(PUC - PR 2012)
Para Foucault, as sociedades democráticas criaram uma nova forma de exercício de poder. Entretanto, segundo ele: “A ‘invenção’ dessa nova anatomia política não deve ser entendida como uma descoberta súbita. Mas como uma multiplicidade de processos muitas vezes mínimos, de origens diferentes, de localizações esparsas, que se recordam, se repetem, ou se imitam, apoiam-se uns sobre os outros, distinguem-se segundo seu campo de aplicação, entram em convergência e esboçam aos poucos a fachada de um método geral. Encontramo-los em funcionamento nos colégios, muito cedo; mais tarde nas escolas primárias; investiram lentamente o espaço hospitalar; e em algumas dezenas de anos reestruturam a organização militar. Circularam às vezes muito rápido de um ponto a outro (entre o exército e as escolas técnicas ou os colégios e liceus), às vezes lentamente e de maneira mais discreta (militarização insidiosa das grandes oficinas). A cada vez, ou quase, impuseram-se para responder a exigências de conjuntura: aqui uma inovação industrial, lá a recrudescência de certas doenças epidêmicas, acolá a invenção do fuzil ou as vitórias da Prússia”.
(Vigiar e Punir, p. 118).
Segundo o autor, pode-se afirmar que:
I. A partir do século XVII se desenvolve nas sociedades chamadas democráticas uma nova forma de exercício de poder, no que tange aos modos de punição e disciplina, que se distingue daquela usada nos regimes absolutistas europeus.
II. A partir dos séculos XVII se verifica o crescimento de um modelo de exercício da disciplina que usa como parâmetro os mesmos moldes dos regimes absolutistas, ou seja, a punição direta sobre os corpos como forma de restituição do poder central.
III. A partir do século XVII o poder passa a ser usado como forma de repressão sobre o corpo dos indivíduos a partir de um poder central, aos moldes dos modelos absolutistas.
IV. O modelo do panóptico serve de exemplo de um novo mecanismo de poder no qual se privilegia o controle do tempo, a organização do espaço e o registro continuado da conduta dos indivíduos.
Está(ão) CORRETA(S):
Apenas as assertivas II e III.
Apenas as assertivas I e IV.
Apenas as assertivas I, II e III.
Todas as assertivas.
Apenas a assertiva I.
Gabarito:
Apenas as assertivas I e IV.
b) Apenas as assertivas I e IV.
I. Correta. A partir do século XVII se desenvolve nas sociedades chamadas democráticas uma nova forma de exercício de poder, no que tange aos modos de punição e disciplina, que se distingue daquela usada nos regimes absolutistas europeus.
A partir do século XVII vê-se novas formas de punição e disciplina, distintas daquelas que refletem o modelo absolutista, a saber, a punição direta sobre os corpos, o castigo físico. Isto é, a punição passa a se associar mais com uma série de mecanismos que buscam separar o sujeito dos outros e de si mesmo, qualificando-o como são ou louco, normal ou anormal, sadio ou doente, bom cidadão ou delinquente, e a partir de formas de vigilância sobre os indivíduos. Logo, decorre-se que esses modelos de punição, antes mais física e direta, agora assume outras formas relacionadas ao controle, isolamento e disciplina.
II. Incorreta. A partir dos séculos XVII se verifica o crescimento de um modelo de exercício da disciplina que usa como parâmetro os mesmos moldes dos regimes absolutistas, ou seja, a punição direta sobre os corpos como forma de restituição do poder central.
A partir dos séculos XVII, existe uma mudança no modelo de exercício da disciplina, não mais essa forma de punição direta sobre os corpos.
III. Incorreta. A partir do século XVII o poder passa a ser usado como forma de repressão sobre o corpo dos indivíduos a partir de um poder central, aos moldes dos modelos absolutistas.
A partir do século XVII vê-se novas formas de exercício de poder, não mais essa realidade de um poder central.
IV. Correta. O modelo do panóptico serve de exemplo de um novo mecanismo de poder no qual se privilegia o controle do tempo, a organização do espaço e o registro continuado da conduta dos indivíduos.
O panóptico é um modelo arquitetônico cujo objetivo é a observação constante do encarcerado: a disposição da estrutura e o posicionamento do carcereiro permitem que tudo o que acontece no espaço seja vigiado, como um olho central que observa tudo ao redor, e o sistema de vigilância ininterrupto acaba com a privacidade do encarcerado. Ele exerce suas relações de poder sutilmente com a intenção de que os indivíduos sintam-se sempre vigiados e também exerçam vigilância sobre si e sobre os outros, atuando como modelo disciplinar que trabalha de forma tão difusa, que costuma deixar poucos rastros. Adentrado em todas as camadas da sociedade, esse exercício de poder trabalha de forma multifacetada, naturalizando-se e exercendo influência constante.
(PUC-SP-2001)
A QUESTÃO É COMEÇAR
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.
No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.
Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.
Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:
“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”
Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.
Indique a alternativa que explicita essa função.
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(Pucpr 2004)
"Aula de Português"
A linguagem na ponta da língua,
tão fácil de falar e de entender.
A linguagem na superfície estrelada das estrelas,
sabe lá o que ela quer dizer?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.)
Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
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(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.
A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.
CAPÍTULO 2 (O CORPO)
Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor
Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés
Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.
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(Puccamp 2016)
Editorial
Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.
Comenta-se com correção:
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