(Upe/2014)
A arquitetura da cana-de-açúcar Os alpendres das casas-grandes de par em par abertos, anchos, cordiais como a hora do almoço, apesar disso não são francos. O aberto alpendre acolhedor no casarão sem acolhimento tira a expressão amiga, amável do que é fora e não dentro: dos lençóis de cana, tendidos, postos ao sol até onde a vista, e que lhe dão o sorriso aberto que disfarça o que dentro é urtiga. (João Cabral de Melo Neto) |
O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. (Manuel Bandeira) |
Cidadezinha qualquer Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor contar. Um homem vai devagar. Um cachorro vai devagar. Um burro vai devagar. Devagar... as janelas olham. Eta vida besta, meu Deus! (Carlos Drummond de Andrade) |
Em relação aos três poemas, assinale a alternativa CORRETA.
Os poemas de Cabral, Bandeira e Drummond apresentam temas característicos de ambientes sociais diferentes. No primeiro poema, o eu lírico faz uma crítica ao ambiente rural, enquanto os outros dois refletem a realidade urbana própria da metrópole, na qual o homem e os animais são inconfundíveis.
Só os poemas dos autores pernambucanos tratam de uma temática social, enquanto o poeta mineiro menciona Deus, revelando uma preocupação religiosa intensa, própria do imaginário da região onde nasceu.
O primeiro e o terceiro poema revelam preocupação com o homem contemporâneo, quando este vive o tédio dos grandes centros urbanos. Também neles, o eu poético fala da efemeridade do tempo, tema próprio da poética de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto.
João Cabral, em Arquitetura da cana-de-açúcar, revela preocupação com o retirante nordestino, que busca na capital uma vida melhor. Tal fato se apresenta no primeiro texto, cuja temática é a mesma de Morte e vida severina, Auto de Natal pernambucano.
Os três poemas apresentam comportamentos e situações inerentes à existência de seres humanos pertencentes a classes e ambientes sociais distintos: a casa grande e a hipocrisia de seus habitantes, a cidade grande e a vida animalesca de alguns que nela vivem e a cidade do interior com seus mexericos.
Gabarito:
Os três poemas apresentam comportamentos e situações inerentes à existência de seres humanos pertencentes a classes e ambientes sociais distintos: a casa grande e a hipocrisia de seus habitantes, a cidade grande e a vida animalesca de alguns que nela vivem e a cidade do interior com seus mexericos.
(UPE/SSA 1 - 2016/ Adaptada)
Aristóteles, ao admitir a arte como recriação da realidade, também sistematizou e organizou parâmetros, em seu livro Arte Poética, para distinguir os tipos de produção literária existentes na época. Hoje denominamos esses três diferentes tipos de texto de lírico (palavra cantada), épico (palavra narrada) e dramático (palavra representada). Partindo dos conceitos acima expressos, leia os três textos a seguir:
Texto 1
Corridinho
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber
se é ou não é.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é
(Adélia Prado)
Texto 2
Enquanto isto se passa na formosa
Casa etérea do Olimpo omnipotente,
Cortava o mar a gente belicosa
Já lá da banda do Austro e do Oriente,
Entre a costa Etiópica e a famosa
Ilha de São Lourenço; e o Sol ardente
Queimava então os Deuses que Tifeu
Co temor grande em peixes converteu.
Tão brandamente os ventos os levavam
Como quem o Céu tinha por amigo;
Sereno o ar e os tempos se mostravam,
Sem nuvens, sem receio de perigo.
O promontório Prasso já passavam
Na costa de Etiópia, nome antigo,
Quando o mar, descobrindo, lhe mostrava
Novas ilhas, que em torno cerca e lava.
(Camões)
Texto 3
Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e
logo após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
Ninguém: Que andas tu aí buscando?
Todo o Mundo: Mil cousas ando a buscar:
delas não posso achar,
porém ando porfiando
por quão bom é porfiar.
Ninguém: Como hás nome, cavaleiro?
Todo o Mundo: Eu hei nome Todo o Mundo
e meu tempo todo inteiro
sempre é buscar dinheiro
e sempre nisto me fundo.
Ninguém: Eu hei nome Ninguém,
e busco a consciência.
Belzebu: Esta é boa experiência:
Dinato, escreve isto bem.
Dinato: Que escreverei, companheiro?
Belzebu: Que ninguém busca
consciência.
e todo o mundo dinheiro.
Ninguém: E agora que buscas lá?
Todo o Mundo: Busco honra muito grande.
Ninguém: E eu virtude, que Deus mande
que tope com ela já.
Belzebu: Outra adição nos acude:
escreve logo aí, a fundo,
que busca honra todo o mundo
e ninguém busca virtude.
