Questão 24202

(UFU - 2013/2)

Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a ―verdade efetiva‖ das coisas que permeiam os movimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são ―ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro‖.

(O Príncipe, cap. XVII)  

Para Maquiavel:

A

A ''verdade efetiva'' das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no''dever-ser''.

B

Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.

C

Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma indiscriminada.

D

A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.

Gabarito:

A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.



Resolução:

d) Correta. A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.
Maquiavel define virtú como a conduta ideal do príncipe, que o ajuda a se guiar em meio aos acontecimentos (independente de valores morais ou qualquer ética, com base na razão e para atingir seus fins); é, pragmaticamente, a habilidade para governar, considerando as condições que se impõem ao longo do trajeto. Fortuna são as condições do momento; é a imprevisibilidade dos acontecimentos; seria como a "sorte", que a virtú ajuda a reconhecer. A virtú permite o domínio sobre a fortuna e esta é atraída pela coragem do homem de virtú.

 

a) Incorreta. A ''verdade efetiva''das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no''dever-ser''.
Para Maquiavel, a verdade efetiva das coisas não existe no plano especulativo, mas na prática, na realidade; no ser, e não no dever-ser. Tanto que ele defende a virtú, conduta do príncipe que o ajuda a se guiar em meio aos acontecimentos (ou seja, em meio ao que acontece de fato, e não ao que se especula acontecer).

b) Incorreta. Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.
Maquiavel afirmava que moralismo e piedade não pertencem ao campo da política.

c) Incorreta. Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma indiscriminada.
Não se pode afirmar que a fortuna é "poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma indiscriminada."



Questão 2399

(UFU/MG)

Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.

Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.

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Questão 2545

 (UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.

“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.

A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)

(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”

 

Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.

 

Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.

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Questão 3019

(Ufu 2016)  O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.

O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.

Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.

Só afrouxa a rédea depois do gozo.

Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.

 

BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82

 

 

Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina

 

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Questão 3021

(UFU - 2016 - 1ª FASE)

 

DIONISOS DENDRITES

Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas

Ramos nascem de seu peito

Pés percutem a pedra enegrecida

Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.

 

Acorre o vento ao círculo demente

O vinho espuma nas taças incendiadas.

Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços

Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas

E o vaticínio do tumulto à Noite –

Chegada do inverno aos lares

Fim de guerra em campos estrangeiros.

 

As bocas mordem colos e flancos desnudados:

À sombra mergulham faces convulsivas

Corpos se avizinham à vida fria dos valados

Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.

Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos

Mergulham no vórtice da festa consagrada.

 

E quando o Sol o ingênuo olhar acende

Um secreto murmúrio ata num só feixe

O louro trigo nascido das encostas.

 

SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.

 

Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso  

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