Questão 66828

(ENEM DIGITAL - 2020)

As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar.

LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado).

 

Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial:

A

A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.

B

A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.

C

A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos

D

A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.

E

A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.

Gabarito:

A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.



Resolução:

a) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.

Incorreto. Nem sempre havia harmonia do elo patriarcal, portanto, não se poder afirmar que havia devoção de criados aos proprietários.

b) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.

Correta. Os escravos domésticos eram "enfeitados" para agradar os olhos de seus donos e da população livre, burguesa e nobre, mas em sua maioria estavam sempre descalços. Eles eram utilizados para serviços de casa como cozinhar, limpas os móveis e o chão, cuidar de crianças, mas também para atividades externas. Basicamente, estavam bem vestidos para passar uma ideia de riqueza (uma vez que eram os últimos que os senhores se preocupariam), mas ainda mantinham essa ideia da falta de dignidade, com os pés descalços e as atividades degradantes.

 c) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos.

Incorreto. O séquito* em uma caminhada pelas ruas das cidades era demonstração, mais do que tudo, de posição social, econômica ou política. No entanto, eventualmente os escravos homens poderiam assumir a função de defesa. 

d) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.

Incorreto.  Os cativos exerceram, desde sempre, trabalhos pessoais para seus senhores. Portanto, isso não tem uma ligação direta com a fase de transição para o trabalho livre.

e) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.

Incorreto. As vestes opulentas dos escravos eram demonstração de riqueza e poder dos senhores, e não uma forma de amparo concedido pela elite senhorial.

* séquito é um conjunto de pessoas que acompanham alguém, por um dever oficial ou por cortesia.



Questão 60886

(ENEM DIGITAL - 2020)

Num mundo como o nosso, por um lado marcado pela fluidez do espaço, as questões ligadas à circulação se tornam ainda mais relevantes e, com elas, a situação de um dos componentes mais emblemáticos dos territórios: seus limites. E é aí que surge um dos grandes paradoxos da geografia contemporânea: ao lado da fluidez globalizada aparecem também os fechamentos, as tentativas de controle da circulação de pessoas.

HAESBAERT, R. Da multiterritorialidade aos novos muros: paradoxos da desterritorialização contemporânea. Disponível em: www.posgeo.uff.br. Acesso em: 2 jan. 2013 (adaptado).

O texto aborda um paradoxo marcante do mundo contemporâneo, que consiste na oposição entre

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Questão 61300

(Enem digital 2020) 

Entenda a crise na Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram, em março de 2014, um acordo para tornar a República Autônoma parte da Rússia. O tratado foi assinado dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um referendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. A votação foi condenada por Kiev e pela comunidade internacional, que a considera ilegítima.

Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 28 out. 2014 (adaptado).

A justificativa para o acordo descrito fundamentava-se na ideia de 

 

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Questão 61407

(ENEM DIGITAL - 2020)

Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um.

HADOT, P. O que é a filosofia antiga?. São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado).

 

O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o)

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Questão 61972

(ENEM DIGITAL - 2020) 

 No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”, como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do mundo”.

SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.

Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade éticoreligiosa e esferas mundanas de ação.

Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como

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