Para responder à(s) questão(ões) a seguir, considere o texto abaixo, linhas iniciais do conto “Atualidades francesas”.
No meio da noite é acordado bruscamente. É o pai que, apavorado, o sacode violentamente.
− Prenderam o Tiago, Leo! Você tem de fugir.
Atarantado, senta na cama e começa a explicar: Tiago é militante, ele não; só tomou parte em manifestações estudantis, coisas inócuas; o pai, porém, não quer saber de nada; já telefonou a um amigo, já falou com o advogado, já decidiu: o filho tem de sair do país. Imediatamente. Leo não discute. Arruma depressa suas coisas. De madrugada embarca no Colossus, com destino à França. Em Paris, aloja-se num precário hotel do Quartier Latin. Espera voltar breve, tão logo se desfaçam os temores e as apreensões. Mas não voltará breve. Seis anos se passarão; o pai morrerá e logo depois a mãe; sem parentes, sem amigos, ele já não terá motivos para retornar.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 50)
(Puccamp 2016) É adequado o seguinte comentário sobre o que se tem no trecho transcrito:
No segmento Tiago é militante, ele não; só tomou parte em manifestações estudantis, coisas inócuas, o leitor toma conhecimento da explicação por meio da voz da própria personagem.
Uma frase como É o pai que, apavorado, o sacode violentamente evidencia a presença de um narrador onisciente, pois, por exemplo, um narrador-personagem, que testemunha os fatos, não teria como ter indícios da sensação do pai.
No relato, observam-se tanto a evocação de momentos anteriores (por exemplo, Prenderam o Tiago), quanto antecipações de eventos posteriores àquele em que o pai acorda Leo.
A intensa sequência de frases curtas, que poderia ser tomada como recurso para sugerir a rapidez dos acontecimentos, perde esse valor expressivo, pois convive com frases longas, em que, por exemplo, há indícios de serenidade de espírito (Espera voltar breve, tão logo se desfaçam os temores e as apreensões).
A narrativa apresenta dois únicos espaços em que se dão as ações relatadas: o quarto de Leo – não mencionado diretamente, mas composto por dados do contexto − e o precário hotel do Quartier Latin.
Gabarito:
No relato, observam-se tanto a evocação de momentos anteriores (por exemplo, Prenderam o Tiago), quanto antecipações de eventos posteriores àquele em que o pai acorda Leo.
a) No segmento Tiago é militante, ele não; só tomou parte em manifestações estudantis, coisas inócuas, o leitor toma conhecimento da explicação por meio da voz da própria personagem.
Não, a voz é do narrador em 3ª pessoa.
b) Uma frase como É o pai que, apavorado, o sacode violentamente evidencia a presença de um narrador onisciente, pois, por exemplo, um narrador-personagem, que testemunha os fatos, não teria como ter indícios da sensação do pai.
Por ser testemunha teria sim a dimensão dos sentimentos do pai naquele momento.
c) No relato, observam-se tanto a evocação de momentos anteriores (por exemplo, Prenderam o Tiago), quanto antecipações de eventos posteriores àquele em que o pai acorda Leo.
Correto, o pai acorda Leo depois da prisão, mas no texto os acontecimentos são narrados fora da sequência cronológica normal.
d) A intensa sequência de frases curtas, que poderia ser tomada como recurso para sugerir a rapidez dos acontecimentos, perde esse valor expressivo, pois convive com frases longas, em que, por exemplo, há indícios de serenidade de espírito (Espera voltar breve, tão logo se desfaçam os temores e as apreensões).
O pequeno trecho relata uma grande parte dos acontecimentos, que vão desde a prisão de Tiago até uma possível volta de Leo depois de 6 anos, as frases curtas contribuem para tal efeito.
e) A narrativa apresenta dois únicos espaços em que se dão as ações relatadas: o quarto de Leo – não mencionado diretamente, mas composto por dados do contexto − e o precário hotel do Quartier Latin.
Outros espaços da casa são indicados, além dos lugares por onde ele passou até chegar no hotel e também o lugar onde Tiago foi preso.
Dessa maneira, a alternativa correta é a letra [D].
(PUC-SP-2001)
A QUESTÃO É COMEÇAR
Coçar e comer é só começar. Conversar e escrever também. Na fala, antes de iniciar, mesmo numa livre conversação, é necessário quebrar o gelo. Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde, como vai?” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.
No escrever também poderia ser assim, e deveria haver para a escrita algo como conversa vadia, com que se divaga até encontrar assunto para um discurso encadeado. Mas, à diferença da conversa falada, nos ensinaram a escrever e na lamentável forma mecânica que supunha texto prévio, mensagem já elaborada. Escrevia-se o que antes se pensara. Agora entendo o contrário: escrever para pensar, uma outra forma de conversar. Assim fomos “alfabetizados”, em obediência a certos rituais.
