Questão 59223

(PUC-MG - 2008) “Os maracatus são desfiles de natureza real, que se repetem no Nordeste do Brasil. Ao ritmo dos tambores, marcham o rei e a rainha sob enormes guarda-sóis, como na África, no meio de seus súditos. À frente dos soberanos, dança uma jovem que traz na mão uma boneca. Esta boneca chama-se calunga – e é um símbolo de poder, o lunga ou calunga, entre os pendes e outros povos de Angola. Até recentemente – ignoro se isto continua a dar-se –, antes da saída do Maracatu, cada figurante ia até a boneca, tocava-a e fazia um gesto de veneração. Está aí o sinal de que o desfile, sob disfarce da festa, devia encobrir antigamente uma outra realidade, não só religiosa, mas também política, o que nos faz suspeitar de que o rei do Maracatu, no passado, era um rei africano, a mostrar-se aos seus súditos no exílio e a chefiar, sem que os senhores disso suspeitassem, uma rede de ajuda mútua, uma comunidade que podia estar dispersa entre várias propriedades rurais e vários bairros urbanos, mas procurava, a seu modo e como lhe era permitido, preservar e continuar a África no Brasil."

(SILVA, Alberto Costa e.Um rio chamado Atlântico.p. 162).
 

Assinale a opção que registra CORRETAMENTE a ideia contida no trecho:

A

 Havia reis e chefes entre os africanos que vieram para o Brasil e aqui perdiam seu referencial de poder.

B

Embora escravos, os reis africanos continuaram, no Brasil, a receber respeito e homenagens de seus súditos.

C

A festa do Maracatu, que se repete no Nordeste, é um símbolo latente da forma católica angolana no Brasil

D

O Maracatu dá a oportunidade aos africanos e descendentes de, na fantasia, tornarem-se os dominadores.

Gabarito:

Embora escravos, os reis africanos continuaram, no Brasil, a receber respeito e homenagens de seus súditos.



Resolução:

a) Havia reis e chefes entre os africanos que vieram para o Brasil e aqui perdiam seu referencial de poder.

Incorreta. O texto de apoio da questão explana justamente o contrário, isto é, reflete sob a continuidade de costumes e ritos que remetiam também a uma continuidade política perante uma rede de ajuda mútua que era criada entre eles por meio da manifestação de uma cultura comum. 

b) Embora escravos, os reis africanos continuaram, no Brasil, a receber respeito e homenagens de seus súditos.

Correta. O desfile do Maracatu, sobretudo, representa a continuidade dos costumes de matriz africana, e como mensura o texto de apoio, o rito de veneração contido nele era atribuído a uma personalidade política e religiosa, que impulsiona por meio do Maracatu uma rede de apoio mútuo e convívio que permitia-lhes "preservar e continuar a África no Brasil". 

c) A festa do Maracatu, que se repete no Nordeste, é um símbolo latente da forma católica angolana no Brasil.

Incorreta. Apesar de o rito demonstrar aspectos do sincretismo religioso presente no Brasil, ele não corresponde a uma forma católica de manifestação cultural, mas sim a uma festa de natureza real e de veneração a outras entidades não pertencentes ao arcabouço cultural oficial (e obrigatório) durante o Brasil Colônia e Império.  

d) O Maracatu dá a oportunidade aos africanos e descendentes de, na fantasia, tornarem-se os dominadores.

Incorreta. Tal aspecto não é mensurado no texto, e não corresponde a uma característica real do Maracatu. 



Questão 1817

(PUC-SP-2001)

A QUESTÃO É COMEÇAR

Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.

No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.

Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.

Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.

 

(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).

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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:

“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”

Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.

Indique a alternativa que explicita essa função.

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Questão 1833

(Pucpr 2004)

"Aula de Português"

 

A linguagem na ponta da língua,

tão fácil de falar e de entender.

A linguagem na superfície estrelada das estrelas,

sabe lá o que ela quer dizer?

 

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.) 

 

 

Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA: 

 

 

 

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Questão 1838

(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.

 

A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.

 

CAPÍTULO 2 (O CORPO)

Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor

Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés

Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.

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Questão 1868

(Puccamp 2016)

Editorial

Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.

Comenta-se com correção:

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