Questão 2656

(FGV - 2009)

Obamanomics

   Na percepção do eleitor americano médio, o candidato democrata, senador Barack Obama, a ser sacramentado na convenção do Partido Democrata, que começa amanhã, não navega bem em assuntos econômicos.
   E, no entanto, um dos principais temas dessa campanha deveria ser a crise econômica em que o país está mergulhado há mais de um ano.
   "O americano médio se sente duramente atingido no bolso. O dólar, que ainda é o dólar, símbolo de força e saúde econômica, perde valor a olhos vistos; a casa própria, um dos sonhos americanos, perde preço no mercado imobiliário; e o salário é corroído por uma inflação de 5,6% ao ano e pelo aumento do desemprego".
   Apesar do seu carisma, Obama não chega a empolgar com sua plataforma de projetos para a área econômica. Defende aumento de investimentos públicos, principalmente em infraestrutura e reformas no sistema nacional de saúde. Sua proposta de seguro-saúde universal é voltada para eleitores que não conseguem pagar um plano privado. Nos Estados Unidos, não há um sistema de atendimento a todos, como no Brasil onde, mal ou bem, o SUS funciona. Lá, um seguro para família de quatro pessoas não sai por menos de USS 400 ao mês. Seu projeto implicaria custeio anual para o tesouro americano em torno de USS 50 bilhões a US$ 65 bilhões.
   As reformas seriam financiadas por aumento de carga tributária dos americanos que ganham ao ano mais de USS 250 mil, segmento especialmente beneficiado pelos pacotes de cortes fiscais aprovados no governo Bush em 2001 e 2003. Obama não esconde que, em dez anos, pretende aumentar a arrecadação federal em USS 800 bilhões. (...)
   Apesar de contar com grande apoio dos jovens, Obama começa a perder espaço no eleitorado, que teme o aprofundamento da crise e o considera pouco preparado para lidar com os atuais problemas.
   Como lembra a revista The Economist, são essas as pessoas que mais estão sentindo o rigor da crise. "Os americanos cresceram em tempos de prosperidade. Eleitores jovens não se lembram de uma série de recessão, desde a última, que ocorreu no início dos anos 90."
   Se continuar no mesmo diapasão, a campanha democrática será incapaz de tirar proveito da crise, em grande parte criada pelo governo republicano de George Bush.
   E não deixa de ser irônico lembrar que o democrata Bill Clinton venceu o republicano Bush (pai) em 1992 sob o slogan "É a economia, idiota."

(O Estado de S. Paulo, 24.08.2008. Adaptado)

Considere o 3°. parágrafo do texto. Assinale a alternativa em que se apresenta o motivo por que se deve usar o ponto-e-vírgula no trecho e em que há uma frase na qual ele deve ocorrer.

A

Enumeração de informações. A vida de Obama tem muito dos romances de John Steinbeck: a mãe que vivia "batendo asas" o pai um homem emblemático e ausente o avô materno que se criou na cidade de El Dorado no Kansas

B

Seriação de coisas. Obama foi criado na Indonésia e no Havaí países em que frequentou escolas e mais tarde aterrissou em Chicago.

C

Interrupção de ideias. O senador John McCain candidato republicano frequentou mais de uma dezena de escolas porque seu pai um almirante era transferido com frequência.

D

Suspensão do pensamento. Descrever Obama como um desenraizado como pretendem alguns leva a perguntar o que é ser desenraizado.

E

Pausa entre as ideias. Tendo sido um migrante por causa da carreira de meu pai John McCain acabei me tornando um andarilho por vontade própria.

Gabarito:

Enumeração de informações. A vida de Obama tem muito dos romances de John Steinbeck: a mãe que vivia "batendo asas" o pai um homem emblemático e ausente o avô materno que se criou na cidade de El Dorado no Kansas



Resolução:

O uso de ponto e vírgula se dá em alguns casos, tais como nos de enumeração ou suavização de orações coordenadas muito longas, com o objetivo de facilitar sua compreensão. Sabendo disso, vamos analisar o empregos deles no terceiro parágrafo, que corresponde ao seguinte trecho:

"O americano médio se sente duramente atingido no bolso. O dólar, que ainda é o dólar, símbolo de força e saúde econômica, perde valor a olhos vistos; a casa própria, um dos sonhos americanos, perde preço no mercado imobiliário; e o salário é corroído por uma inflação de 5,6% ao ano e pelo aumento do desemprego".