Fomos induzidos a, desde o início, escrever bonito e certo. Era preciso ter um começo, um desenvolvimento e um fim predeterminados. Isso estragava, porque bitolava, o começo e todo o resto. Tentaremos agora (quem? eu e você, leitor) conversando entender como necessitamos nos reeducar para fazer do escrever um ato inaugural; não apenas transcrição do que tínhamos em mente, do que já foi pensado ou dito, mas inauguração do próprio pensar. “Pare aí”, me diz você. “O escrevente escreve antes, o leitor lê depois.” “Não!”, lhe respondo, “Não consigo escrever sem pensar em você por perto, espiando o que escrevo.
Não me deixe falando sozinho.” Pois é; escrever é isso aí: iniciar uma conversa com interlocutores invisíveis, imprevisíveis, virtuais apenas, sequer imaginados de carne e ossos, mas sempre ativamente presentes. Depois é espichar conversas e novos interlocutores surgem, entram na roda, puxam assuntos. Termina-se sabe Deus onde.
(MARQUES, M.O. Escrever é Preciso, Ijuí, Ed. UNIJUÍ, 1997, p. 13).
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Observe a seguinte afirmação feita pelo autor:
“Em nossa civilização apressada, o “bom dia”, o “boa tarde” já não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol.”
Ela faz referência à função da linguagem cuja meta é “quebrar o gelo”.
Indique a alternativa que explicita essa função.
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(Pucpr 2004)
"Aula de Português"
A linguagem na ponta da língua,
tão fácil de falar e de entender.
A linguagem na superfície estrelada das estrelas,
sabe lá o que ela quer dizer?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: "Poesia e Prosa". Rio: Nova Aguilar,1988.)
Em relação às duas estrofes do poema "Aula de Português", de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA:
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(Puccamp 2016) Comenta-se corretamente sobre o que se tem no trecho.
A questão a seguir refere-se ao trecho do capítulo 2 da obra Ginástica doce e yoga para crianças: método La Douce.
CAPÍTULO 2 (O CORPO)
Conhecer bem o corpo para fazê-lo trabalhar melhor
Cinco extremidades: a cabeça, as mãos, os pés
Para comunicar-se com tudo que a cerca, a criança usa a cabeça, as duas mãos e os dois pés. A cabeça permite-lhe ter acesso a todas as informações disponíveis. Sede do cérebro, ela fornece os recursos necessários para bem compreender seu ambiente. É igualmente através desta parte do corpo que penetram duas fontes de energia: o ar e o alimento. A cabeça se articula através do pescoço. Corredor estreito entre o cérebro e a parte inferior do corpo, o pescoço deve ser flexível para facilitar a qualidade das trocas. As mãos e os pés são verdadeiras antenas. Sua riqueza em terminações nervosas e vasos sanguíneos, assim como a possibilidade das inúmeras articulações, fazem deles instrumentos de extraordinária precisão.
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(Puccamp 2016)
Editorial
Na rotina de mãe de quatro filhos, a escritora israelense Ayelet Waldman começou a detectar em si mesma e em outras mães que conhecia uma ansiedade persistente, disparada pela frustração de não corresponder às próprias expectativas em relação à maternidade. Para piorar seu tormento, 1aonde quer que fosse, encontrava mulheres sempre prontas a apontar o dedo para seus defeitos, numa espécie de polícia materna, onipresente e onisciente. Em uma conversa deliciosa com a Revista em Dia, Ayelet discorre sobre as agruras das mães ruins, categoria na qual hoje se encaixa, e com orgulho. 2E ajuda a dissipar, com humor, o minhocário que não raro habita a cabeça das mães. Minhocário que, aliás, se não for bem administrado, pode levar a problemas muito mais sérios. 3É o que você verá na reportagem da página 14, que traz o foco para a depressão durante a gravidez. Poucos sabem, mas a doença pode ser deflagrada nessa fase e é bom que tanto as gestantes como outras pessoas ao redor fiquem atentas para que as mulheres nessa situação possam receber o apoio necessário. A revista também traz temas para quem a maternidade já é assunto menos relevante 4nesse momento da vida. Se você é daquelas que entraram ou consideram entrar na onda da corrida, terá boas dicas na página 18. 5Caso já esteja reduzindo o ritmo, quem sabe encontre inspiração para espantar a monotonia na crônica da página 8. Esperamos, com um grãozinho aqui, outro ali, poder contribuir um pouco para as várias facetas que compõem uma mulher saudável e de bem consigo mesma.
Comenta-se com correção:
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