Questão 61960

(ULBRA - 2015)

Nosso pai era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e menino, pelo que testemunharam as diversas sensatas pessoas, quando indaguei a informação. Do que eu mesmo me alembro, ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros, conhecidos nossos. Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente — minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.

Era a sério. Encomendou a canoa especial, de pau de vinhático, pequena, mal com a tabuinha da popa, como para caber justo o remador. Mas teve de ser toda, escolhida forte e arqueada em rijo, própria para dever durar na água por uns vinte ou trinta anos. Nossa mãe jurou muito contra a ideia. Seria que, ele, que nessas artes não vadiava, se ia propor agora para pescarias e caçadas? Nosso pai nada não dizia. Nossa casa, no tempo, ainda era mais próxima do rio, obra de nem quarto de légua: o rio por aí se estendendo grande, fundo, calado que sempre.

Largo, de não se poder ver a forma da outra beira. E esquecer não posso, do dia em que a canoa ficou pronta. Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação. Nossa mãe, a gente achou que ela iaesbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou: — "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!" Nosso pai suspendeu a resposta. Espiou manso para mim, me acenando de vir também, por uns passos.

Temi a ira de nossa mãe, mas obedeci, de vez de jeito. O rumo daquilo me animava, chega que um propósito perguntei:

- "Pai, o senhor me leva junto, nessa sua canoa?" Ele só retornou o olhar em mim, e me botou a bênção, com gesto me mandando para trás. Fiz que vim, mas ainda virei, na grota do mato, para saber. Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.

Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais. A estranheza dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente. Aquilo que não havia, acontecia. Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho.

Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pensaram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que, nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua família dele. As vozes das notícias se dando pelas certas pessoas — passadores, moradores das beiras, até do afastado da outra banda — descrevendo que nosso pai nunca se surgia a tomar terra, em ponto nem canto, de dia nem de noite, da forma como cursava no rio, solto solitariamente. Então, pois, nossa mãe e os aparentados nossos, assentaram: que o mantimento que tivesse, ocultado na canoa, se gastava; e, ele, ou desembarcava e viajava s'embora, para jamais, o que ao menos se condizia mais correto, ou se arrependia, por uma vez, para casa.

No que num engano. Eu mesmo cumpria de trazer para ele, cada dia, um tanto de comida furtada: a ideia que senti, logo na primeira noite, quando o pessoal nosso experimentou de acender fogueiras em beirada do rio, enquanto que, no alumiado delas, se rezava e se chamava. Depois, no seguinte, apareci, com rapadura, broa de pão, cacho de bananas. Enxerguei nosso pai, no enfim de uma hora, tão custosa para sobrevir: só assim, ele no aolonge, sentado no fundo da canoa, suspendida no liso do rio. Me viu, não remou para cá, não fez sinal. Mostrei o de comer, depositei num oco de pedra do barranco, a salvo de bicho mexer e a seco de chuva e orvalho. Isso, que fiz, e refiz, sempre, tempos a fora. Surpresa que mais tarde tive: que nossa mãe sabia desse meu encargo, só se encobrindo de não saber; ela mesma deixava, facilitado, sobra de coisas, para o meu conseguir. Nossa mãe muito não se demonstrava.

 

Qual das seguintes alternativas contém pelo menos uma palavra que NÃO é formada pela aposição de qualquer afixo?

A

Cumpridor; mocinho; tabuinha.

B

Estranheza; vergonhosa; doideira.

C

Encalcou; esbravejar; desamarrou.

D

Solitariamente; moradores; passadores.

E

Encargo; terra; condizia.

Gabarito:

Encargo; terra; condizia.



Resolução:

a) Alternativa incorreta. Há a presença dos sufixos -dor, -inho e -inha.

b) Alternativa incorreta. Há apresença dos sufixos -eza, -osa e -eira.

c) Alternativa incorreta. Há a presença dos prefixos -en, -es e -des.

d) Alternativa incorreta. Há a presença dos sufixos -mente e -dores.

e) Alternativa correta. Nenhuma das palavras possui algum afixo.



Questão 4938

(Ulbra 2016) Um gaúcho deseja tomar chimarrão, para isso vai aquecer  0,8  litros de água de 20 °C até 70 °C. Ele conta com um aquecedor de imersão que deverá ser ligado a uma fonte de 120 V. Sendo a resistência do mesmo de 30 Ω (OHMS), quanto tempo ele deverá esperar, em segundos, até que água atinja a temperatura desejada?

Considere: 

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Questão 9761

(Ulbra 2016) No capítulo Recreações Químicas, Sacks descreve suas primeiras incursões na experimentação química, como no texto abaixo.

“O livro começava com Experimentos Elementares, usando tintas vegetais para vermos como mudavam de cor na presença de ácidos e álcalis. A tinta vegetal mais comum era o tornassol, retirado de um líquen [...]. Usei papéis de tornassol que meu pai tinha em sua farmácia, e vi que se tornavam vermelhos com diferentes ácidos e azuis com amônia alcalina.” 

(SACKS, O. Tio Tungstênio: Memórias de uma infância química. São Paulo: Cia. das Letras, 2002).


O uso de tornassol ainda é bastante comum nas aulas de Química. Testando os seguintes sistemas:
I. solução aquosa de CH3COOH
II. solução aquosa de CH3NH2
III. solução aquosa de NaOH
IV. solução aquosa contendo CO2 dissolvido
V. solução aquosa de H2SO4

A cor resultante do papel tornassol será, respectivamente:

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Questão 14401

(Ulbra 2016) Os conflitos internacionais nos últimos anos se apresentam através de complexas relações e situações políticas. Nesse cenário de desagregação política, podemos citar a região do Oriente Médio, que se mostra numa situação instável e complexa desde a eclosão da Primavera Árabe. Nesse sentido, quais afirmações estão corretas?
I. A ocupação militar dos EUA, no Iraque, objetivou a queda do ditador Saddam Hussein, mas permitiu as disputas políticas internas no país, criando tensão entre grupos rivais.
II. A Síria está no meio de uma guerra civil, evento devastador, criando um número crescente de refugiados e proliferando grupos rebeldes contrários ao chefe de estado Bashar al-Assad.
III. A queda do ditador Muammar Kadafi no governo da Líbia gerou uma disputa entre milícias armadas, a busca do controle do poder na região e a exploração de recursos naturais.
IV. A expansão do estado islâmico representa uma grande ameaça, principalmente, por apresentar algumas características, como, por exemplo, as execuções em massas e a destruição de monumentos históricos.

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Questão 15848

(Ulbra 2012) Considere um retângulo de base 14 cm e altura 10 cm. Em seus vértices, estão localizados corpúsculos, sendo um de 1,0 g no vértice inferior esquerdo, um de 2,0 g no vértice inferior direito, um de 3,0 g no vértice superior direito e um de 4,0 g no vértice superior esquerdo. Qual o centro de massa desse sistema?

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