Aqui, enumera-se as razões pelas quais o americano "se sente duramente atingido no bolso":

" (...) perde valor a olhos vistos; a casa própria, um dos sonhos americanos, perde preço no mercado imobiliário; e o salário é corroído por uma inflação de 5,6% ao ano e pelo aumento do desemprego".

Dessa maneira, devemos buscar a alternativa em que esse sinal de pontuação é usado com o intuito de enumerar informações. Isso faz com que a alternativa correta seja a letra [A].



Questão 1849

(FGV - 2005)

Assinale a alternativa correta a respeito da frase "Toninho não era muito caprichoso. Vestiu a camisa de trás para a frente e saiu".

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Questão 1850

(FGV)

Assinale a alternativa gramaticalmente correta.

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Questão 1855

(FGV - 2008)

No plural, a frase - Imposto direto sobre o contracheque era coisa, salvo engano, inexistente. - assume a seguinte forma:

Com a sociedade de consumo nasce a figura do contribuinte. Tanto quanto a palavra consumo ou consumidor, a palavra contribuinte está sendo usada aqui numa acepção particular. No capitalismo clássico, os impostos que recaíam sobre os salários o faziam de uma forma sempre indireta. Geralmente, o Estado taxava os gêneros de primeira necessidade, encarecendo-os. Imposto direto sobre o contra-cheque era coisa, salvo engano, inexistente. Com o advento da sociedade de consumo, contudo, criaram-se as condições políticas para que o imposto de renda afetasse uma parcela significativa da classe trabalhadora. Quem pode se dar ao luxo de consumir supérfluos ou mesmo poupar, pode igualmente pagar impostos.

Fernando Haddad, Trabalho e classes sociais. Em: Tempo Social, outubro de 1997.

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Questão 1863

(FGV - 2008)

Assinale a alternativa em que a mudança da posição do adjetivo no texto altera o sentido da frase.

ESTAMOS CRESCENDO DEMAIS?

O nosso "complexo de vira-lata" tem múltiplas facetas. Uma delas é o medo de crescer. Sempre que a economia brasileira mostra um pouco mais de vigor, ergue-se, sinistro, um coro de vozes falando em "excesso de demanda" "retorno da inflação" e pedindo medidas de contenção.

O IBGE divulgou as Contas Nacionais do segundo trimestre de 2007. Não há dúvidas de que a economia está pegando ritmo. O crescimento foi significativo, embora tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O PIB cresceu 5,4% em relação ao segundo trimestre do ano passado. A expansão do primeiro semestre foi de 4,9% em comparação com igual período de 2006.(...)

A turma da bufunfa não pode se queixar. Entre os subsetores do setor serviços, o segmento que está "bombando" é o de intermediação financeira e seguros - crescimento de 9,6%. O Brasil continua sendo o paraíso dos bancos e das instituições financeiras.

Não obstante, os porta-vozes da bufunfa financeira, pelo menos alguns deles, parecem razoavelmente inquietos. Há razões para esse medo? É muito duvidoso. Ressalva trivial: é claro que o governo e o Banco Central nunca podem descuidar da inflação. Se eu fosse cunhar uma frase digna de um porta-voz da bufunfa, eu diria (parafraseando uma outra máxima trivializada pela repetição): "O preço da estabilidade é a eterna vigilância".

Entretanto, a estabilidade não deve se converter em estagnação. Ou seja, o que queremos é a estabilidade da moeda nacional, mas não a estabilidade dos níveis de produção e de emprego.

A aceleração do crescimento não parece trazer grande risco para o controle da inflação. Ela não tem nada de excepcional.

O Brasil está se recuperando de um longo período de crescimento econômico quase sempre medíocre, inferior à média mundial e bastante inferior ao de quase todos os principais emergentes. O Brasil apenas começou a tomar um certo impulso. Não vamos abortá-lo por medo da inflação.

(Folha de S.Paulo, 13.09.2007. Adaptado)

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