(UFU - 2015 - 2a FASE)
A respeito da fortuna, Maquiavel escreveu:
[...] penso poder ser verdade que a fortuna seja árbitra de metade de nossas ações, mas que, ainda assim, ela nos deixe governar quase a outra metade.
MAQUIAVEL, N. O príncipe. Tradução de Lívio Xavier. São Paulo: Nova Cultural, 1987. Coleção “Os Pensadores”. p. 103.
Com base na citação, responda:
A) O que é a fortuna para Maquiavel?
B) Como deve agir o príncipe em relação à fortuna?
Gabarito:
Resolução:
a)
Maquiavel descreve a Fortuna como uma deusa grega que escolhe, entre os mais viris, aquele que vai conquistá-la: o de maior Virtú. Representa, assim, as circunstâncias, a imprevisibilidade dos acontecimentos, a indeterminação de parte da história; é a sorte, ou o acaso. Não deve ser evitada ou ignorada pelo príncipe, pois é implacável e onipresente; deve, então, ser conquistada por ele. O príncipe não deve, tampouco, depender da fortuna, mas fazer dela sua aliada: controlá-la, não através de força imoderada ou impensada, mas sim pela habilidade que a virtú lhe concede e a flexibilidade política.
b) Maquiavel determina que o governante deve agir segundo sua virtú para conquistar a fortuna, ou seja, deve lançar mão de suas habilidades no poder para manter a estabilidade de seu governo e a paz. Virtú é uma determinada capacidade, uma habilidade que o princípe deve ter. E esse capacidade é a de dominar a fortuna. Fortuna, aqui, pode ser entendida como o acaso, o que é meramente contingencial. Isto é, a virtude é a capacidade do princípe em controlar o acaso. Maquiavel, como um pensador pragmatista, adequa a sua filosofia à realidade como ela se apresenta, sem idealidades. Nesse sentido, a virtude é a habilidade do princípe em se adequar às circunstâncias como estas se apresentam, sem apresentar idealidades éticas, morais ou de poder, a fim de estabelecer o seu poder a partir das circunstâncias.
(UFU/MG)
Estou farto do lirismo comedido do lirismo bem comportado [...]
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
− Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
Em relação aos versos citados do poema “Poética” e à obra Libertinagem, de Manuel Bandeira, marque a assertiva INCORRETA.
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(UFU-2006) Leia o trecho seguinte, de Triste fim de Policarpo Quaresma, que reproduz um diálogo de Ricardo Coração dos Outros com Quaresma e D. Adelaide.
“Oh! Não tenho nada novo, uma composição minha. O Bilac conhecem? (...)quis fazer-me uma modinha, eu não aceitei; você não entende de violão, Seu Bilac.
A questão não está em escrever uns versos certos que digam coisas bonitas; o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja. (...)
(...) vou cantar a Promessa, conhecem? Não disseram os dois irmãos. (...)h! Anda por aí como as ‘Pombas’ do Raimundo.”
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
Parta do trecho lido para marcar a alternativa INCORRETA.
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(Ufu 2016) O jardim já vai se desmanchando na escuridão, mas Cristina ainda vê uma gravata (cinzenta?) saindo do bolso vermelho. Quer gritar de novo, mas a gravata cala a boca do grito, e já não adianta o pé querer se fincar no chão nem a mão querer fugir: o Homem domina Cristina e a mão dele vai puxando, o joelho vai empurrando, o pé vai castigando, o corpo todinho dele vai pressionando Cristina pra mata. Derruba ela no chão. Monta nela. O escuro toma conta de tudo.
O Homem aperta a gravata na mão feito uma rédea. Com a outra mão vai arrancando, vai rasgando, se livrando de tudo que é pano no caminho.
Agora o Homem é todo músculo. Crescendo.
Só afrouxa a rédea depois do gozo.
Cristina mal consegue tomar fôlego: já sente a gravata solavancando pro pescoço e se enroscando num nó. Que aperta. Aperta mais. Mais.
BOJUNGA, Lygia. O abraço. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2014. p. 82
Instantes derradeiros de O abraço, a passagem narra encontro de Cristina com o ‘Homem’. Levando-se em conta o enredo da obra até seu desenrolar nesses momentos finais, Cristina
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(UFU - 2016 - 1ª FASE)
DIONISOS DENDRITES
Seu olhar verde penetra a Noite entre tochas acesas
Ramos nascem de seu peito
Pés percutem a pedra enegrecida
Cantos ecoam tambores gritos mantos desatados.
Acorre o vento ao círculo demente
O vinho espuma nas taças incendiadas.
Acena o deus ao bando: Mar de alvos braços
Seios rompendo as túnicas gargantas dilatadas
E o vaticínio do tumulto à Noite –
Chegada do inverno aos lares
Fim de guerra em campos estrangeiros.
As bocas mordem colos e flancos desnudados:
À sombra mergulham faces convulsivas
Corpos se avizinham à vida fria dos valados
Trêmulas tíades presas ao peito de Dionisos trácio.
Sussurra a Noite e os risos de ébrios dançarinos
Mergulham no vórtice da festa consagrada.
E quando o Sol o ingênuo olhar acende
Um secreto murmúrio ata num só feixe
O louro trigo nascido das encostas.
SILVA, Dora Ferreira da. Hídrias. São Paulo: Odysseus, 2004. p. 42-43.
Ao evocar a mitologia, Dora Ferreira reativa em seu poema o mito de Dionisos. Nesse resgate do mito do deus Dionisos, o verso
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