(FGV - 2006) O genocídio que teve lugar em Ruanda, assim como a guerra civil em curso na República Democrática do Congo, ou ainda o conflito em Darfur, no Sudão, revelam uma África marcada pela divisão e pela violência. Esse estado de coisas deve-se, em parte,
às diferenças ideológicas que perpassam as sociedades africanas, divididas entre os defensores do liberalismo e os adeptos do planejamento central.
à intolerância religiosa que impede a consolidação dos estados nacionais africanos, divididos nas inúmeras denominações cristãs e muçulmanas.
aos graves problemas ambientais que produzem catástrofes e aguçam a desigualdade ao perpetuar a fome, a violência e a miséria em todo o continente.
à herança do colonialismo, que introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das sociedades locais.
às potências ocidentais que continuam mantendo uma política assistencialista, o que faz com que os governos locais beneficiem-se do caos.
Gabarito:
à herança do colonialismo, que introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das sociedades locais.
a) às diferenças ideológicas que perpassam as sociedades africanas, divididas entre os defensores do liberalismo e os adeptos do planejamento central.
Incorreto. As diferenças ideológicas, bem como religiosas, estão em segundo plano nesses locais em que as disputas são protagonizadas por distintos grupos "étnicos".
b) à intolerância religiosa que impede a consolidação dos estados nacionais africanos, divididos nas inúmeras denominações cristãs e muçulmanas.
Incorreto. Há liberdade religiosa no Congo e em Ruanda, por exemplo. Os conflitos locais são mais motivados pelos confrontos das camadas sociais locais disputando o poder desde a emancipação. Então além de divergências religiosas, o povo em um mesmo Estado tem identidades sociais anteriores à colonização distintas um ao outro, e ainda tem divergências e disputas no âmbito político local.
c) aos graves problemas ambientais que produzem catástrofes e aguçam a desigualdade ao perpetuar a fome, a violência e a miséria em todo o continente.
Incorreto. O continente africano tem muitas riquezas, mas esta ficou concentrada sob a tutela de poucos indivíduos desde a colonização. Pegando como exemplo a República Democrática do Congo, de clima tipicamente equatorial e tropical, é considerado um dos países mais ricos do mundo em recursos naturais, sendo por vezes apontado como o segundo mais biodiversificado do mundo, atrás apenas do Brasil.
d) à herança do colonialismo, que introduziu o conceito de Estado-nação sem considerar as características das sociedades locais.
Correta. Uma perspectiva comum da formação da maioria dos Estados nacionais africanos é a identidade que partia dos movimentos de resistência anti-coloniais. As práticas colonialistas nesse continente desconsideraram os aspectos organizacionais das sociedades locais ao implementar sua dominação, e isso foi gerando uma nova identidade definida partindo da resistência à colonização. Como consequência, os Estados formados a partir da emancipação dessas ex-colônias incorporaram diversos moldes da organização social metropolitana. Além disso, a expulsão do espólio colonial em muitas dessas regiões deixou como marca uma guerra civil das múltiplas camadas sociais locais pelo poder. Na prática, Ruanda é um país marcado pelos conflitos entre dois grupos étnicos, os hutus (90% da população) e tutsis (9%). Durante o processo de colonização feito pela Bélgica, os tutsis, mesmo sendo minoria, foram os escolhidos pelo poder colonial para governar o país.
e) às potências ocidentais que continuam mantendo uma política assistencialista, o que faz com que os governos locais beneficiem-se do caos.
Incorreto. Nos movimentos citados, laços assistencialistas não representam uma característica das relações internacionais entre as ex-metrópoles e as ex-colônias. Na verdade, muitas vezes as relações internacionais entre essas partes foram rompidas no processo de emancipação.
(FGV - 2005)
Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".
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(FGV - 2008)
No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:
Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.
Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.
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(FGV - 2008)
Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.
ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?
O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.
O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)
A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.
Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".
Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.
A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.
O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.
(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)
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