Questão 66707

(ENEM DIGITAL - 2020) 

Caso pluvioso

A chuva me irritava. Até que um dia
descobri que maria é que chovia.

A chuva era maria. E cada pingo
de maria ensopava o meu domingo.

E meus ossos molhando, me deixava
como terra que a chuva lavra e lava.

E eu era todo barro, sem verdura...
maria, chuvosíssima criatura!

Ela chovia em mim, em cada gesto,
pensamento, desejo, sono, e o resto.

Era chuva fininha e chuva grossa,
Matinal e noturna, ativa... Nossa!

ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1952 (fragmento).

Considerando-se a exploração das palavras “maria” e “chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso expressivo é um(a)

A

registro social típico de variedades regionais.

B

variante particular presente na oralidade.

C

inovação lexical singularizante da linguagem literária.

D

marca de informalidade característica do texto literário.

E

traço linguístico exclusivo da linguagem poética

Gabarito:

inovação lexical singularizante da linguagem literária.



Resolução:

A) INCORRETA: não é um registro social típico, uma vez que essas regiões não falam que "fulano chovia", mas sim que o dia chovia. Utilizar esse recurso de verbos que não possuem sujeito e colocar sujeitos neles é algo estritamente literário.

B) INCORRETA: o uso de "maria" e "chuvosíssima" não é um recurso oral, até porque não se vê isso nas tradições orais das pessoas, mas sim na escrita.

C) CORRETA: pois vemos que no texto o uso das palavras "maria" e "chuvosíssima" é um recurso da língua em que os poetas criam novas palavras (ideia representada por "inovação lexical") ou reutilizam as palavras já existentes com sentidos diferentes. Esse recurso é uma forma de fazer com que a linguagem literária seja única/singular. Ou seja, criar novas palavras é algo único na linguagem literária.

D) INCORRETA: uma vez que estes dois termos não configuram marcas de informalidade. Além disso, a informalidade não é um traço característico de todos os textos literários, por isso é complicado colocar essa alternativa como correta dada sua natureza extremamente generalizante.

E) INCORRETA:  porque restringe o traço linguístico apontado pelo enunciado como uma característica exclusiva da linguagem poética. Por essa definição, entendemos que só pode se o usar nomes para descrever fenômenos da natureza (como "maria" para representar a "chuva") em poesias, impossibilitando em qualquer outro caso. No entanto, isso é inverídico. Como essas obras são romance, não podemos restringir esse recurso somente à linguagem poética.



Questão 60886

(ENEM DIGITAL - 2020)

Num mundo como o nosso, por um lado marcado pela fluidez do espaço, as questões ligadas à circulação se tornam ainda mais relevantes e, com elas, a situação de um dos componentes mais emblemáticos dos territórios: seus limites. E é aí que surge um dos grandes paradoxos da geografia contemporânea: ao lado da fluidez globalizada aparecem também os fechamentos, as tentativas de controle da circulação de pessoas.

HAESBAERT, R. Da multiterritorialidade aos novos muros: paradoxos da desterritorialização contemporânea. Disponível em: www.posgeo.uff.br. Acesso em: 2 jan. 2013 (adaptado).

O texto aborda um paradoxo marcante do mundo contemporâneo, que consiste na oposição entre

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Questão 61300

(Enem digital 2020) 

Entenda a crise na Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram, em março de 2014, um acordo para tornar a República Autônoma parte da Rússia. O tratado foi assinado dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um referendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rússia. A votação foi condenada por Kiev e pela comunidade internacional, que a considera ilegítima.

Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 28 out. 2014 (adaptado).

A justificativa para o acordo descrito fundamentava-se na ideia de 

 

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Questão 61407

(ENEM DIGITAL - 2020)

Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um.

HADOT, P. O que é a filosofia antiga?. São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado).

 

O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o)

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Questão 61972

(ENEM DIGITAL - 2020) 

 No protestantismo ascético, temos não apenas a clara noção da primazia da ética sobre o mundo, mas também a mitigação dos efeitos da dupla moral judaica (uma moral interna para os irmãos de crença e outra externa para os infiéis). O desafio aqui é o da ética, que quer deixar de ser um ideal eventual e ocasional (que exige dos virtuosos religiosos quase sempre uma “fuga do mundo”, como na prática monástica cristã medieval) para tornar-se efetivamente uma lei prática e cotidiana “dentro do mundo”.

SOUZA, J. A ética protestante e a ideologia do atraso brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, n. 38, out. 1998.

Retomando o pensamento de Max Weber, o texto apresenta a tensão entre positividade éticoreligiosa e esferas mundanas de ação.

Nessa perspectiva, a ética protestante é compreendida como

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