Questão 15099

(UEL - 2009)

De há muito observara que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis [...]; mas, por desejar então ocupar-me somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável [...] E, tendo notado que nada há no eu penso, logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e mui distintamente são todas verdadeiras [...].

(DESCARTES, R. Discurso do Método. Quinta Parte. Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 46-47.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar:

A

A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que todas as ideias verdadeiras procedem, mediata ou imediatamente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência.

B

A clareza e a distinção das ideias verdadeiras representam apenas uma certeza subjetiva, além da qual, apesar da radicalização da dúvida metódica, não se consegue fundamentar a objetividade da certeza científica.

C

Somente com o cogito, a concepção cartesiana das ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano, garante definitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do pensamento.

D

Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas.

E

A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de qualquer certeza consistente e definitiva quanto à capacidade do intelecto de atingir a verdade.

Gabarito:

Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas.



Resolução:

d) Correta. Do exercício da dúvida metódica, no itinerário cartesiano, a certeza subjetiva do cogito constitui a primeira verdade inabalável e, portanto, modelo das ideias claras e distintas.
A dúvida metódica, meio utilizado por Descartes para encontrar qualquer certeza, parte da certeza subjetiva do cogito. Esta certeza se refere ao "penso, logo existo": nada existe no pensamento que possa garantir a verdade, mas a verdade existe no fato de que, para pensar, é necessário existir. Por isso, é uma certeza subjetiva: pensar e existir são as únicas verdades das quais se pode ter certeza, mesmo não podendo ser postas à prova, e são meio de encontrar qualquer outra verdade. É modelo das ideias claras e distintas porque constitui uma evidência, algo que o pensamento constata claramente.

 

a) Incorreta. A dúvida metódica permitiu a Descartes compreender que todas as ideias verdadeiras procedem, mediata ou imediatamente, das impressões de nossos sentidos e pela experiência.
Descartes não acreditava que os sentidos e a experiência pudessem ser fonte de conhecimento ou dar acesso às ideas verdadeiras.

b) Incorreta. A clareza e a distinção das ideias verdadeiras representam apenas uma certeza subjetiva, além da qual, apesar da radicalização da dúvida metódica, não se consegue fundamentar a objetividade da certeza científica.
A dúvida metódica, mesmo sendo uma certeza subjetiva, permite fundamentar certezas objetivas para a ciência: é a partir desse método que se encontram verdades claras e evidentes. Descartes foi um dos precursores da elaboração do método científico, que se fundamentou nessas ideias.

c) Incorreta. Somente com o cogito, a concepção cartesiana das ideias claras e distintas, inatas ao espírito humano, garante definitivamente que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do pensamento.
A dúvida metódica, o cogito, aponta que o objeto pensado pelo sujeito se determina no plano das ideias, no pensamento, e não na realidade fora dele.

e) Incorreta. A dúvida cartesiana, convertida em método, rende-se ao ceticismo e demonstra a impossibilidade de qualquer certeza consistente e definitiva quanto à capacidade do intelecto de atingir a verdade.
A dúvida metódica demonstra que é possível obter certezas consistentes e definitivas, pois o intelecto seria plenamente capaz de atingir a verdade.



Questão 1841

(Uel 2010) Observe a frase: “Os deputados decidiram errar onde não poderiam” e assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo “onde”.

 

O labirinto da internet

 

Um paradoxo da cultura contemporânea é a incapacidade da maioria dos políticos de entender a comunicação política. Essa disfunção provoca, muitas vezes, resultados trágicos. É o caso da lei votada pela Câmara dos Deputados para regular o uso da internet nas eleições. Se aprovada sem mudanças pelo Senado, vai provocar um forte retrocesso numa área em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundo – sua legislação de comunicação eleitoral. Sim, a despeito da má vontade de alguns e, a partir daí, de certos equívocos interpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislações de comunicação eleitoral do mundo. O nosso modelo de propaganda gratuita, via renúncia fiscal, é tão conceitualmente poderoso que se sobressai a alguns anacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidária em anos não eleitorais ou a ridícula proibição de imagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde não poderiam. Mas era um erro previsível. A internet é o meio mais perturbador que já surgiu na comunicação. Para nós da área, ela abre fronteiras tão imprevisíveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a física, a descoberta do código genético para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a música. Na comunicação política, a internet é rota ainda difícil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo de expressão política tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os pulos causados pela imprensa, pelo rádio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer política. Mas nada perto dos efeitos que trará a internet. Não só por ser uma multimídia de altíssima concentração, mas também porque sua capilaridade e interatividade planetária farão dela não apenas uma transformadora das técnicas de indução do voto, mas o primeiro meio na história a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a cara da democracia. No futuro, o eleitor não vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ou naquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contínua e constante.

(Adaptado de: SANTANA, João. O labirinto da internet. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2007200909.htm>. Acesso em: 20 jul. 2009).

 

 

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Questão 1842

(Uel 2010) Considerando as frases a seguir:

I. “Minha nova bolsa da Luiz Vitão”.

II. “Pelo tamanho, deve caber todos os seus sonhos”.

 

 

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Questão 1854

(UEL - 2010) 

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção. O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar? ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.

(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos mobilizados. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br//fsp/mais/fs2607200914.htm>. Acesso em: 26 jul. 2009)

Considere o trecho:

“Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.”.

As palavras grifadas são

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Questão 1859

(Uel 1997) PERTO DE mil pessoas estiveram PRESENTES ao festival DE INVERNO. As expressões em destaque na frase anterior são, respectivamente,

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