(UFU - 2003)
“(…) Assim, a magia e a mitologia ocupam a imensa região exterior do desconhecido, englobando o pequeno campo do conhecimento concreto comum. O sobrenatural está em todas as partes, dentro ou além do natural; e o conhecimento do sobrenatural que o homem acredita possuir, não sendo da experiência direta comum, parece ser um conhecimento de ordem diferente e superior. É uma revelação acessível apenas ao homem inspirado ou (como diziam os gregos) ‘divino’ — o mágico e o sacerdote, o poeta e o vidente”.
CORNFORD, F.M. Antes e Depois de Sócrates. Trad. Valter Lellis Siqueira. São Paulo: Martins Fontes, 2001, pp.14-15.
A partir do texto acima, é correto afirmar que
o campo do conhecimento mítico limita-se ao que se manifesta no campo concreto comum.
a magia e a mitologia não se confundem com o conhecimento concreto comum.
o conhecimento no mito, por ser uma revelação, é acessível igualmente a todos os homens.
o mito não distingue o plano natural do sobrenatural, sendo o conhecimento do sobrenatural superior.
Gabarito:
o campo do conhecimento mítico limita-se ao que se manifesta no campo concreto comum.
a) Correta. o campo do conhecimento mítico limita-se ao que se manifesta no campo concreto comum.
Para entender o gabarito, é preciso analisar o texto com cuidado.
A alternativa aponta que magia e a mitologia ocupam o imenso espaço do desconhecido, mas que englobam em si apenas o campo do conhecimento concreto comum (que, comparado ao não cognoscível, é pequeno). Isso significa dizer que o mito existe em meio ao desconhecido, ocupando um espaço nesta imensidão. Mas que ele contém apenas ideias concretas, vindas da realidade material. Pela forma como está escrito, o trecho dá a entender que a magia existe no campo do desconhecido, acima do conhecido; na verdade, a mitologia existe em meio ao abstrato (o desconhecido), baseada no real.
"O sobrenatural está em todas as partes, dentro ou além do natural; e o conhecimento do sobrenatural que o homem acredita possuir, não sendo da experiência direta comum, parece ser um conhecimento de ordem diferente e superior." O sobrenatural não é característica distinta do desconhecido, pois se expressa dentro do natural ou além dele. O conhecimento do sobrenatural que o homem acredita possuir parece ser de ordem superior porque ele não percebe que o mito é delimitado pela realidade. Só existe no mito o que existe na vida material, mas o homem acredita que o mito é de um plano superior e o sobrenatural também. Detalhe para os termos "acredita" e "parece": o conhecimento do sobrenatural é algo que o homem acredita ter, e ele apenas parece ser de ordem superior. Assim, podemos entender que o campo do conhecimento mítico é delimitado pelo que existe no campo concreto comum, e o sobrenatural existe no mito porque se expressa dentro do natural (e o mito só representa o que existe dentro do conhecido).
b) Incorreta. a magia e a mitologia não se confundem com o conhecimento concreto comum.
A magia e a mitologia, justamente por serem fundamentadas no conhecimento concreto comum, podem se confundir com ele.
c) Incorreta. o conhecimento no mito, por ser uma revelação, é acessível igualmente a todos os homens.
O conhecimento no mito não é acessível igualmente a todos os homens. Como afirma o texto: "É uma revelação acessível apenas ao homem inspirado ou (como diziam os gregos) ‘divino’ — o mágico e o sacerdote, o poeta e o vidente”.
d) Incorreta. o mito não distingue o plano natural do sobrenatural, sendo o conhecimento do sobrenatural superior.
O mito só vê o conhecimento sobrenatural como superior porque distingue os planos natural e mítico. Se não houvesse essa distinção, como afirma a alternativa, não poderia existir a superioridade de um conhecimento em relação a outro.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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