRETA, já que o poema trata da desvalorização que a sociedade dá a algumas pessoas, que são "descartadas", de acordo com o eu lírico.



Questão 1828

(Enem PPL 2014) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”!

O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.


A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva

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Questão 1831

(ENEM PPL - 2010) 

Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer.

Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).

Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se 

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Questão 2707

 (ENEM PPL - 2010)

AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB/USP.

O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que nas artes plásticas, a 

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Questão 3051

(Enem PPL 2015)

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