(UFU - 2013)
A atividade intelectual que se instalou na Grécia a partir do séc. VI a.C. está substancialmente ancorada num exercício especulativo-racional. De fato, “[...] não é mais uma atividade mítica (porquanto o mito ainda lhe serve), mas filosófica; e isso quer dizer uma atividade regrada a partir de um comportamento epistêmico de tipo próprio: empírico e racional”.
SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-socráticos. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998, p. 32.
Sobre a passagem da atividade mítica para a filosófica, na Grécia, assinale a alternativa correta.
A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de sociedades selvagens.
A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base da sua especulação teórica e adotando a sua metodologia.
A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber prático fundamental para a vida cotidiana.
A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade filosófica elaborada, crítica e radical, baseada no logos.
Gabarito:
A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber prático fundamental para a vida cotidiana.
c) Correta. A narrativa mítico-religiosa representa um meio importante de difusão e manutenção de um saber prático fundamental para a vida cotidiana.
A questão trata da relação entre mito e filosofia e a passagem da atividade mítica para a filosófica na Grécia. A alternativa C afirma a importância dos mitos na regulação do cotidiano dos gregos e apresenta corretamente a tradição oral como transmissora de um saber prático essencial na vida cotidiana. A narrativa mítico-religiosa é um saber prático porque se dá na vivência diária do povo; é uma atividade (uma prática, um saber aplicado) que faz parte do dia a dia, fundamental para a vida cotidiana, uma vez que orienta e guia os gregos.
O mito, após o surgimento do Logos, não desapareceu. Pelo contrário: manteve seu espaço, representando grande importância como difusor de saberes práticos reguladores do dia a dia dos gregos. O mito tem caráter religioso, espiritual e, assim como a religião, diante da ciência, não perde sua força e influência sobre as pessoas: o mito era regulador do dia a dia grego, tendo em si características que orientavam as pessoas (da mesma forma que a religião: esta não desapareceu mesmo após a ciência fornecer tantas respostas sobre a origem da vida e das coisas). O Logos ganhou espaço, mas o mito e as narrativas mítico-religiosas, tradicionais, hábito dos gregos, não foram substituídos; como ciência e religião, andaram juntos em meio à sociedade.
Nesse sentido, uma das características da passagem da atividade mítica para a filosófica foi o surgimento do Logos e a permanência do mito. Enquanto surgia a lógica e o pensamento questionador para explicar a realidade de forma racional, a narrativa mítico-religiosa não foi abandonada, pois uma de suas características era o diálogo com o cotidiano do grego.
a) Incorreta. A mentalidade pré-filosófica grega é expressão típica de um intelecto primitivo, próprio de sociedades selvagens.
A alternativa A apresenta um pensamento etnocêntrico, que não deve ser considerado: a ideia de um "intelecto primitivo" próprio das "sociedades selvagens". Não existem sociedades selvagens ou primitivas; existem culturas diferentes em épocas distintas. Antes do Logos, na Grécia, o pensamento pautava-se no mito; mesmo assim, essa sociedade pôde desenvolver a atividade filosófica baseada na lógica e em explicações racionais para a realidade. O mito não é uma expressão típica de um intelecto "primitivo", mesmo porque tal não existe.
b) Incorreta. A filosofia racionalizou o mito, mantendo-o como base da sua especulação teórica e adotando a sua metodologia.
Não se pode afirmar que a filosofia racionalizou o mito: a filosofia não tornou as explicações míticas em explicações racionais, modificando-as através de argumentos lógicos; a filosofia teceu novas ideias e pensamentos através do questionamento do mito, e não fez ele desaparecer. A metodologia do mito é a narrativa oral, a transmissão por meio de contos, enquanto a metodologia da filosofia é a atividade filosófica de questionamento.
d) Incorreta. A Ilíada e a Odisseia de Homero são expressões culturais típicas de uma mentalidade filosófica elaborada, crítica e radical, baseada no logos.
A Ilíada e a Odisseia são narrativas gregas fundamentadas no pensamento mítico.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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