(Ufu 2013) Em artigo intitulado “Clientelismo ainda domina política no interior do Brasil”, da BBC, de 27 de outubro de 2002, o jornalista Paulo Cabral desenha o painel de parte da política nacional. Ele destaca que, em comício de uma certa deputada, um grande churrasco foi oferecido para os eleitores de uma vila: "Sob um sol escaldante, um caminhão de som tocava o jingle – forró da candidata a todo o volume, a população sentia o cheiro da carne sendo assada trancada dentro de uma casa. Comida, só quando chegasse a candidata”.
BBC. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2002/021027_seriedb.shtml> . Acesso: 11 mar. 2013.
A relação descrita entre os eleitores e a candidata aproxima-se, na matriz teórica weberiana, de um tipo puro de relação de dominação, uma vez que
inscreve-se como relação de poder em que a candidata aproveita-se de uma probabilidade de impor sua vontade, ainda que sem legitimidade.
estabelece-se, retirando das relações os elementos não racionais, isto é, em evidente processo de desencantamento do mundo.
sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o conformismo.
expõe características típicas das formas carismáticas de dominação, demonstrada pelo dom da graça extraordinário e pessoal manifesto nas práticas clientelistas.
Gabarito:
sua natureza remonta uma tradição inimaginavelmente antiga e conduz ou orienta a ação habitual do eleitor para o conformismo.
Há três tipos puros de dominação legítima, de acordo com Weber: a dominação carismática, fundamentada no carisma do governante (devoção afetiva por parte dos governados); a dominação tradicional, sustentada por costumes e hábito dos governados (fidelidade tradicional); e a dominação racional-legal, mantida pela imposição de leis (direitos podem ser criados e modificados por meio de um estatuto sancionado).
O enunciado pede para identificar qual o tipo puro de dominação weberiana que existe entre eleitores e candidata, de acordo com o descrito no texto.
O episódio retrata um cenário de clientelismo, ainda muito comum no interior do Brasil: em época de campanha eleitoral, os candidatos oferecem à população, direta ou indiretamente, serviços e bens em troca do voto. É de costume dos eleitores escolher seu candidato de acordo com o que o candidato oferece: não por meio da compra de votos ou boca de urna, mas pela subjetividade do que o candidato oferece.
É o caso da deputada, que manteve os eleitores a esperando em seu comício, ouvindo o jingle da campanha e absorvendo a propaganda, enquanto aguardavam pelo churrasco. É um típico caso de dominação tradicional, à qual os indivíduos se submetem pelo costume: "ela deve ser uma boa candidata, já que está nos oferecendo um churrasco", "se ela ganhar, vai ser sempre bom assim", etc. Como afirma a alternativa C, é uma prática que remete à uma tradição antiga (o clientelismo do início da república brasileira) e orienta os eleitores ao conformismo.
A: candidata não se aproveita da situação para impôr sua vontade. Ela exerce dominação por meio de uma tradição.
B: o enunciado pede o tipo de dominação exercido no trecho descrito e não evidencia o processo de racionalização da sociedade (desencantamento do mundo).
D: a dominação característica do clientelismo não é a carismática, mas a tradicional.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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