(Gil Vicente)
Analise as afirmativas a seguir e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas.
( ) Os três textos, consoante Aristóteles, pertencem aos gêneros dramático, lírico e épico, respectivamente.
( ) O texto 2 expressa uma visão do sentimento amoroso, traduzida por uma voz lírica emotiva, que corresponde ao eu poético criado pela autor.
( ) O texto 2 traz o relato do início da viagem de Vasco da Gama, recurso usado por Camões para narrar a história do povo lusitano, em Os Lusíadas, mais célebre epopeia em Língua Portuguesa.
( ) O texto 3 é um fragmento do Auto da Lusitânia, em que o autor Gil Vicente critica os vícios humanos com base nas ações de quatro personagens: Todo o Mundo, Ninguém, Dinato e Belzebu.
( ) O texto 3 retrata uma realidade social que perdura até os dias atuais, o que justifica o fato de as peças vicentinas serem consideradas atemporal e aespacial. É a atualidade dos temas utilizados pelo teatrólogo medieval, que torna suas peças aceitas por expectadores de diferentes épocas.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.
Ver questão
(UPE - 2014)
“Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há entre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.”
“Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem nenhuma crença. E, portanto,se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.”
“Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha,nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
Partindo da leitura das três citações da Carta de Pero Vaz de Caminha, analise os itens a seguir:
I. Trata-se de um documento histórico que exalta a terra descoberta mediante o uso de expressões valorativas dos hábitos e costumes de seus habitantes, o que, de um lado, revela a surpresa dos portugueses recém-chegados, de outro, tem a intenção de instigar o rei a dar início à colonização.
II. Ao afirmar que os habitantes da nova terra não têm nenhuma crença, Caminha faz uma avaliação que denota seu desconhecimento sobre a cultura daqueles que habitam a terra descoberta, pois todos os grupos sociais, primitivos ou não, têm suas crenças e mitos.
III. Caminha usa a conversão dos gentios como argumento para atrair a atenção do Rei Dom Manuel sobre a terra descoberta, colocando, mais uma vez, a expansão da fé cristã como bandeira dos conquistadores portugueses.
IV. Ao afirmar que os habitantes da terra descoberta não lavram nem criam, alimentam-se do que a natureza lhes oferece, Caminha tece uma crítica à inaptidão e inércia daqueles que vivem mal, utilizando, por desconhecimento, as riquezas naturais da região.
V. As citações revelam que a Carta do Achamento do Brasil tem por objetivo descrever a nova terra de modo a atrair os que estão distantes pela riqueza e beleza de que é possuidora.
Estão CORRETOS, apenas,
Ver questão
(Upe 2014)
“Ali ficamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto, tamanho, tão basto e de tantas prumagens, que homens as não podem contar. Há entre ele muitas palmas, de que colhemos muitos e bons palmitos.” “Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm, nem entendem nenhuma crença.
E, portanto, se os degredados, que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade. E imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho, que lhes quiserem dar. E pois Nosso Senhor, que lhes deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens, por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa.”
“Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e frutos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
Partindo da leitura das três citações da Carta de Pero Vaz de Caminha, analise os itens a seguir:
I. Trata-se de um documento histórico que exalta a terra descoberta mediante o uso de expressões valorativas dos hábitos e costumes de seus habitantes, o que, de um lado, revela a surpresa dos portugueses recém-chegados, de outro, tem a intenção de instigar o rei a dar início à colonização.
II. Ao afirmar que os habitantes da nova terra não têm nenhuma crença, Caminha faz uma avaliação que denota seu desconhecimento sobre a cultura daqueles que habitam a terra descoberta, pois todos os grupos sociais, primitivos ou não, têm suas crenças e mitos.
III. Caminha usa a conversão dos gentios como argumento para atrair a atenção do Rei Dom Manuel sobre a terra descoberta, colocando, mais uma vez, a expansão da fé cristã como bandeira dos conquistadores portugueses.
IV. Ao afirmar que os habitantes da terra descoberta não lavram nem criam, alimentam-se do que a natureza lhes oferece, Caminha tece uma crítica à inaptidão e inércia daqueles que vivem mal, utilizando, por desconhecimento, as riquezas naturais da região.
V. As citações revelam que a Carta do Achamento do Brasil tem por objetivo descrever a nova terra de modo a atrair os que estão distantes pela riqueza e beleza de que é possuidora.
Estão CORRETOS, apenas,
(Upe 2015)
As Vanguardas europeias são movimentos artísticos e culturais, com repercussão em muitas escolas literárias brasileiras. Pode-se, inclusive, afirmar que elementos constitutivos das Vanguardas estão presentes em autores e obras da estética literária modernista. Sendo assim, diante dessa afirmativa, assinale a alternativa CORRETA.
Ver questão